Fabrício Werdum é o grande nome do Rio Grande do Sul no mundo do MMA. Mas, por uma boa causa, não pode fazer a luta principal do primeiro evento do UFC em Porto Alegre: campeão interino, já tem luta pré-agendada para tentar o cinturão linear que pertence ao americano Cain Velásquez para o dia 13 de junho, no UFC 188. Assim, o peso pesado se tornou o embaixador do evento que terá Antônio Pezão e Frank Mir como combate principal.
Mas o sonho de Werdum ainda não mudou: gremista de coração, aguarda uma chance para lutar na Arena. Para ele, oportunidades não faltarão: a ideia do UFC é que o card deste domingo, no Gigantinho, seja o primeiro de muitos no estado.
ENTREVISTA: Fabrício Werdum, campeão interino dos pesados do UFC e embaixador do evento em Porto Alegre
Zero Hora - O que você espera desse evento? Tem o desejo de lutar em Porto Alegre no futuro?
Fabrício Werdum - Vai ser um evento muito legal, vai motivar a galera do sul do Brasil para poder fazer mais esportes e acreditar mais no MMA na região. Vai sair muita gente boa daqui. Vai ser o primeiro de muitos. O meu sonho é poder lutar aqui também. Se eu pudesse lutar um dia aqui na Arena, ou aqui no sul onde for, vou estar feliz. Tenho certeza de que a galera vai apoiar. Sei que tem muitos torcedores e temos que tirar esse fator da rivalidade no MMA. Todo mundo tem que torcer para um objetivo só, para o nosso esporte crescer. Eu gostaria de lutar aqui no sul. É o que eu quero, ser reconhecido no sul.
ZH - Já que não pode lutar, você será o embaixador do UFC em Porto Alegre.
Werdum - Siginifica muito para mim, porque na verdade fui eu quem deu a ideia. A ideia é minha de trazer o evento para cá. Falei que gostaria de lutar na Arena, em Porto Alegre, na minha terra. Estou muito feliz por ser o embaixador. Imagina a minha felicidade em saber que, não só vamos ter esse primeiro, mas muitos. A ideia é essa, é ter vários UFCs. Que tenha um lugar em boas condições para fazer, não só aqui no Rio Grande do Sul, mas como no Brasil inteiro. Estou bem feliz. Tive que parar meu treinamento para poder vir, mas vai valer a pena, eu tenho certeza. Vai ser um grande sucesso, até pelo fato de ter vendido todos os ingressos. Vamos ver o que a galera vai achar vendo ao vivo, porque é completamente diferente do que na televisão.
ZH - Você já começou a preparação para a luta contra o Cain Velásquez?
Werdum - Já comecei a fazer um treinamento, ainda não muito forte. É só em 13 de junho que eu vou lutar contra ele, ainda tenho bastante tempo para me preparar. Claro que a ideia é, se eu pudesse um dia lutar em Porto Alegre, encher a Arena. Eu tenho certeza que o Brasil inteiro iria descer, muita gente do interior, o Rio Grande do Sul inteiro. Seria um grande sucesso uma disputa de cinturão aqui no Rio Grande do Sul, esse é o meu grande sonho. Sempre tive metas na minha vida e consegui várias. Fui campeão mundial de jiu-jitsu, ganhei a ADCC (competição de luta agarrada), campeão do UFC, chegar à minha cidade e ser recebido com um carro dos Bombeiros, toda a Geral do Grêmio estava lá me esperando. Fazer uma disputa de cinturão na minha cidade é um sonho.
ZH - A luta entre Pezão e Mir tem peso para ser o evento principal?
Werdum - Com certeza. O Frank Mir é um cara que já foi campeão do UFC, o Pezão já ganhou do Fedor (Emelianenko), do (Alistair) Overeem também, de vários atletas bons. Sem dúvida vai ser um grande show. Não só essa luta, mas todo o card está bem legal, tem vários conhecidos dos brasileiros que vão com tudo. Eu acredito em um nocaute do Pezão. Se o Pezão entrar com sangue nos olhos, nocauteia o Frank Mir.
ZH - Além da luta principal, quais outras você destaca?
Werdum - O Edson Barboza com certeza vai chamar a atenção e dar um grande show, ele tem um muay thai muito apurado, é bonito de ver o jeito que ele luta. O Santiago (Ponzinibbio) também é um grande guerreiro. Ele esteve na casa do TUF, era do time do Minotauro. É um guerreiro, lutou com o braço quebrado na semifinal. Essas duas lutas são as que me chamam bem a atenção. Além do Pezão contra o Frank Mir, que é a luta principal, mas Edson Barboza também vai dar um grande show, a galera vai ficar feliz de vê-lo lutar. E o Santiago vai levantar a galera, vai trazer um pessoal da Argentina, do sul da América. O cara realmente é gente boa. Ele mesmo fala "sou argentino, mas sou gente boa". Tem o Patolino (William Macário) também, que sempre luta para frente. Tem um boxe bom, apesar de ter que dar uma melhorada no chão, mas ele é um cara que quer nocautear os seus oponentes.
ZH - O caso do doping do Anderson Silva afeta a imagem do UFC junto aos brasileiros?
Werdum - Com certeza. Mas não dá para pensar que todo mundo faz, como alguns estão dizendo. Não é bem assim, é um caso isolado. O Anderson é um caso isolado pelo fato dele ter quebrado a perna, querer recuperar mais rápido. Pode ter tomado alguma coisa para recuperar a perna totalmente. Foi uma lesão bem grave. Mas ele vai ter que pagar por isso, vai tomar uma suspensão, talvez de um ano, não sei se ele volta. Não sei se ele vai querer voltar para limpar o nome dele, eu não conheço bem o Anderson, conheço só algumas pessoas que trabalham com ele. Vamos ver o que ele vai dizer. Isso influencia o nosso esporte, mas não dá para dizer que todo mundo usa, o que não é verdade. Que não foi bom, não foi. O Anderson é um cara muito conhecido, é um ídolo nacional, as pessoas gostavam e ainda gostam bastante dele, mas com certeza vai ficar uma mancha na carreira dele.
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