Não deu. O tricampeonato olímpico foi adiado para os Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. Após abrir 2 a 0, a seleção brasileira masculina de vôlei permitiu a reação e a virada da Rússia - de atuação espetacular - por 3 sets a 2, parciais de 25/19, 25/20, 27/29, 22/25 e 9/15, em pouco mais de duas horas de partida.
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O vôlei tinha tudo para ser verde e amarelo nos Jogos Olímpicos de Londres. Depois das mulheres, que conquistaram o bicampeonato no sábado, ao vencerem os Estados Unidos, os homens brasileiros desperdiçaram a oportunidade de subir ao local mais alto do pódio.
Pela primeira vez, uma equipe masculina tinha chegado na final por três ocasiões seguidas - Atenas/2004, Pequim/2008 e agora Londres. O ouro tinha sido conquistado pelos brasileiros em Barcelona/1992 e Atenas/2004. Com a derrota, o Brasil também não conseguiu igualar o feito da extinta União Soviética que, na Cidade do México/1968 e Moscou/1980, levou o ouro com os homens e com as mulheres. E ainda se tornou a primeira equipe a sofrer uma virada na final olímpica depois de estar vencendo por 2 sets a 0.
A derrota neste domingo marca o fim de uma geração que conquistou todos os títulos possíveis desde 2001, quando começou a chamada Era Bernardinho. Destaque para os três Mundiais (2002, 2006 e 2010), oito Ligas Mundiais (2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2010), destronando a Itália, e duas Copas do Mundo (2003 e 2007). Além, é claro, do ouro em Atenas.
Giba, Serginho, Dante, Rodrigão e Ricardinho estavam em Atenas. O primeiro já avisou que Londres marca sua despedida da seleção. O mesmo deve acontecer com Rodrigão e Ricardinho, que voltou a ser convocado após várias temporadas de ausência. Serginho ainda não decidiu seu futuro. O único que deve continuar é Dante.
O jogo
Brasil e Rússia chegaram na decisão com a mesma campanha: seis vitórias e uma derrota. No caso dos russos, o revés foi justamente para os brasileiros, por 3 sets a 0. Neste domingo, os brasileiros começaram bem, aproveitando os contra-ataques. Do outro lado, a Rússia cometia muito erros. Depois de fazer 3 a 0, a seleção abriu 5 a 1. Os russos ensaiaram uma reação, mas desperdiçaram muitos ataques. Os brasileiros aproveitaram e aumentaram a vantagem para 11 a 6.
Com o levantador Bruninho distribuindo bem o jogo, com velocidade, o Brasil atacava com extrema eficiência. Aliado a esse bom fundamento, os brasileiros defendiam quase todos os ataques russos e ainda usavam o bloqueio para amortecer as fortes pancadas dos gigantes adversários. Com isso, fecharam a parcial em 25 a 19.
O segundo set começou equilibrado, com a Rússia saindo na frente, mas foi aí que apareceu outro bom fundamento brasileiro: o saque. Com ace de Dante, e dificultando a recepção russa, o Brasil tomou a dianteira ao virar para 8 a 4. Substituto do lesionado oposto Leandro Vissotto, o jovem Wallace fazia uma boa partida, tanto no ataque quanto no saque.
Preocupado, o técnico russo Vladimir Alekno realizava diversas alterações na sua equipe a fim de tentar mudar o rumo da partida. Em vão. Inspirado, Dante se agigantou no segundo set, com saques importantes e bons ataques. Do lado da Rússia, o oposto Maxim Mikhaylov estava longe das suas melhores atuações.
O Brasil administrava uma vantagem de quatro pontos, mas acabou permitindo uma reação russa ao desperdiçar ataques: 16 a 15. A seleção, no entanto, deixou que os rivais apenas encostassem no placar. Com dois bloqueios, um de Murilo e outro de Lucão, abriu nova vantagem e com atuação impecável fechou a segunda parcial em 25 a 20.
No terceiro set, o equilíbrio permaneceu e, pela primeira vez, os russos foram para o primeiro tempo técnico na frente: 8 a 7. Mas o Brasil soube manter a tranquilidade e fez 13 a 10, aproveitando os contra-ataques diante dos problemas na recepção do adversário. A Rússia, porém, não se entregava. E empatou em 15 a 15. Novamente, com calma, e ace de Lucão, a seleção fez 18 a 15.
O russos não desistiam. E conseguiram empatar em 22 a 22. Após pedido de tempo do técnico Bernardinho, o Brasil ficou na frente, teve dois match-points. Desperdiçados. A Rússia aproveitou e venceu a parcial por 29 a 27.
No quarto set, Giba veio para a partida no lugar de Dante, lesionado. E o equilíbrio, que se transformou na tônica do jogo, continuou. Mas, com dois excelentes saques do central Sidão, o Brasil fez 6 a 4. Em seguida, em erros brasileiros, a Rússia virou para 7 a 6. Em erro de Wallace, os russos fizeram 12 a 10. Porém, a seleção não se desesperou e empatou em 12 a 12. Com confiança no saque, a Rússia abriu 16 a 12.
Após vantagem de 18 a 13 para os russos, Bernardinho mandou o experiente Giba, que não entrou bem no jogo, e Thiago Alves à quadra. Em seguida, Ricardinho e Rodrigão entraram pela primeira vez na partida. Mostrando a equipe vencedora que é, a seleção buscou a reação, mas foi tarde demais. Os russos fecharam em 25 a 22.
No tie-break, Dante voltou para o sacrifício e a disputa seguiu completamente acirrada. A Rússia saiu na frente com 2 a 0, o Brasil reagiu, mas os russos fizeram 6 a 3. Ao contrário do início da partida, a seleção parou de virar os contra-ataques, enquanto o adversário passou a defender muito bem os ataques brasileiros. No tempo técnico, o placar marcava 8 a 4 para a Rússia.
Com um jogo muito mais intenso, e sem muitos erros, os russos abriram 10 a 5. Com tranquilidade, foi levando o set decisivo ponto a ponto até garantir a conquista e impedir o tricampeonato brasileiro.
Jogaço
Em virada espetacular, Rússia bate o Brasil por 3 a 2 e fica com o ouro no vôlei
Seleção abriu 2 a 0 mas permitiu reação da Rússia, que venceu no tie-break com atuação impecável
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