O Inter tinha Paolo Guerrero, o que, por si só, deixava a posição de centroavante bem suprida. Veio a ruptura do ligamento de seu joelho direito, e Thiago Galhardo assumiu seu lugar. Ele desandou a fazer gol, virou artilheiro do Brasileirão e a deixou a posição de centroavante bem suprida.
Então Eduardo Coudet foi embora, Galhardo parou de balançar as redes, sofreu uma lesão, e Yuri Alberto ganhou chances. Pois o guri de 19 anos tomou o lugar para si, acumula lances decisivos, marcou seis vezes nas últimas cinco partidas e... deixou a posição de centroavante bem suprida.
— Acho que ninguém esperava que isso fosse acontecer. Você tem o Guerrero, uma referência, depois chega o Galhardo, os dois saem. E ainda assim aparece o Yuri Alberto para fazer a torcida vibrar. É incrível — comenta Amarildo, goleador do Inter na campanha vice-campeã de 1987.
Desde sua chegada, Yuri Alberto sempre esteve nos noticiários. Primeiro pela forma como foi contratado. Em litígio com o Santos, foi embora do clube do litoral paulista quando seu vínculo não foi estendido, razão de um desacordo com a direção.
Estava acertado com o Inter, o Santos não gostou, tentou barrar a saída, depois vazou seu contrato. Houve até uma desistência colorada, que no fim se mostrou o famoso "recuo estratégico", antes de confirmar a negociação.
Quando se preparava para ter suas primeiras oportunidades, sofreu uma lesão muscular que o afastou por seis semanas. Mas já nas primeiras amostragens, dava sinais de ter qualidade. Contra o Sport, marcou pela primeira vez pelo Inter.
Diante do Coritiba, fez seu segundo, na despedida de Eduardo Coudet. Com Abel, seguiu sendo opção no banco, até porque Thiago Galhardo era o goleador do Brasileirão. Mas de gol em gol, de participação em participação, foi cavando espaço.
— Abel tem me dado confiança, jogo muito leve — disse o centroavante.
Essa confiança foi demonstrada no gol em que até tirou onda, virando o rosto na hora de concluir para a meta vazia, depois de ter driblado Tiago Volpi no Morumbi. E é essa confiança que carrega desde os primeiros anos. Cria da fábrica santista de atacantes, é figura constante nas seleções de base, do sub-15 ao sub-20. Recebeu rasgados elogios do técnico André Jardine:
— Temos certeza de que tem um futuro brilhante, inclusive dentro da seleção. Fez por merecer, mostrou uma forma espetacular. É um jogador que vai deixar uma ótima impressão para todo mundo
Amarildo concorda. Contratado pelo Inter em 1986, vindo do XV de Piracicaba, ganhou reconhecimento no time de Ênio Andrade, principalmente ao fazer o gol decisivo na semifinal diante do Cruzeiro e no primeiro jogo da final, contra o Flamengo.
Deixou o clube na temporada seguinte, vendido para o (que coincidência!) Celta de Vigo. Depois, fez sucesso na Lazio. Sua experiência europeia não deixa dúvida: Yuri Alberto é um jogador do estilo que gosta o Velho Continente.
— Somos diferentes, eu era mais posicionado, fazia pivô. Ele é um cara de velocidade, ataca o espaço, se movimenta. Acho que em comum está a frieza para fazer gol. Isso atrai a atenção. Mas antes de Europa, fico feliz quando uma promessa dessas aparece, faz gol, ainda mais no time que gosto, que me projetou — finaliza Amarildo.
Yuri Alberto sabe. Para chegar à Europa e à Seleção, o caminho é brilhar pelo Inter. O próximo jogo é o Gre-Nal, seu primeiro.