O Corinthians, através do superintendente de futebol, decidiu abrir guerra contra a Libertadores. Sonho de consumo corintiano por muitos anos, a competição virou alvo do dirigente pelo valor considerado baixo de cotas de televisão e premiação.
- O que a Libertadores paga para os clubes brasileiros é uma vergonha. Então, acho que os clubes brasileiros com chances, que normalmente disputam a Libertadores, tinham que abrir mão de disputar - disse Andrés durante evento no Rio.
Segundo Andrés, a ideia é discutir a medida de forma mais profunda na comissão de clubes, formada pelos dirigentes após eleição. Em jogos da fase de grupos da Libertadores, a Conmebol repassa US$ 900 mil por mando de jogo (são três). A questão é que o gasto com passagens e hospedagens são altos, como pondera o presidente do Atlético-MG, Daniel Nepomuceno, sem, no entanto, defender o boicote.
- Não tem ninguém contra a Libertadores. Isso não existe. Dá perfeitamente para disputar. Mas eu concordo que a remuneração poderia ser melhor. Em comparação, a receita líquida é menor do que o Estadual. Na Libertadores, os custos são muito altos, como viagens e hospedagens. A premiação por título até é boa, mas a questão é o contrato da TV. O que dá para fazer se o contrato da Conmebol é ruim? - afirmou.
Para Andrés, o torcedor do Corinthians não se importaria caso o clube abdicasse do direito de jogar a Libertadores.
- Não é boicote. Não quero disputar a competição, porque não me remunera o suficiente. Se mudar a remuneração, o Corinthians volta a jogar. O torcedor quer ganhar qualquer campeonato. A Libertadores o Corinthians já ganhou - completou, atacando ainda o silêncio da Conmebol sobre o tema:
- É o que eles querem e acabou. É uma vergonha, tanto é que você vê o que aconteceu na Conmebol. Apesar de o Napout (Ángel Napout), que é o presidente hoje, ser um cara do bem, tem contratos vigentes. Na Conmebol não se conversa nada. Quer? Quer. Não quer? Vai embora. Por isso que os clubes brasileiros têm que tomar uma atitude. O Corinthians vai.
Quanto foi pago aos mandantes em 2015:
Primeira fase: US$ 250 mil
Fase de grupos: US$ 900 mil
Oitavas de final: US$ 550 mil
Quartas de final: US$ 650 mil
Semifinal: US$ 700 mil
Vice-campeão: US$ 1 milhão
Campeão: US$ 2,3 milhão
Globo se esquiva sobre boicote, mas torce por mais verba para clubes
Um dos palestrantes do Jurisports, evento de direito desportivo que ocorreu ontem no Rio, o diretor executivo de esportes da Globo, Marcelo Campos Pinto, ao ser indagado diretamente pela reportagem sobre o tema, preferiu não comentar a proposta de Andrés Sanchez.
- Eu não tenho opinião sobre isso. É um tema dos clubes. Essa discussão é em outro lugar - disse ele, ressaltando que não interfere no assunto até porque é a Fox Sports a emissora que detém os direitos de transmissão.
No entanto, o executivo da emissora defendeu, durante a palestra, uma melhor remuneração aos clubes nas competições.
- Se os clubes puderem ser melhores aquinhoados, é o melhor porque os clubes são a célula mátria do futebol - opinou, ao ser perguntado se a Globo se interessava em verificar a questão do investimento em direitos comerciais das competições da Conmebol pelo escândalo que levou a prisão ex-presidente da entidade e José Maria Marin, da CBF:
- A Globo não tem posicionamento oficial. Mas eu diria que tem gente com competência suficiente para fazer investigação. Esse não é o nosso business. Existem intermediários em vários torneios. Você compra todas as emissoras de televisão do mundo. Compra-se de quem é o detentor. As negociações são sempre muito duras. Quem vende quer mais dinheiro e quem compra quer pagar o que cabe no seu bolso.
Como revelou o diretor geral dos canais Fox no Brasil recentemente, não são os executivos da empresa no país que discutem as premiações e cotas com os clubes brasileiros. A Fox sabe da demanda por um repasse maior na Copa Libertadores.