A canhota não tirou nenhum marcador para dançar, nenhum chute dele traçou o caminho certeiro para o gol, mas D'Alessandro viveu mais um momento histórico ao despedir-se do Inter, no Beira-Rio, neste sábado (19). O argentino entrou na vitória sobre o Palmeiras aos 42 minutos do segundo tempo para desfilar seu futebol nas cores do Colorado pela última vez na carreira. Ao apito final, a emoção entrou em campo.
D'Alessandro abraçou os companheiros e trocou palavras entre lágrimas com o técnico Abel Braga. Em seguida, a família, que estava no camarote do Beira-Rio, foi ao seu encontro no meio do gramado para acompanhar a homenagem preparada pelo Inter. Um vídeo com depoimentos de ex-companheiros de time relembrou as glórias do camisa 10 colorado.
— Queria tento participar deste momento teu no Inter. Eu fico com os bons momentos que a gente teve, pela nossa amizade — disse Taison, segurando uma camisa do argentino, seguido por Alex, meia que era o camisa 10 quando D'Ale chegou ao clube em 2008:
— O importante é o que a gente deixa. E o que você deixa é gratidão.
Outros nomes da história recente do Inter como Leandro Damião, Kléber, Odair Hellmann, Magrão e outros também mandaram seu recado ao meia.
— Para os colegas, os mais jovens e os veteranos, é um símbolo. Nunca vai sair do coração dos colorados. Pela entrega, atitude, e acima de tudo pela dedicação a este clube — destacou o técnico Abel Braga.
— Curte até o último segundo os momentos com essa camisa. Tu és muito merecedor de todo o carinho que a torcida te dá — finalizou Guiñazú.
Ao final, D'Alessandro celebrou a vitória, agradeceu aos companheiros de time e à família. Mencionou os presidentes Marcelo Medeiros, Giovanni Luigi e Fernando Carvalho, que, na função de assessor de futebol, o contratou em 2008.
— Torcedor colorado, eu agradeço muito a vocês. Obrigado por tudo, pelo apoio, carinho e respeito. A admiração é nossa, por vocês terem passado momentos bons e ruins com a gente. — declarou o camisa 10, ao lado da esposa e filhos.
— Errei, acertei, como uma pessoa normal que quer ganhar sempre e não se conforma. Obrigado Beira-Rio, fui parte da reinauguração. Não vestirei a camisa colorada no próximo ano, mas acredito que a história continua — continuou D'Ale.
Cidadão de Porto Alegre e embaixador do Instituto do Câncer Infantil, o argentino diz que o Inter abriu as portas do Brasil e do mundo para ele. Falante de um português com pouco sotaque castelhano desde os primeiros anos de Beira-Rio, recorreu a uma palavra que só existe do lado de cá do Rio Uruguai para tentar resumir os sentimentos:
— Não tem como não se emocionar, são muitas coisas vividas. Na verdade vou sentir muita saudade. Passa um filme na cabeça, é muito difícil de explicar.