Com oito derrotas em oito jogos na Série A-2 do Gauchão 2013, o Gaúcho de Passo Fundo amarga na última posição do campeonato e vê a Série B do próximo ano na linha do horizonte, lugar onde já esteve e subiu em 2012. O clube já mudou de técnico duas vezes este ano, dispensou jogadores e não conseguiu repetir o mesmo time em nenhum jogo do campeonato.
Ricardo Attolini iniciou a competição no comando do Gaúcho, perdeu os cinco primeiros jogos e foi dispensado. Com ele, oito jogadores foram demitidos. Depois, o time ficou sob o comando do experiente Sandro Sotilli, que também atua dentro das quatro linhas na equipe, e um colegiado, formado pelo presidente Gilmar Rosso e a comissão técnica. Foram dois jogos e duas novas derrotas neste formato.
Por fim, chegou ao clube o treinador Paulo Afonso Moreira Coelho, o Leco e mais cinco reforços, além da promoção de quatro garotos da base ao grupo principal. Na última partida do primeiro turno, contra o Aimoré, a oitava derrota: 2 a 1. Até aqui, o Gaúcho marcou apenas seis gols e levou outros 20. Saldo negativo de 14 gols.
- Tivemos pelo menos cinco jogadores lesionados durante a maior parte do campeonato. A maioria dos gols foram falhas nossas. Não há nenhum problema extra-campo, não há atrasos de salário, nada disso. As coisas não tem acontecido para o Gaúcho, esta é a realidade - observa o presidente do clube, Gilmar Rosso, 54 anos.
Pelo regulamento da competição, os três piores times caem para a Série B. Se o campeonato terminasse hoje, estariam nesta lista o Gaúcho, lanterna, sem nenhum ponto marcado, Guarany de Camaquã, com três pontos e o União Frederiquense, com cinco pontos. Os três times estão no grupo B da competição
A partir desta quarta-feira, quando inicia o segundo turno, a equipe de Passo Fundo terá uma nova chance de reabilitação no campeonato, às 15h30min, no confronto com o Riopardense, em Rio Pardo. Com nove pontos na tabela de classificação, a equipe também é ameaçada pelo rebaixamento.
Presidente do clube desde 2010, Rosso tem uma explicação para o fracasso do time em campo. Segundo ele, as atenções do Gaúcho estão voltadas para o ano de 2018, data marcada para a inauguração de um novo estádio. A grande parte do dinheiro que entra no caixa, é destinado para esta finalidade, de acordo com Rosso.
- Poderíamos investir mais dinheiro, fazer um grande plantel e subir para a eleite. E depois, como manter? Os times sobem em um ano e caem no outro. Não faço loucuras, não gasto o que não tenho. O clube está jogando porque quem não é visto não é lembrado - salienta o presidente.
A situação delicada do Gaúcho lembra o Íbis, de Pernambuco, time que ganhou fama nacional após uma sequencia de 55 jogos sem vencer, de 1980 a 1984. Tal façanha deu a alcunha de pior time do mundo ao Íbis. Porém, o presidente do Gaúcho rebate e contesta a comparação.
- Um clube sem estádio, como o Gaúcho, perde sua identidade. Assumi o Gaúcho com R$ 6 milhões em dívidas. Hoje, não devemos para ninguém. Mas agora nossa prioridade é o estádio. E sempre há a possibilidade de revertermos a situação. Por isso vamos com tudo neste segundo turno. Nada contra o Ibis, mas não aceitamos este rótulo - projeta.
Sotilli, a esperança de salvação
Com uma folha salarial modesta, cerca de R$ 25 mil ao mês, o plantel do Gaúcho é formado por 23 jogadores, mais a comissão técnica. Sotilli, a grande estrela do grupo, tem parte dos salários pago pelo clube e parte por um patrocinador. Aliás, é no atacante que reside boa parte das esperanças do Gaúcho para se salvar do rebaixamento.
- Nunca tinha trabalhado com ele. Mas logo vi que é um jogador comprometido. Agora estamos arrumando a nossa defesa, porque no ataque temos qualidade, com o Sotilli, o Adilson e outros jogadores. Acredito que esse reinício será mais difícil, até sairmos dessa situação ruim - observa o técnico Leco, que já teve passagens pelo Guarani de Bagé, Aimoré e o Riopardense.
O atacante de 39 anos quer esquecer o primeiro turno. Lesionado, ele só atuou em dois jogos até agora e marcou dois gols.
- Nunca havia acontecido uma situação dessas na minha vida, de perder tantos jogos. Mas agora começa outro campeonato e eu estou a disposição. Precisamos vencer e chegar ao mata-mata. Nosso time é bom, mas as coisas, por enquanto, não deram certo - salienta Sotilli.