Final da Copa 70. Pelé olha para a ponta-direita e toca a bola. Eis que surge o lateral Carlos Alberto Torres. Em uma época em que os homens daquela posição se limitavam a marcar na defesa, aquele que viria a ser o Capitão do Tri transgrediu as normas de seu tempo, subiu ao ataque e disparou uma bomba, que garantiu a vitória por 4 a 1 e o terceiro título mundial da Seleção Brasileira. Um dos golaços da história dos Mundiais.
“Naquela época não era comum um jogador de defesa fazer gol. Até hoje, E o mais bonito foi a jogada. O De Sordi e o Djalma Santos (laterais nas Copas anteriores) eram grandes marcadores. Ainda não havia aquela coisa de o lateral sair ao ataque. Mas eu sempre joguei daquela forma. Eu lembro que os treinadores ficavam loucos no banco gritando para eu voltar. Mas era a minha característica. Eu reconheço hoje que eu desrespeitava as ordens dos técnicos, que pediam para eu voltar”, relembra Carlos Alberto Torres, que, minutos depois daquele gol, ergueu a taça do Tri.
A trajetória do Brasil na Copa do Mundo de 70 foi antecedida por um excelente desempenho nas Eliminatórias. “O João Saldanha (técnico na época) tinha o apoio de todos. Rapidamente, conseguimos um entrosamento muito bom. Classificamos de forma brilhante. Pela primeira vez na história das Copas, uma seleção garantiu vaga na Copa ganhando todos os jogos eliminatórios”, conta Carlos Alberto.
Porém, às vésperas do Mundial, uma polêmica simbolizou a troca no comando técnico. Em plena Ditadura Militar, o presidente Emílio Garrastazu Médici pediu a convocação do então atacante do Atlético-MG, Dario, o Dadá Maravilha. Dono de uma personalidade forte, João Saldanha respondeu: “Ele escala o Ministério, eu escalo a Seleção”. Acabou demitido e substituído por Zagallo.
“Em 70, eu acho que o Saldanha cometeu um grande erro. Ele mudou muito a formação do time. O acertado seria ele começar os treinamentos com o time que terminou as eliminatórias. Mas ele mudou totalmente o time e custou a conseguir o entrosamento. Aí vieram as críticas de toda a parte. Aí o João Havelange resolveu que era hora de mudar, pois realmente estava muito tumultuado o ambiente. Pelo que nós soubemos na época, o motivo principal (para a demissão) foi o time não ter se acertado. Essa coisa do presidente de repente até pode ter acontecido, mas não chegou ao nosso conhecimento”, explica o capitão.
Zagallo assumiu o cargo, liderou uma comissão técnica que revolucionou o time no âmbito da preparação física e conduziu o Brasil rumo ao Tri. Com Dadá Maravilha no elenco.
Carlos Alberto Torres nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de julho de 1944. Foi um dos maiores laterais-direitos de todos os tempos e capitão da Seleção Brasileira na conquista do tricampeonato mundial na Copa do Mundo de 1970, no México. Na final, ele marcou um dos mais belos gols da história das Copas.
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