Aos 32 anos, o artilheiro isolado da Série C rejeitou um contrato mais longo e rentável, em uma divisão superior, em respeito ao sonho xavante. Leandrão chegou ao Brasil-Pel para a disputa do campeonato após marcar sete gols no Gauchão com a camisa do Novo Hamburgo. Em pouco tempo no sul do Estado, conquistou o coração do torcedor. Em 11 jogos, soma 10 gols, três deles marcados nos seis minutos finais da partida contra o Londrina.
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Em entrevista a ZH, o mineiro de Uberlândia conta os motivos que lhe fizeram rejeitar o Ceará, que acabou levando seu companheiro de ataque Alex Amado, e fala sobre a carta que recebeu do filho de um torcedor com doença terminal:
Por que você rejeitou a proposta do Ceará? Ela não era superior ao que recebe no Brasil-Pel?
A gente tem que aproveitar estes momentos bons. Recebi uma proposta do Ceará, eles pagariam a multa (cerca de R$ 300 mil), mas eu pensei mais no lado profissional. Fiz uma aposta no clube e, em especial, em mim. Achei que poderia me valorizar mais até o final do ano se continuar da mesma maneira que venho jogando. Deixei para pensar em um contrato com outra equipe, ou até mesmo com o Brasil, só no final do ano. Para o clube seria uma proposta boa. Para mim, também. Mas nada muito alto, com valores irrecusáveis.
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A possibilidade de o Brasil-Pel subir à Série B e a proximidade do rebaixamento do Ceará foram fatores que fizeram você permanecer?
Sim. Deixei bem claro para o pessoal do Ceará, e acho que entenderam a maneira que tentei me expor. Claro que é difícil dizer "não" para uma equipe como o Ceará, com muita força no cenário nordestino. Também expliquei que se fosse para lá teria que retomar tudo o que consegui até agora. Ia chegar em um clube com uma pressão muito grande, você não sabe como seriam os primeiros jogos, se a torcida teria paciência. O trabalho do Rogério (Zimmermann) e da diretoria também pesou bastante. Estamos em primeiro do grupo, mas na segunda fase é outro campeonato. É só olhar o Fortaleza, que vem se classificando nos últimos anos e não consegue subir.
É uma situação semelhante ao início da Série C, quando você tinha propostas do Juventude e do Caxias. O que lhe fez escolher o Brasil-Pel?
O momento de ascensão do clube. Em três anos, conseguiu o acesso à primeira divisão do Campeonato Gaúcho, duas vezes campeão do Interior. E eu tinha enfrentado o Brasil no Gauchão, via a maneira de jogar, o potencial do grupo, conhecia o treinador (Rogério Zimmermann)... Então, apostei nisso. Até agora, acho que foi uma boa escolha.
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Você já passou por muitos clubes. Já havia vivenciado uma situação como essa, de chegar e conquistar o torcedor tão rápido?
No Botafogo, em 2003, conseguimos o acesso à Série A. No ABC, em 2010, conseguimos o acesso à Série B e ainda fomos campeões da Série C. Mas aqui foi muito rápido. Nem os torcedores esperavam, tendo o Nena como titular por muito tempo, sempre fazendo gols. Tive a oportunidade de entrar em um jogo e fazer três gols (contra o Londrina), continuei na reserva, entrei de novo e fiz mais. A partir daí foi o momento que virei titular. Tive uma sintonia bem boa com o torcedor, até no meu dia a dia na cidade. A humildade também conta muito, a simpatia, a educação. Isso trouxe eles para o meu lado. Para mim, dentro de campo, já entro com autoestima elevada.
E agora são 10 gols em 11 jogos e artilheiro da Série C...
Recebi uma mensagem que entrei também na lista dos artilheiros do ano. Fiz sete gols no Gauchão. Espero continuar com essa fase até o final da temporada.
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Antes do jogo contra o Juventude (vitória por 3 a 2), você recebeu uma carta de um torcedor que falava sobre um problema cardíaco terminal do pai, e que a última alegria que tiveram juntos foi quando você marcou os três gols contra o Londrina. Foi mais uma motivação?
Nós estávamos no ônibus, viajando, e ele me mandou uma mensagem dizendo que o pai tinha passado por uma cirurgia, estava em coma e não ia resistir. Me coloquei no lugar dele. Não sei se conseguiria escrever uma carta a um jogador de futebol. Aquilo me comoveu bastante. Achei que poderia fazer uma homenagem naquele momento e postei. No dia seguinte teve o jogo, parece que foi coisa de Deus. Consegui fazer dois gols, um deles o da vitória, e dediquei a ele, à família. Depois a gente se falou, ele agradeceu e disse que isso confortou um pouco o sofrimento.
*ZHESPORTES
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