Anderson Pereira de Oliveira já recebeu em dólares. Hoje, desempregado, mantém a forma jogando a Série Prata do Campeonato de Futebol Sete de Porto Alegre. Para complementar a renda familiar, conta com ajuda da mulher, secretária em uma universidade.
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O atacante de 25 anos, que mora no bairro Partenon, deixou o Cruzeiro após a eliminação nas quartas de final do Gauchão. Mesmo ainda jovem, garante que conseguiu guardar dinheiro suficiente para sobreviver a períodos sem clube e sem contracheque.
Artilheiro do Gauchão vive dias vazios sem o gol pela frente
Afirma que teve proposta de um clube da Divisão de Acesso, mas recusou. Havia promessa de um contrato melhor no Rio de Janeiro, que acabou não vingando.
Sem clube, volante virou sócio de loja de autopeças
- Quando você está empregado, tem que saber administrar. O segundo semestre é mais complicado para jogadores de time pequeno. Em muitos lugares do Interior, tu acabas não recebendo. Gasta mais estando fora do que em Porto Alegre - comenta Anderson.
Foto: Marcelo Oliveira
Anderson iniciou no futebol atuando no Grêmio, em 2001. Mais tarde, passou por São José-Poa, times do Paraná e São Paulo. Em 2008, chegou a trabalhar com o grupo principal do Fluminense, à época comandado por Renato Portaluppi.
Grifes do Interior também sofrem com o desemprego
Três anos depois, passou 10 meses no Irã, onde teve dificuldades com a língua e a solidão. Mas pôde fazer o pé de meia com os petrodólares do Oriente Médio. Conseguiu dar uma casa para a mãe em Cachoeirinha. De volta ao Brasil, passou pelo Boa, de Minas Gerais, e retornou ao Rio Grande do Sul.
Divisão de Acesso é a salvação depois do fim do Gauchão
No dia em que conversou com a reportagem de Zero Hora, Anderson participava de um jogo-treino de seu time em uma quadra sintética na zona sul de Porto Alegre. A equipe se preparava para um torneio no fim de semana seguinte. Fazia frio, mas o jogo era quente. Até que uma pegada mais forte foi o suficiente para iniciar uma briga generalizada. Anderson se afastou.
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Foto: Marcelo Oliveira
- O futebol sete me mantém jogando, treinando. Não é muito, mas dependendo dos jogos, consigo ganhar um dinheirinho bom. Aí equilibra - pondera. - O problema é que fico sujeito a me lesionar em um treino como este e ter que ficar muito mais tempo parado - admite.
Sindicato define desemprego no futebol como "descarte de homens"
O atleta lamenta que teve "azar" com empresários, por isso mantém apenas um agente que lhe ajuda na busca por clubes. A tratativa que mais lhe enche os olhos é uma oportunidade no futebol de Malta, um minúsculo arquipélago ao sul da Itália, com menos de 500 mil habitantes.
- Tenho um pensamento muito fixo de daqui a dois ou três anos não estar passando mais por isso. Tenho muita vontade de jogar fora de novo. A começar pelo ano inteiro de contrato. O futebol é uma carreira incerta. Contratos de quatro, cinco meses não têm estabilidade alguma. Eu ainda não tenho filhos, mas tenho família. E as contas não esperam - resume Anderson.