Vi na maratona de Nova York. Milhares de pessoas correndo por causas. As mais diversas. E essas causas se traduziam em imagens e frases estampadas nas camisetas. Fotos de um filho que venceu a doença, do marido morto na guerra. "Palestina livre", "Israel vive", "Ajude a combater o câncer", "Viva os bombeiros voluntários". Tinha de tudo.
O tempo passava mais rápido enquanto eu lia e tentava entender as mensagens de boa parte dos 50 mil corredores que largaram na ponte Verrazano-Narrows, em Staten Island. Tinha também um coreano vestido de Jesus e carregando um enorme crucifixo. Passei por ele no Brooklyn. Não sei se ele completou a prova. Acho que sim. A fé é um combustível poderoso.
Tenho pensando nisso nos últimos dias. Leio, vejo e ouço as notícias de Brasília. Virar presidente, governador ou prefeito deveria ser uma maratona e não um pique na 100 metros. Treinos longos, foco, disciplina.
Hoje, só vejo que a passada se acelera. Todos querendo a mesma coisa: poder. Não há causas, não há propósitos maiores, não há sequer emoção. E por isso, não há solidariedade nem o senso de que competir por competir é pouco, é quase nada.
Se você estivesse agora na largada de um prova. De 5, 10, 21 ou 42k. Qual seria a sua causa? Os desabrigados pela chuva? Os refugiados sírios? Sua banda favorita? Um amigo doente? A minha talvez, fosse "uma causa para quem acha que o poder é a única causa". A corrida nos ensina. Chegar não é o mais importante. A pressa atrapalha. O mais importante é chegar bem.
Tem vídeo novo! Dessa vez eu mostro a quantidade absurda de acessórios dos quais me tornei dependente na hora de correr:
*ZHESPORTES