Uma classificação à base de luta e vontade de fazer história. Este é o enredo que conduz a campanha do Inter no Campeonato Brasileiro Feminino 2021. Pela primeira vez classificadas às semifinais, as Gurias Coloradas seguem em busca de outro feito inédito: o título da competição nacional. O próximo passo será dado nesta segunda-feira (30), às 20h, no jogo de ida da semi, contra o Palmeiras, no Estádio Beira-Rio.
Estar entre as quatro melhores equipes da disputa já representa um capítulo à parte para este grupo. Esta é a melhor campanha do clube em edições da Série A-1. Mas, para chegar até este feito, a equipe precisou aprender com os próprios erros e frustrações em três anos de retomada da equipe colorada. Um dos símbolos desta conquista é a artilheira Fabi Simões. No clube desde 2019, a baiana de 31 anos chegou ao clube como lateral da Seleção e é uma das personagens dessa evolução, a começar por ela mesma: consolidou-se como atacante de referência dentro de campo e também para as companheiras de equipe.
— É um feito enorme. Vínhamos trabalhando desde 2019 querendo chegar às finais. Naquele ano, batemos na trave contra o Flamengo. Em 2020, ficou a frustração contra o Kindermann, quando jogamos muito bem. Esse ano, colocamos em mente que o nosso objetivo seria passar fase a fase, e conseguimos passar pela grande equipe do São Paulo, coroando esse trabalho do Inter, que vem fazendo um grande investimento no futebol feminino. Precisávamos disso. Temos de continuar trabalhando e nos dedicando para escrever a nossa história — comenta Fabi, em entrevista à GZH.
Com a crise financeira do clube, o futebol feminino, assim como outras áreas, também sofreu impacto. O grupo foi reduzido nesta temporada, mas o investimento na formação de talentos apresentou resultados expressivos, com destaque para Mileninha. Vice-artilheira do time, a atleta veio das categorias de base para manter o nível do time de cima.
— Perdemos uma grande atleta (Byanca Brasil), mas o nosso elenco se manteve com a base. Chegou a Mileninha, fazendo uma função muito importante e se integrando com o elenco. Fomos acolhendo essas meninas da base, que são muito importantes, sem deixar o ritmo cair. Mesmo com um grupo reduzido, nosso grupo ficou mais forte, e nunca paramos de lutar — destaca a camisa 7.
Artilheira colorada e defensora na Seleção, Fabi começou a temporada sendo chamada por Pia Sundhage na primeira semana de treinos da equipe no ano da Olimpíada de Tóquio. O nome dela e da capitã e zagueira do Inter, Bruna Benites, 36 anos, frequentam as listas de convocação desde os Jogos Olímpicos de 2008. Em 2021, no entanto, uma lesão muscular na coxa, seguida da contaminação por covid-19 em abril, dois meses antes dos Jogos, impediu Fabi de disputar a quarta Olimpíada.
— Foi muito difícil. A minha lesão veio na hora errada, mas eu dei a volta por cima. Continuei trabalhando e focada no time, sabia que era uma lesão pequena e que teria que focar e me recuperar 100%. Voltei melhor do que antes — pondera a jogadora.
Além da vontade de levantar a primeira taça nacional, uma possível classificação para a maior competição do continente também faz os olhos das Gurias Coloradas brilharem. A vitória sobre o Palmeiras leva o Inter para a primeira Libertadores feminina do clube. Fabi garante que a prioridade é chegar na grande decisão, sem confundir os objetivos antecipando situações da próxima temporada:
— Qualquer clube gostaria de disputar a Libertadores, mas, primeiro, estamos pensando neste primeiro jogo contra o Palmeiras, que é fundamental. Então, ainda nem pensamos na Libertadores. Estamos focadas nesta seminal, porque sabemos que, se passarmos, teremos essa vaga e o quanto isso é importante para o grupo. Independentemente de quem vai ficar para a próxima temporada, todas nós vamos nos dedicar para continuar a fazer história com essa camisa do Inter.