Fabiano estava acomodado no bar do restaurante Applebee's, no Barra Shopping, quando Tarciso lhe viu a caminho do local reservado para a terceira edição do ZH Esportes Bar.
- Tá lá a fera! - exclamou o ídolo gremista, que recebeu como resposta um sorriso largo e um aceno de mão.
Foi assim, em clima ameno e de cordialidade, que os dois convidados participaram do bate-papo mediado por Diogo Olivier e com a participação de Luiz Zini Pires e Leonardo Oliveira.
Na pauta, as lembranças dos ídolos em trajetórias recheadas de vitórias marcantes e títulos. Tarciso ostentando seu recorde de jogos com a camisa tricolor - 721, ao longo de 13 anos com títulos da Libertadores e do Mundial pelo caminho. Fabiano e seus Gre-Nais marcantes nos anos 1990 - principalmente em 1997, quando marcou o gol do título do Gauchão e foi o herói do clássico dos 5 a 2 pelo Brasileirão.
Especialistas da ponta direita, velozes e dribladores, os dois falaram, entre outros temas, sobre a função desses jogadores no futebol de ontem e hoje.
- Que bom que está voltando aquela figura chamada ponta. Se tu não tem essa jogada aguda pelo fundo, é muito difícil a sobrevivência de centroavante. A figura dele fica apagada no jogo. Eles são fomentados pelos alas, que têm característica de ponteiro. Não sabem marcar. Eu também não sabia (risos) - analisou Tarciso.
- Eu fui dos últimos ponteiros dentro do futebol brasileiro. Vi muitos jogarem, como o Renato, Muller, Mario Tilico, Mirandinha. Na época que eu comecei, era muito mais fácil pra mim. Era aquilo que me movia, o drible, a corrida. Hoje é difícil ver um atacante fazer isso. Espero que voltem os pontas, sendo alimentados pelos meias. Vai ser muito melhor para todas as equipes - completou Fabiano.
Histórias curiosas de um tempo mais romântico do futebol também vieram à tona durante o debate. Fabiano lembrou de quando teve de simular uma lesão para gerar dúvidas no Grêmio antes do clássico final do Gauchão de 1997:
- Só perguntava em que joelho eu botava a mão na hora que eu caí no chão...- divertiu-se o ídolo colorado.
Já Tarciso se recordou do pênalti perdido na final do Gauchão de 1977, no ano em que o Grêmio quebrou a sequência de oito anos de Estaduais do rival.
- O estádio para no momento que tu colocas a bola na marca. Tu ficas em uma briga com teu próprio cérebro. Quando cheguei em cima da bola, troquei o lado. O Benitez saiu, a bola pro outro. E a bola pra fora. Aí veio o Tadeu Ricci, maravilhoso, e disse: fica tranquilo. O André Catimba me deixou tranquilo, disse que ia fazer o gol. Ele fez e depois foi só festa - lembrou.
O clima cordial ficou ainda mais evidente quando um dos leitores de ZH presentes provocou os ex-jogadores e pediu que apontassem pontos positivos no rival.
Tarciso se desmanchou em elogios a Valdívia:
- Eu vi um gol dele que eu disse, logo depois: "Esse menino vai ser um dos grandes jogadores da Copa da Rússia".
Fabiano tratou de passar o favoritismo do próximo Gre-Nal para o outro lado.
- O Grêmio é um time muito forte. Me parece o favorito no Gre-Nal - ao que foi interrompido por Tarciso, incomodado ao ver seu Grêmio com a etiqueta que todos querem evitar antes do clássico.
A rivalidade, por mais que seja em clima de paz, não morre nunca.
*ZHESPORTES