O duelo contra o América-MG, nesta quarta-feira (18), vale muito para o Inter. Além de uma vaga à semifinal da Copa do Brasil, poderá representar o acréscimo de R$ 7 milhões em premiações aos cofres colorados. Porém, será necessário fazer duas coisas que o time ainda não conseguiu sob o comando de Abel Braga: balançar as redes adversárias e vencer.
O clima de decisão é tão grande que a diretoria fretou um voo para levar Thiago Galhardo de Montevidéu para Belo Horizonte, imediatamente depois de o goleador colorado servir à Seleção Brasileira contra o Uruguai, pelas Eliminatórias. Mas, além de não ter certeza sobre as condições físicas do camisa 17, a comissão técnica ainda terá de apostar suas fichas em um jovem atacante: Yuri Alberto. Ele herdará a vaga de Abel Hernández, que sofreu lesão na coxa direita e ficará afastado dos gramados por três semanas.
— O Yuri tem mais mobilidade, força e explosão (do que Abel). Na pequena amostragem ao lado de Thiago Galhardo, contra o Sport, a resposta foi ótima. A questão aqui não é juventude e, sim, qualidade e casamento de característica com o protagonista do time — defende o comentarista Maurício Saraiva.
Apesar de ter sido contratado no início de agosto, junto ao Santos, o atleta de 19 anos realizou até agora 10 partidas pelo Inter, marcando dois gols — exatamente a metade dos números apresentados pelo centroavante uruguaio de 30 anos, que fez 20 jogos e anotou quatro vezes com a camisa colorada. Contudo, Yuri Alberto tem como álibi o fato de ter sofrido uma lesão muscular nos seus primeiros dias de Beira-Rio.
— Eu sou um dos defensores do Yuri Alberto como titular. A amostragem do Abel Hernández é muito pequena. Ele é mais um jogador de bola aérea, de pouca movimentação. É o nove dentro da área. No futebol atual, não tem tanto espaço para um atacante desta característica. Hoje, o jogador de frente precisa estar em constante movimentação. Parece-me que o Yuri reúne mais condições — avalia o comentarista Adroaldo Guerra Filho.
Camisa 9 na base
De fato, comparando o mapa de calor dos dois atacantes (imagem abaixo), é possível comprovar que o ex-santista deixa a área com muito mais frequência. Entretanto, não se pode dizer que ele não seja um centroavante de ofício. Basta lembrar o seu último gol, no empate com o Coritiba, pelo Brasileirão, em que apareceu na área para aparar, de cabeça, um cruzamento de Heitor.
— Ele pode jogar tanto como atacante de referência como no lado. Eu prefiro mais centralizado, perto da área, como último atacante, para fazer o gol. Tem qualidade, é rápido, faz pivô e sobe bem de cabeça — descreve Márcio Zanardi, que foi seu treinador na equipe sub-20 do Santos e atualmente comanda o São Bernardo.
Foi nesta posição, inclusive, que o garoto apareceu em convocações para as seleções de base. Primeiro, como sub-17, sob o comando de Carlos Amadeu. Mais recentemente, com André Jardine, disputou o Torneio Pré-Olímpico, na Colômbia. Em ambas as categorias, apareceu na reserva de Lincoln, do Flamengo, e depois de Matheus Cunha, do Hertha Berlim, respectivamente.
— Teve algumas situações em que, até pela força física, ele nos ajudou a compor marcação e marcar lateral, mas é melhor na referência. Vai aparecer a oportunidade. Ele é bom jogador — completa Zanardi.
Se o ataque pecar pela falta de experiência, o mesmo não se pode dizer do meio-campo. Além de ter Edenilson como dúvida, já que o volante sofreu uma pancada no joelho que o tirou de campo mais cedo no fim de semana, Abel Braga tem três ausências certas no setor: Patrick e Nonato, que seguem em isolamento por covid-19, e Maurício, que já disputou o torneio pelo Cruzeiro. Assim, D’Alessandro deve reaparecer entre os titulares.
Será com esta mistura, entre jovens e veteranos, que o Inter tentará virar o confronto com Lisca. Como perdeu o jogo de ida das quartas de final, no Beira-Rio, o Colorado precisa vencer de qualquer forma para seguir vivo na competição. Uma vitória por um gol de diferença leva a disputa para os pênaltis, enquanto dois gols selam a classificação durante os 90 minutos.