Flávio Augusto da Silva é brasileiro e dono de uma rede de escolas de idiomas. A sua ligação com os Estados Unidos fez comprar o Orlando City SC, que disputava a liga equivalente à terceira divisão nacional, e conseguiu um espaço na Major League Soccer, a elite do futebol no país e em processo de expansão. Kaká foi contratado para ser a grande estrela e o time estreia neste domingo, contra o também novo New York City FC.
O sucesso comercial do Orlando City é notável. Para o jogo de estreia, foram vendidos 60 mil ingressos. O clube conseguiu comercializar, antes mesmo do início da temporada, 14 mil season tickets - pacotes de entradas para todos os jogos do time em casa no campeonato ao longo do ano. Ou seja, mesmo que ninguém mais compre ingressos avulsos, o time terá uma média de público maior que a do Campeonato Brasileiro.
O objetivo de Flávio agora é levar o sucesso inicial fora dos gramados para dentro das quatro linhas. E Kaká, mais uma vez, será uma peça fundamental.
Qual a expectativa para a primeira temporada?
Flávio Augusto da Silva - É natural que haja um período de adaptação. Mas não podemos deixar de celebrar que teremos mais de 60 mil pessoas no jogo de estreia. O Orlando City já é um sucesso fora do campo. Anunciamos um patrocíonio com a Disney. Vendemos mais de 14 mil season tickets (pacote de ingressos para toda a temporada). Se não vendermos mais ingresso nenhum, já teremos uma média maior que a do Campeonato Brasileiro. Fora do campo, está sendo da melhor forma possível. Dentro do campo, a história toda começa agora. Domingo, é Kaká contra David Villa na frente de 60 mil pessoas. A vitória vale mais do que três pontos, porque representa toda essa excitação. É um time jovem, que tem 11 jogadores de seleção, de vários países. A nossa aposta foi em médio prazo, mas já pode dar um resultado imediato. Nossa meta é chegar aos playoffs, que já seria ótimo. Mas, chegando lá, nada nos impede de sonhar mais alto.
O que o Kaká representa para o clube?
Flávio Augusto da Silva - O Kaká é um grande jogador, joga em qualquer time do mundo. Não apenas é o capitão, um líder, mas também fora de campo tem muita representatividade. Ele coloca o Orlando City no mapa do futebol, traz uma visiblidade incrível. Queremos nos colocar como um clube global. Temos possibilidade de construir uma marca internacional, e o Kaká é uma parte importante deste processo.
O Orlando City terá uma ligação com o Brasil?
Flávio Augusto da Silva - Temos uma ligaão natural com o Brasil. Sou o dono majoritário e sou brasileiro. A principal estrela do clube é brasileria. Orlando é o destino preferido do brasileiro no mundo. Temos aí pelo menos três bons motivos para trabalhar e tornar o segundo clube de cada brasileiro. Colorado, gremista, vai continuar torcendo para o seu time, claro, mas quero que o Orlando City ocupe um segundo espaço no coração dos brasileiros.
É possível que haja investimento em atletas brasileiros?
Flávio Augusto da Silva - Hoje, o Orlando tem se tornado tão expressivo que temos sido massivamente procurados por agentes, com interesse de que seus atletas joguem nos Estados Unidos. Somos um clube americano, isso eu gosto de deixar claro, mas temos o Brasil como um mercado importante. É parte da estratégia.
O time jogará no Citrus Bowl, mas já está construindo um novo estádio.
Flávio Augusto da Silva - Já estamos construindo uma arena. Esse estádio (Citrus Bowl), que é dito como provisório, tem 60 mil lugares, foi demolido e reconstruído. Ele foi sede da Copa de 1994, mas é um estádio totalmente novo e vai nos servir muito bem até termos nossa casa definitiva.
O David Beckham tenta colocar um time em Miami. Você acha que a Flórida tem mercado para dois times?
Flávio Augusto da Silva - Sim, com certeza. Da nossa parte, estamos torcendo para que dê tudo certo com o Beckham. Está numa pendência na construção do estádio, na área onde será erguido, mas acredito que isso será resolvido rapidamente para que o time possa entrar na MLS.
Como o mercado americano tem recebido o futebol nos últimos anos?
Flávio Augusto da Silva - Esse é um processo. A MLS nasceu em 1996, não tem duas décadas, é uma liga muito jovem. Teve boom em 2007, quando o Beckham veio jogar aqui, e outro agora por causa da Copa do Mundo. O futebol é muito popular entre os mais jovens. A verdade é que a nova geração não gosta muito de biesebol, acha chato, e isso é uma mudança. O crescimento do futebol não é uma modinha, representa uma mudança de patamar.
O Orlando City tem como objetivo desenvolver jogadores ou contratar estrelas internacionais?
Flávio Augusto da Silva - A curto prazo, é desenvolver mais jogadores. E é natural que com o crescimento mais astros venham. A tendência é que muitos grandes nomes venham para a liga. Além de um ambiente de negócios estável, a qualidade de vida é muito interessante. É melhor ir para Los Angeles, Nova York, Orlando, do que para a China, Emirados Árabes.
*ZHESPORTES