O árbitro de uma Copa do Mundo vive um dilema. A única chance de apitar a final é se o seu país de origem for eliminado antes. Em 1994, o representante brasileiro foi o gaúcho Renato Marsiglia. O Brasil chegou à final, o que não significa que ele não tenha voltado dos Estados Unidos com ótimas histórias e recordações para a sua carreira.
“Sem dúvida alguma a melhor lembrança foram os dois jogos: Bélgica 1 X 0 Holanda, o clássico dos Países Baixos, e o jogo das oitavas, Suécia 3 X 1 Arábia Saudita. Mas foi muito legal também o dia em que fiquei sabendo que apitaria a Copa. Já havia especulações. Eu e o Marcio Rezende de Freitas participamos dos testes físicos em Dallas, ao lado de 40 árbitros. E, deste grupo, a Fifa selecionou 24. A expectativa ficou entre eu e o Marcio. Recebi um telefonema da CBF e a aí fiquei sabendo oficialmente dessa informação”, relembra Marsiglia.
No jogo da Holanda, válido pelo grupo E, Renato Marsiiglia deu cartão amarelo para os jogadores Frank Rijkaard e Dennis Bergkamp. “Foram reclamações. A Holanda era franca favorita, mas perdeu para a Bélgica. E os holandeses tinham um time extraordinário. Quando a Bélgica fez 1 a 0, houve uma certa tensão. Há uma rivalidade entre os dois países. O goleiro belga Michel Preud’homme pegou tudo e mais um pouco. Mas foram reclamações normais”, conta.
Já o jogo entre os sauditas e os suecos, apesar de não ser um clássico, teve um episódio inusitado. “Antes do jogo, no centro do campo, depois dos hinos, os dois capitães vieram para a escolha dos lados. Eu chamei o capitão da Suécia, o Jonas Thern, e fui falar com ele em inglês. E ele se virou para mim e disse, em um português de Portugal: ‘pode falar comigo em português, pois eu jogo há cinco anos no Benfica’. Aí eu fui falar em inglês com o capitão da Arábia Saudita, o camisa 13 (Al-Jawad). E ele, em um português brasileiro fluente, disse: ‘pode falar comigo em português, porque eu sou casado há muito tempo com uma mineira’. Então me comuniquei com os capitães da Suécia e da Arábia Saudita em português”, relembra Marsiglia.
O ex-árbitro Renato Marsiglia nasceu em Rio Grande, interior do Rio Grande do Sul, no dia 3 de junho de 1951. Ele foi o representante brasileiro entre os árbitros da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Marsiglia trabalhou em Bélgica 1 X 0 Holanda e Arábia Saudita 1 X 3 Suécia.
Ouça o programa com o ex-árbitro Renato Marsiglia