Com as prisões e revelações das autoridades americanas sobre o mundo do futebol, inaugurou-se uma era de incertezas. Já não se sabe o que vai acontecer com as principais competições do mundo da bola, nem qual será o futuro de quem está no poder. Para tentar traçar possíveis cenários, ZH ouviu especialistas em direito, marketing e gestão esportiva. Confira.
Entenda os impactos...
...no futebol brasileiro
...na Copa do Mundo
...na Fifa
Futebol sul-americano
A frase de um advogado, que não quis se identificar à reportagem, mostra o peso das investigações sobre o futebol sul-americano.
- A julgar pelo relatório da investigação, pode cair todo mundo, todos os dirigentes de federações nacionais da América do Sul. A Copa América pode ficar acéfala de dirigentes - dispara, antes de completar:
- Este processo provavelmente vai demorar. Se algumas figuras não foram citadas é porque não havia indícios suficientes, mas farão parte dos desdobramentos das investigações.
O advogado refere-se aos detalhes revelados pelo FBI sobre as propinas pagas em contratos da Copa América. José Maria Marin consta como receptor de US$ 3 milhões (mais de R$ 9,5 milhões) ao ano, mesmo valor que teria sido embolsado pelo ex-presidente da Conmebol, o paraguaio Nicolás Leoz, e o ex-presidente da Federação Argentina, Júlio Grondona, que morreu no ano passado. Os demais dirigentes de entidades nacionais receberiam US$ 1,5 milhão (mais de R$ 4,7 milhões).
Ainda que caiam todos os caciques futebolísticos do continente, a estrutura fechada da Conmebol e suas filiadas dificultam uma real transformação. A tendência é de que entrem sucessores que perpetuem o mesmo sistema. A mudança principal estaria na certeza de que será possível puni-los se cometerem ilícitos.
A curto prazo, a possível queda de velhos dirigentes não deve ter efeitos diretos sobre a organização dos torneios. A Copa América, que se inicia em 11 de junho, no Chile, já tem seus contratos fechados e a viabilização financeira garantida. Futuras edições, como a no Brasil, em 2019, podem ter dificuldades por conta de problemas com patrocinadores.
O cenário político do futebol de clubes do continente deve ser de pressão. Algumas equipes que já questionavam a baixa receita reservada aos participantes de competições agora têm a história ao seu lado para duvidar dos valores dos contratos.
- É importante aproveitarmos a oportunidade para criar medidas que emprestem maior transparência e participação dos clubes na negociação e divisão das receitas de marketing e televisionamento. Há provas suficientes de que existe bem mais dinheiro circulando do que aquele que é repartido entre os clubes participantes das competições - diz Daniel Cravo, presidente da comissão de direito desportivo da OAB-RS.
* ZH Esportes