Atrás das cabines de transmissão da Arena Gustavo Kuerten no Costão do Santinho, em Florianópolis, e rindo da quantidade de cabelos brancos, fruto dos filhos pequenos Maria Augusta e Luiz Felipe, Guga atendeu ao jornal LANCE! e falou sobre Rafael Nadal, Roger Federer, Novak Djokovic e sua tristeza com os rumos do esporte e da política no país.
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Gustavo, que ganhou Roland Garros três vezes, comentou a atual má fase de Rafael Nadal que não passou das quartas em um Grand Slam este ano e somou três títulos, um ATP 500 e dois ATP 250. Nadal vive uma série de problemas físicos concentrados no joelho.
- É pouquíssimo provável que ele consiga ser o número um do mundo ou mesmo ganhar um Grand Slam, principalmente com as atuações dos outros caras - disse Guga, que explicou - O nível de performance dele está comprometido. Se ele estiver, amuado, nervoso, com cãibras, ele vai dar um jeito, mas se no nível de performance dele não estiver mais 100% não tem o que fazer.
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Guga fez um comparativo da situação do espanhol com suas lesões no quadril.
- Eu comparo um pouco com a minha atuação depois da primeira cirurgia. A dor não era problema, mas se eu não consigo correr direito é um baita problema. Se não consigo apoiar o pé direito, minhas chances começam a diminuir 15 ou 20%. No caso dele, ele não pode pegar o Djokovic no caminho, tem que ganhar em dois, três sets, porque jogar cinco sets, o que antes favorecia ele, hoje já é uma dificuldade. Em 2004, Roland Garros bateu na trave para mim. O Gaudio não era um cara que ganharia de mim em uma situação normal, mas respondia bem meu saque, me fazia correr mais. Naquela condição, eu preferia pegar o Federer, que era o número um, do que o Gaudio que trazia muitas dificuldades para mim - declarou.
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Mesmo assim, Guga deixa uma ressalva sobre o tenista espanhol.
- Hoje o Nadal depende desses fatores, mas é um cara extraordinário. Eu não esperava que fosse chegar ao melhor do mundo na retomada dele naquele mesmo ano em 2013 e ele foi. Então tem que deixar esse asterisco como ponto de observação. O cara é de outro planeta. Acabado ele não está porque ganhou três, quatro torneios no ano. Mas talvez acabado em relação a Grand Slam - ressaltou Guga.
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Recentemente, Roger Federer perdeu sua segunda final consecutiva de Grand Slam diante de Novak Djokovic, desta vez no US Open. Para Kuerten, a situação do suíço contra o sérvio é bem difícil.
- Melhor de cinco sets contra o Djokovic ele precisa jogar tudo e o Djokovic não pode jogar tudo. Envolve físico e técnico. Mesmo perdendo um set ainda fica parelho, pode se recuperar, não é bloqueio do Federer e sim capacidade do Djokovic em superar um cara extraordinário como o Federer. O que o Federer podia fazer naquela final? Não tinha o que fazer mais - analisou.
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Kuerten não tem certeza se o sérvio alcança a marca de Federer com 17 Majors, mas aposta que chegará perto.
- No início do ano me arriscava a prever que ele chegaria bem próximo do Federer. Ele bateu na trave para ganhar os quatro Grand Slams esse ano. A diferença dele para os outros é tamanha que às vezes até jogando o 80% dele, consegue ganhar um Slam, e dá margem de vantagem absurda. É pouco provável que consiga passar o Federer, mas nos próximos três anos pode ganhar mais uns seis até porque não tem nenhuma grande promessa. Talvez o Murray que possa acompanhar, mas para o Federer e Nadal está cada vez mais difícil - finalizou.
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*LANCEPRESS
Entrevista
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