A apresentação de Paulo Bracks como novo diretor executivo é um dos passos mais importantes na consolidação do projeto de futebol da nova direção do Inter. O dirigente será a peça principal de uma engrenagem que precisa funcionar quase sem atritos para que o clube recupere os títulos. Com sua chegada, restam poucas incógnitas na formação da gestão.
Depois de um trabalho reconhecido no América-MG, Bracks tem sua primeira oportunidade em um clube da Série A, substituindo Rodrigo Caetano, a quem o executivo fez comentários elogiosos. Aos 39 anos, admitiu, na primeira entrevista coletiva concedida, que tem um grande desafio pela frente.
— O Internacional sempre foi conhecido como um clube vencedor de títulos nacionais, internacionais, e a nossa busca é por voltar a ganhar. São quatro anos sem títulos no futebol masculino, nem Campeonato Gaúcho, e vamos buscar mudar isso. Estou com sangue nos olhos e uma fome muito grande. Me sinto apto para ajudar o clube e motivado para esse trabalho — afirmou.
Bracks elogiou a estrutura do Inter e garantiu ser possível cumprir um dos principais pontos da campanha de Alessandro Barcellos: aumentar o uso das categorias de base. No projeto colorado, ao menos 40% do grupo de atletas precisa ser oriundo das categorias de base e, de preferência, com quatro titulares.
— Essa meta não é simplesmente ter um número estanque, é ter esse número performando. A gente pretende, com o trabalho de um ou dois anos, que eles tenham minutagem qualificada no elenco profissional — ampliou.
Para isso, o executivo ganhou um subordinado a mais dentro do novo organograma colorado. O clube criou um cargo, profissional, para agilizar e facilitar a troca de informações entre base e o grupo principal. Julinho Camargo, que começou a construção de sua história no futebol pelo Inter, foi auxiliar de Falcão, depois treinou Grêmio e outras equipes pelo país, volta ao Beira-Rio com essa missão.
Por outro lado, está bem claro que a outra função proposta pela nova direção não deve ser preenchida agora. O clube tinha a ideia de contar com um coordenador técnico, alguém que ficasse entre o vestiário e a direção executiva. Seria o que Muricy Ramalho faz no São Paulo, por exemplo. Houve sondagens a Pedrinho (comentarista do SporTV) e a Paulo César Tinga (ex-jogador do Inter, que exerceu esse cargo no Cruzeiro), e até com uma especulação sobre Guiñazu. Mas, segundo Bracks, essa busca está interrompida, e sua prioridade será trabalhar com quem já faz parte do futebol.
A urgência, porém, ainda é outra. Em meio às mudanças no departamento, às trocas de função e até de perspectivas para o futuro, faltam 11 rodadas do Brasileirão a serem disputadas. Por isso, quaisquer outros assuntos, principalmente a respeito da comissão técnica que assumirá o time em fevereiro, serão tratados com discrição e internamente. O Inter quer uma vaga direta à Libertadores para planejar um 2021 melhor a partir de março.
O que fazem
Conselho de Gestão
Imediatamente abaixo do presidente Alessandro Barcellos estará o Conselho de Gestão, composto pelos quatro vice-presidentes eleitos com ele (Dannie Dubin, Arthur Caleffi, Luiz Carlos Ribeiro Bortolini e Humberto Cesar Busnello). Trata-se da mesma estrutura presente nos últimos três anos de gestão, onde os cinco dirigentes realizam reuniões periódicas para decidir os rumos do clube.
Vice-presidente de futebol
A pasta do futebol será ocupada por João Patrício Herrmann, um dirigente político indicado pelo presidente, assim como nos outros setores — patrimônio e administração, planejamento, finanças, jurídico, marketing e relacionamento social. O dirigente terá a função de se reunir com o Conselho de Gestão e CEO, acompanhando posteriormente o trabalho do executivo da área.
CEO
O Inter voltará a ter a figura do CEO, que foi exercida por Aod Cunha, ex-secretário da Fazendo do Rio Grande do Sul, durante os cinco primeiros meses da gestão de Giovanni Luigi, em 2011. A sigla em inglês para Chief Executive Officer nada mais é do que um diretor remunerado, responsável por estabelecer as estratégias do clube, estabelecendo metas para todos os demais executivos, das áreas de marketing, finanças, jurídico, administração e, entre eles, o futebol. O CEO, por sua vez, responde diretamente ao Conselho de Gestão. Giovane Zanardo, atualmente diretor financeiro, está cotado para o cargo.
Diretor-executivo de futebol
Trata-se de mais um cargo remunerado. Sua principal atribuição é a contratação de atletas, mas também coordena e supervisiona todas as atividades relacionadas ao futebol. Ex-América-MG, Paulo Bracks foi contratado pela nova gestão para substituir Rodrigo Caetano.
Supervisor administrativo
Será o braço direito do executivo, auxiliando nos processos de contratação e coordenação do departamento de futebol. Atualmente é Pedro Kluck.
Coordenador técnico
Estará uma linha abaixo do diretor-executivo, mas também será um profissional contratado. No atual organograma colorado, não há esta figura. Será responsável por fazer a relação do vestiário (comissão técnica e atletas) com os dirigentes. Geralmente, é uma função exercida por um ex-jogador. Os nomes de Pedrinho e Tinga circularam, mas não houve avanços. Atualmente, o processo de contratação está suspenso.
Gerente de transição da base
Um cargo novo, abaixo do diretor-executivo, criado pela atual gestão. Trata-se de um profissional para avaliar e facilitar a comunicação das categorias de base com o grupo principal. Julinho Camargo, que começou sua carreira no Inter, foi auxiliar de Falcão em 2011, antes de sair para o Grêmio, foi contratado.
Gerente de mercado
Responsável por coordenar a parte de prospecção e contratação de reforços. Estará sob seu guarda-chuva a gerência de dados e o Centro de Análise e Prospecção de Atletas (Capa). A missão será de Deive Bandeira.
Diretor de base
É um cargo político. Tem a missão de montar e acompanhar as diretrizes do clube para as categorias de base, bem como fazer ajustes e cobranças. O substituto de Fabrício Delaix ainda não está definido.
Gerente de base
Toas as ações de base serão de sua responsabilidade. Administra as equipes de todas as categorias, com praticamente as mesmas funções do gerente executivo, mas com olhar voltado aos atletas jovens. O cargo é ocupado por Erasmo Damiani.