- Se a gente for falar de títulos aqui, vamos virar múmias.
A brincadeira de Dinho durante o bate-papo de uma hora e meia com Tinga e mediado pelo colunista de ZH, Diogo Olivier, dá ideia do peso das trajetórias dos dois convidados da segunda edição do ZH Esportes Bar. Não faltaram histórias saborosas dos dois ídolos da Dupla e lembranças de seus momentos mais gloriosos.
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A começar pela relação entre os dois, que jogaram juntos quando Tinga iniciou a carreira no Estádio Olímpico. O campeão da Libertadores de 2006 se recordou que Dinho foi responsável por comprar seu primeiro desodorante importado:
- A gente ia jogar a Supercopa contra o River e o pessoal estava todo no Duty Free, comprando perfume. Eu não tinha dinheiro para aquilo. O Dinho viu e me disse: "escolhe um pra ti".
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Não faltaram palavras elogiosas de um ao outro. Tinga caracterizou o ídolo gremista, campeão da Libertadores de 1995, como um volante que não apenas marcava com firmeza, mas também dava o "passe firme", que encontrava o meia para ele dar seguimento às jogadas. Dinho devolveu citando Tinga como um líder tão ciente do que acontecia em campo que era capaz de mudar orientações do treinador ao ver que elas não davam resultado em campo.
Os jogos inesquecíveis dos ídolos também entraram na pauta, principalmente quando os cerca de 90 leitores de ZH presentes fizeram suas perguntas.
- Eu lembro da final do Brasileirão contra a Portuguesa. A gente precisava ganhar por 2 a 0 e eu disse para o Luiz Felipe: "me tira e põe o Aílton" - disse o ex-volante gremista, lembrando a substituição que colocou em campo o autor do gol do título. Já Tinga não se esquece da primeira conquista colorada na Libertadores:
- Eu me formei no Grêmio, mas nunca escondi que sou colorado. Hoje se fala em clubes que ficam cinco, seis anos sem conquistar títulos. Imagina um clube do tamanho do Inter que nunca tinha conquistado um título continental? Foi algo muito especial.
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Mesmo que o passado de títulos tenha dominado o papo, não faltaram avaliações dos convidados sobre o momento atual do futebol. Falaram sobre a função dos volantes e o planejamento dos clubes.
- O ideal é ter todos os jogadores que saibam fazer as duas coisas. Mas algumas coisas mudaram aqui, principalmente os campos. Os 10 jogadores, hoje, quando têm a bola, marcam. Hoje quem tem um pouco de tranquilidade com a bola são os zagueiros e os volantes. Esses caras precisam saber jogar para aproveitar - disse Tinga.
- Hoje o futebol é muito rápido. Facilitou muito para quem sabe jogar, quem tem bom passe, bate bem na bola. Hoje o cara que faz uma coisa só está fora. Tem que marcar e jogar - concordou Dinho.
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"Eu sabia que ele era capaz. A gente, que conhece futebol, sabe quando alguém é capaz. A oportunidade dele chegou e com certeza ele está abraçando isso. O time está em um caminho certo", Dinho.
"A gente conversa muito sobre futebol e eu sei exatamente como ele pensa. Quem conhece sabe que ele estudou muito, já jogando era um cara "chato" na parte tática. Trocando meia dúzia de palavras com o cara já se vê que ele entende", Tinga.
FUTURO COMO TÉCNICO?
"Eu tenho o sonho de me firmar como treinador. Tive uma experiência em Mato Grosso. Parei e me envolvi com a política. Não sou muito de estudar, pegar um livro e ler sobre tática. Sou mais do olho no olho, mais o estilo do Luiz Felipe. Hoje, se quisesse entrar no meio do futebol, claro que pegaria um livro e estudaria. É preciso se aprimorar", Dinho.
"Eu não tenho planos. Tenho certeza que conseguiria tocar. Mas o treinador tem que gostar de estudar sempre o futebol. Sem demagogia, estaria próximo dos três melhores, que também não tem muitos. Talvez eu tivesse preguiça para me manter atualizado. Treinador tem que gostar de olhar jogo", Tinga.
TROCAS DE TÉCNICOS
"Sem estar dentro do ambiente, não se sabe o que está se passando. Muitas vezes se vende algo para fora e a gente acha que o culpado é o treinador. É muito vago falar se tinha que trocar ou não. A mudança de futebol não vem pelo campo. A gente acha que tem que mudar, na hora do crise, pelo campo, quando o comando tem que vir lá de cima", Tinga.
QUALIDADE TÉCNICA
"Eu tenho vontade de pular da arquibancada e ir para o campo vendo alguns jogadores sem condições de jogar em times como Inter e Grêmio. Às vezes prefiro ficar em casa, assistir em casa. Lá na arquibancada eu sofro muito mais", Dinho.
APOSENTADORIA
"Joguei até 35 anos. Vai fazer 13 anos que eu parei de jogar. Eu, felizmente, parei quando tinha de parar. Alguns colegas nossos ficam pulando de time para time, e o que de bom fizeram acaba se apagando. Quando você passa a jogar nesses times considerados pequenos, vai vendo que a realidade é totalmente diferente", Dinho.
"Eu tinha esse temor. Sempre joguei projetando esse momento. Faz três meses que eu parei, até agora não senti essa "morte" que falam. Sabia que eu tinha um tempo determinado para parar. Fui em dois jogos no Beira-Rio nessa Libertadores, e, quando eu vi o clube, o envolvimento todo de Libertadores, senti um pouco a vontade de estar ali", Tinga.
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