Paulo Odone vê 2011 chegar ao fim sem motivos para comemorar. A eliminação na Libertadores foi o primeiro baque sofrido no ano pelo presidente do Grêmio, eleito com folga numa logo dissolvida coalizão de forças com o movimento Grêmio Independente. Pouco depois, deu-se a perda do Gauchão para o Inter. Dentro do Olímpico, após uma vantagem arrancada no Beira-Rio.
O primeiro semestre foi encerrado com a difícil decisão de demitir o ídolo Renato Portaluppi. Assustado com a possibilidade de rebaixamento, Odone recorreu a Celso Roth, após a fracassada experiência com Julinho Camargo. O time não caiu, mas também esteve longe de empolgar seus torcedores. Na última rodada do Brasileirão, o dirigente sentiu o peso da rejeição, ao ser vaiado pelos poucos gremistas presentes ao Gre-Nal.
A culpa dos insucessos dentro de campo, entendem os gremistas, seria a excessiva preocupação de Odone com a construção da Arena. Para rebater a crítica de que perdeu o foco no futebol, ele deu liberdade de ação para que o diretor-executivo Paulo Pelaipe saísse as compras.
Com postura autocrítica, Odone admite que 2011 foi seu pior ano no futebol. E promete reação na temporada que se avizinha. Descansando na fazenda da família em Itacurubi, perto de São Borja, ele falou por telefone com Zero Hora e anunciou seus projetos para o próximo ano.
Zero Hora - Qual seu projeto para 2012?
Paulo Odone - Temos que pensar em títulos. Dizem que fico pensando o tempo todo na Arena. Mas estou trabalhando para montar um time forte. Há um mês eu e Pelaipe (o diretor-executivo Paulo Pelaipe) trabalhamos nisso. O pior ano que eu tive no futebol foi este. Quero que 2012 seja o melhor. Quero me despedir do Grêmio assim.
ZH - O senhor acha que é demasiada a crítica em relação a sua preocupação com a Arena?
Paulo Odone - Acho demasiado dizer "vai embora Odone, queremos time". Estamos trabalhando para ter um time. Mas há toda uma engenharia financeira. Procuramos jogadores para não errar. Não temos mais o direito de errar.
ZH - Qual seu maior erro em 2011?
Paulo Odone - O meu problema foi ter ficado preso numa situação que havia herdado. Em 10 dias, tínhamos que ter uma lista pronta para a Libertadores. Como trocar um time que havia tido uma performance espetacular no ano anterior? Por isso, não conseguimos fazer as mudanças que estavam gritando. Agora, pela primeira vez, podemos pensar um modelo de time. Nosso treinador está sendo consultado para isso. Confio que a torcida logo vai começar a se animar.
ZH - Qual será o modelo de time?
Paulo Odone - Ele terá um estilo parecido com o que o Grêmio sempre teve. Um time que pegue o tempo inteiro, que não seja lento, que não jogue com a bola de pé em pé, que seja mais objetivo, que bloqueie o adversário. Todos terão que jogar e marcar. Um time de aplicação e superação.
ZH - É mesmo possível contratar Marcelo Moreno?
Paulo Odone - Esses caras não são baratos. Mas vale o esforço. E ainda teremos surpresas que já estão em casa.
ZH - Quem, por exemplo?
Paulo Odone - Há esse menino, Biteco. Caio Júnior pediu a fita dele. Achou fantástico. Disse: esse guri eu quero lá na pré-temporada. Mas não será uma solução para a Copa do Brasil. Será preparado aos poucos. E tens outros. Misael também é muito elogiado.
Entrevista
Paulo Odone, presidente do Grêmio: "Não temos mais o direito de errar"
Dirigente quer um time com pegada no próximo ano e capaz de animar a torcida
Luís Henrique Benfica
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