A vitória sobre o Palmeiras fora de casa revigorou quase tudo no Inter. Ganhar do campeão brasileiro fora de casa, jogando bem, criando as melhores chances, sofrendo pouco e até recuperando jogadores mudou o ambiente definitivamente e sepultou as más atuações de uns dias atrás. Como brinca Eduardo Coudet, o futebol que aponta gênios e burros a cada semana está com o ponteiro virado positivamente nesse começo de Brasileirão.
O 1 a 0 na Arena Barueri mostrou um Inter ousado, que teve três oportunidades claríssimas, uma delas um pênalti desperdiçado por Borré, no primeiro tempo. E um Inter aplicado taticamente, que fechou os espaços e pouco sofreu na defesa.
— Preparamos o jogo sabendo que enfrentaríamos um grande adversário, cuja maior virtude é a transição, corre nos espaços. Por isso, cobri os espaços, pedi para jogar curto. E ter a intenção de atacar a cada vez que tínhamos a bola. Queríamos ser agressivos e mostrar que queríamos ganhar o jogo também. Terminamos com as linhas baixas por uma questão natural. Eles foram para o um contra um na defesa e jogaram bolas longas. Por isso tratamos de defender o centro da nossa área — explicou.
Mas para além do jogo em si, o que ficou da expressiva vitória foi o símbolo. O Inter cresceu diante de um adversário poderoso e deu mostras de ambição. Coudet valorizou a entrega dos atletas, deu os méritos a eles. E repetiu que acredita no trabalho:
— Quem tem uma dúvida sobre esse grupo, que some os títulos de todos. Nunca tive um elenco tão vencedor assim. É forte mentalmente. O futebol é uma montanha russa e agora estamos por cima.
O jogo foi tão perfeito para o Inter que recuperou um talento. Robert Renan, que não era relacionado desde a fatídica cobrança de pênalti contra o Juventude, entrou no segundo tempo e ajudou o time a segurar o resultado.
Sua entrada em campo teve uma participação especial. Antes de colocá-lo, Coudet chamou Bruno Henrique, que havia saído, conversou com o camisa 8, que foi falar com o zagueiro. Só então Robert Renan entrou.
— Estamos falando de um garoto que não tem 20 jogos na primeira divisão. Ele cometeu um erro importante. Essa inexperiência jogou contra, de não conhecer o mundo do futebol, esse clube e o que poderia acontecer com aquela atitude. Estava morto, assim como todos nós. Errou. Mas é um garoto, precisa de atenção. Seguramos alguns jogos porque claramente não seria o melhor jogar no Beira-Rio. Ele é um dos zagueiros com maior projeção no futebol brasileiro, que cometeu um grande erro, sofreu muito, sua família também. Agora é acompanhá-lo. Pedir apoio de quem possa. Hoje necessitávamos, em um cenário difícil. O grupo é de grande pessoas e o ajudou — declarou Coudet.
O técnico brincou ao ser perguntado sobre o adversário na Copa do Brasil. O Juventude será o oponente colorado na terceira fase, no reencontro entre ambos após a semifinal do Gauchão.
— Era muito difícil que não fosse o Juventude. Conhecendo o Inter, estava na cara que seria o Juventude. Para dar um pouco de ironia. Temos de jogar.
Antes desse jogo, porém, há o Brasileirão e a Copa Sul-Americana. No domingo, o Inter visita o Athletico-PR no gramado sintético da Arena da Baixada. Na quinta-feira, vai a Manta enfrentar o Delfín. Para enfrentá-los, está de volta mais um reforço: o otimismo.