— Fogoooooo.
— Buenos Aires é Galo.
As duas frases são ouvidas nos últimos dias pelas tradicionais ruas de Buenos Aires, na Argentina. Aos poucos, os mais de 40 mil brasileiros esperados para a final da Libertadores começam a dar um contraste alvinegro à capital do país vizinho. São famílias, casais e até mesmo torcedores solitários na busca da taça da Libertadores de 2024.
Na rua Florida, uma das mais conhecidas da cidade, localizada nas imediações do Obelisco e do Puerto Madero, houve adaptação. Uma agência de turismo brasileira montou um quiosque para atender a demanda. São inúmeros cariocas ou mineiros convivendo em harmonia com os hermanos e aproveitando para turistar enquanto esperam pelo sábado (30).
— Não tinha voo direto e tive que vir por Santiago. O voo anterior ao meu era praticamente só de torcedores das duas equipes, o meu era meio a meio. Os argentinos estão muito receptivos, mesmo chateados os torcedores do River (eliminado, na semifinal, pelo Atlético-MG). O Galo tem estrela para jogar a final e jogadores carimbados como Scarpa e Deyverson, estou aproveitando para fazer um passeio — revelou Aldair Gustavo, de 30 anos, de Caratinga, no interior mineiro.
Estratégia semelhante de escala em Santiago fez o botafoguense Leonardo Bezerra, de 42 anos. Ele também se organizou para chegar com antecedência e vê um clima amistoso entre as torcidas, mas não deixa de provocar.
— O clima está tranquilo, as torcidas não têm tanta rivalidade. A maioria é botafoguense, os atleticanos estão distribuindo camisas de graça para os argentinos para ver se engrossa um pouco a torcida. É lógico que o torcedor do Botafogo é pessimista, mas se tudo der como o planejado, vamos sair com a Libertadores daqui — apostou o carioca.
Os argentinos celebram o movimento atípico gerado pela final da Libertadores. Um deles, inclusive, aproveitou a partida para vestir a camisa do Grêmio, para trabalhar.
— Muito harmônica a convivência, eu gosto do futebol brasileiro, comprei essa camisa do Grêmio, pois gostei dela. Gosto das praias do Brasil, fiz turismo em Porto Alegre, passei na frente do estádio. Sou torcedor do Independiente, tenho rivalidade com o Racing, com o Grêmio nunca — brincou Andrés Ruiz, dono de uma banca de revista.
Logo após o meio-dia, depois do almoço, o movimento era tão grande que algumas aglomerações começaram a se formar. Na esquina da rua Sarmiento com a Florida, botafoguenses eram fotografados com uma taça da Libertadores e entoando uma música da torcida.
Os brasileiros ouvidos pela reportagem de Zero Hora, em Buenos Aires, relataram que o custo aproximado com a logística para viajar à capital argentina ficou com hospedagem e passagens entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. Alguns passaram por Porto Alegre e fizeram o deslocamento de carro ou ônibus.
A projeção realizada pela Conmebol é de cerca de 65 mil pessoas estejam no Monumental de Núñez, neste sábado, às 17h. A capacidade do estádio é para 80 mil torcedores.