A classificação para as oitavas de final da Libertadores, a presença no G-6 do Brasileirão e a maior invencibilidade recente entre os times da Série A se somaram à contratação de Enner Valencia para voltar a dar esperança à torcida do Inter.
O segundo semestre se mostra muito mais promissor do que foi o primeiro, com as frustrantes eliminações de Gauchão e Copa do Brasil. A seguir, listamos seis razões para os colorados manterem a confiança nos seis meses finais do ano.
Evolução da preparação física
Para quem apenas vê o jogo, há uma mudança nítida. O Inter "aguenta" bem mais do que antes em um nível maior de concentração e intensidade. Nas últimas partidas, não só suportou como, contra o América-MG, chegou à vitória nos instantes finais.
A chegada de Flávio de Oliveira retomou a dinâmica do ano passado. Ele executa as mudanças propostas pelo coordenador de performance Antonio Carlos Fedato. Uma tentativa de recuperar a temporada. Mano Menezes falou sobre isso e até brincou no final da resposta:
— A questão do aproveitamento está atrelada com a preparação do atleta de forma global. Não fizemos nada de especial tecnicamente. Estamos fazendo todos os dias uma preparação melhor. O atleta estando preparado, a tomada de decisão melhora, o gesto técnico melhora. Até o treinador fica menos burro.
Crescimento técnico de jogadores
A evolução da preparação física deu mais resultado do que a intensidade por mais tempo durante as partidas. Alguns jogadores evoluíram também tecnicamente a partir dessa melhora em condição atlética.
Um desses casos é o de Luiz Adriano. O centroavante chegou defasado fisicamente e agora evoluiu. O reflexo se vê em campo.
— Já estamos vendo o Luiz Adriano há mais tempo. Estamos dosando para tê-lo mais tempo — ampliou Mano.
Outros atletas, como Alan Patrick, Johnny, De Pena e Bustos também apresentaram evolução.
Retorno de titulares importantes
O departamento médico está praticamente vazio. O único lesionado é Pedro Henrique. Mesmo quem não atuou ainda, como Gabriel e Charles Aránguiz, não precisam fazer tratamento, apenas buscar condição de jogo.
É questão de tempo. Na comparação com os piores momentos recentes, há um nítido acréscimo de qualidade no grupo.
— Estamos bem, ganhar sempre ajuda. E não tem ninguém machucado, agora tem gente que chegou, é um momento muito bom, temos que aproveitar essa fase, ficar nas primeiras posições — disse o meia De Pena, um dos candidatos a titular que foram liberados após tratamento médico.
Mano completou:
— Você ganha em cada treino, eleva a concorrência. Para ser titular, tem de render melhor do que o que está do lado. Mantém também o nível durante o jogo.
Enner Valencia
Uma das contratações mais aguardadas e badaladas da janela de transferências brasileira, Enner Valencia poderá estrear daqui a duas semanas. O equatoriano, inclusive, fez seu primeiro treino nesta quinta-feira. Em 25 minutos, marcou um gol no coletivo realizado no CT Parque Gigante. Fará uma preparação especial para estrear e não sair mais da equipe. Como ele mesmo disse, chega ao Inter no melhor momento de sua carreira.
A empolgação pelo novo reforço é tanta que Mano Menezes fez questão de reduzir o peso. A ideia foi valorizar o grupo e não jogar toda a responsabilidade nas costas do equatoriano:
— Enner vai ter a importância dele, mas o Inter é maior que tudo. O torcedor está empolgado, mas nós vamos obedecer com ele tudo o que fizemos com os outros jogadores, que é tentar tirar o melhor de cada um, sempre priorizando o coletivo.
Variações táticas
Com os reforços e os retornos, Mano Menezes ganha armas para mudar o time de acordo com a necessidade dos jogos e dos adversários. Se precisar deixar a equipe mais física, há jogadores para isso (Rômulo, Johnny, Matheus Dias e Campanharo).
Se for para um modelo mais leve, tem Mauricio, De Pena, Pedro Henrique e Wanderson. Se quiser dois atacantes, pode juntar Valencia e Luiz Adriano. Se quiser alas, pode usar Bustos e Thauan Lara, ou laterais como Igor Gomes e Renê. Enfim, opções não faltam.
— Às vezes (o plano) não funciona e precisaremos ter outras soluções. Pode ser dois jogadores de flanco. Agora, com o Enner, poderemos ter dois atacantes centralizados. O futebol é isso — atestou Mano Menezes.
Mais reforços
A classificação às oitavas da Libertadores deu ao Inter um acréscimo superior a R$ 6 milhões como prêmio da Conmebol. Além de aumentar a autoestima, a vaga também possibilita à direção pensar em mais reforços para Mano Menezes.
Alguns nomes pipocaram nos últimos dias. A prioridade seria para o meio, especialmente alguém que possa dividir a armação com Alan Patrick ou eventuais reposições, caso sejam confirmadas as saídas de titulares (Johnny e Mauricio são os dois principais candidatos).
Entre as especulações estão o volante Bruno Henrique, ex-Palmeiras e Corinthians, que se desligou do Al Ittihad, da Arábia Saudita, e os meias Manuel Lanzini (que deixou o West Ham), Jefferson Savarino (do Real Salt Lake-EUA) e Rodrigo Zalazar (que quer sair do Schalke 04, da Alemanha). Gustavo Cuéllar, do Al Hilal, ainda permanece como sonho.
A direção evita falar publicamente de possíveis reforços. Mas a tendência é de que mais um jogador possa chegar na janela, que vai até agosto.