O domingo começou com medalha para Santa Maria nos Jogos Pan-Americano de Toronto. O santa-mariense Gilvan Ribeiro, que integra a seleção brasileira de canoagem, garantiu a primeira medalha da cidade. Ao lado de Roberto Maehler, Vagner Souta e Celso Dias, a equipe masculina de canoagem velocidade - K4 1000m conquistou a terceira medalha de prata do país na competição, sendo a quinto no total.
_ Essa medalha é para fazer Santa Maria sorrir como ela merece. É para mostrar que o esporte da nossa cidade deve ser respeitado _ comemorou Gilvan, que dedicou a vitória para a filha recém-nascida, para a família e para a cidade (leia abaixo o relato dele nas redes sociais).
Em 2011, o atleta já tinha conquistado medalha de bronze nos jogos Pan-Americanos do México.
Gilvan, ao lado do irmão Givago, é um dos idealizadores da Associação Santa-mariense de Esportes Náuticos (Asena). Além da dedicação ao esporte, o atleta também desenvolve trabalhos sociais, de esportes náuticos e educação ambiental com crianças e adolescentes em situação de risco em Santa Maria.
O atleta é pai recentemente. Em Santa Maria, a mulher Jaiana e a filha Clara, com 16 dias de vida, ficaram na torcida e comemoram a conquista:
_ Estamos bem felizes, porque foi bem difícil ele ter ficado longe durante a gravidez, e ter viajado pouco depois de a Clara nascer. Foi uma recompenta _ conta Jaiana.
Acompanhe o 6º dia de competições dos Jogos Pan-Americanos em Toronto
A medalha de ouro ficou com Cuba, com um tempo de prova de 3:01.744 - diferença de 0.125 para o Brasil. Já a Argentina garantiu o bronze.
Veja um relato que o atleta de Santa Maria publicou no Facebook comemorando a medalha:
....ontem o sono teimava em não vir, a noite foi longa. Eu já disse: atleta é forte mas não é feito de ferro, somos orgânicos, somos coração também. Meu lado emocional me testou como nunca essa semana. Lá no Brasil as minhas princesas precisavam de mim, mas eu tinha que cumprir a minha missão. O time precisava de mim aqui! Na quinta de manhã não consegui terminar o treino, o remo estava mais pesado do que deveria. Meus colegas perceberam que eu não estava bem, voltei para o hotel e me isolei. Nosso time estava focado e unido, sabíamos que a luta seria dura, mas em nenhum momento deixamos de acreditar. E eu, durante toda semana tentando me manter forte. Chegou o grande dia. Acordei cedo, tomei café e fui para o lago. Fizemos o pré-aquecimento na água cerca de uma hora antes, o barco respondeu bem. Minha mente tentava fugir e eu lutava para manter ela presente e tranquila. Falta pouco, últimos detalhes. Coloquei o uniforme e quando olhei para a bandeira do Brasil pude sentir a energia que chegava até aqui. ''Faltam 20 minutos'', disse o treinador. Chegou a hora! Limpa a mente, limpa a mente! Um estado de transe toma conta. Conseguia ouvir o barulho de uma folha caindo no chão e ao mesmo tempo um silêncio frio e enérgico pairava no ar. Meus amigos, isso daqui é um exercício de autoconhecimento extremo. Colocamos o barco na água, vamos para a linha de largada. Lá embaixo, a torcida do Canadá esperava ansiosa para apoiá-los. Do nosso lado direito, o barco de Cuba e no esquerdo, os Argentinos. Pronto, desliga tudo. Só posso olhar para o meu companheiro Celso e seguir perfeitamente a sua remada durante mil metros. Ordem de largada foi dada! Saímos bem mas perdemos uma distancia perigosa no começo. Mantém a calma, acredita! Metade da prova e estamos ainda atrás. O Canadá sobe forte e os argentinos também. 300m finais... com um breve grito, dou o comando de subida. A guarnição entende e reponde com muita força. Falta pouco, os barcos da ponta começam a travar. Nos aproximamos rapidamente. Eu olho para o lado e vejo o Canadá ficando, a torcida enlouquece. Estamos buscando a prata. Começo a ver o barco de Cuba perdendo velocidade, já não tinha forças pra gritar; 100m finais, passamos os argentinos, vamos, vamos, vamos.....É PRATA! É PRATA nos JOGOS PAN AMERICANOS! Eu pude ver o sorriso brilhante da Clara dizendo: Papai, você conseguiu, você conseguiu. Consegui, minha filha. E quero que você olhe para essa medalha daqui alguns anos e tenha certeza de que você foi a minha principal inspiração. Obrigado aos meus pais Cristina Bitencourt Ribeiro e Jorge Ribeiro, vocês são meu porto seguro. Minha namorada Jaiana Garcia, meu tesouro. Meu irmão Givago Ribeiro, meu eterno parceiro. Aos meus AMIGOS, todo meu respeito e gratidão. Aos meus colegas de equipe, sem vocês eu não conseguiria. E para a minha cidade Santa Maria querida, que seja um motivo pra sorrir. Nossa gente tem muito valor, nosso esporte tem muito valor!