Uma conversa com um jogador de futebol do Kuwait foi decisiva para a recuperação do volante do Inter, Rodrigo Dourado. Após falar com o atacante Lucas Gaúcho, 29 anos, o jogador colorado optou por realizar um tratamento à base de células-tronco, já utilizado por atletas como Cristiano Ronaldo e Rafael Nadal. O objetivo era acelerar a cicatrização da lesão no joelho esquerdo que o mantém afastado dos gramados há mais de um ano.
Atleta do Qadsia SC, da cidade do Kuwait, Lucas teve uma artrose no joelho direito em dezembro de 2019 e recorreu ao tratamento com terapia celular em Porto Alegre, com o médico Luiz Felipe Carvalho. Surpreso com a rápida recuperação, o fisioterapeuta do jogador, Luiz Fernando Garcia, decidiu sugerir a técnica para Rodrigo Dourado.
— Eu fui estagiário do Inter de 2011 a 2013 e acabei conhecendo o Rodrigo naquela época. Depois que vi a resposta rápida e o quanto o tratamento foi benéfico para o Lucas, entrei em contato com o Rodrigo e expliquei como funcionava o procedimento. Ele se interessou e aí eu dei a ideia de ele falar com o Lucas — conta Garcia.
Ao receber a ligação de Rodrigo Dourado, Lucas Gaúcho explicou como foi o tratamento e relatou que, menos de um mês depois, estava recuperado e jogando novamente.
— Ele me chamou para conversar e trocamos uma ideia sobre o tratamento. Quis ajudar. Foi de ser humano para ser humano. Falei que ele iria melhorar, que passaria a não sentir dor. Acredito que ele gostou e comprou a ideia muito rápido — conta Lucas Gaúcho.
Autorizado pelo departamento médico do Inter, Rodrigo Dourado foi submetido ao tratamento à base de células-tronco no início de 2020. A mesma técnica já foi utilizada pelo tenista espanhol Rafael Nadal, que sofreu uma lesão nas costas em 2014, e pelo atacante Cristiano Ronaldo, então no Real Madrid, que convivia com lesão muscular na coxa direita durante a fase final da Liga dos Campeões da Uefa e antes da Eurocopa de 2016.
— O procedimento consiste na colocação de um enxerto de medula óssea do próprio paciente em cima da lesão, na tentativa de uma cicatrização mais rápida. Fazendo isso, a gente ajuda o corpo a se recuperar com células próprias. Normalmente, a resposta é imediata. Claro que depende do grau da lesão: tem vezes em que leva um pouco mais de tempo, mas normalmente é uma resposta imediata — explica o médico Luiz Felipe Carvalho, ortopedista e especialista em medicina regenerativa.
Além de Dourado, Carvalho já realizou o tratamento no atacante do Grêmio, Ferreira, em 2019, e no tenista argentino Pablo Cuevas, em 2018. Segundo o especialista, a alta concentração de células da medula óssea permite que a região lesionada cicatrize de forma muito mais rápida do que o normal.
— A técnica pode ser aplicada em qualquer lesão osteomuscular, seja muscular, estiramento ou lesão de fáscia plantar. Pode ser usada em todos os tipos de lesão. Em todos esses casos, ela pode acelerar a recuperação. Existe uma estimativa de que a técnica vai cicatrizar a lesão em 50% do tempo estimado — explica.
A lesão no joelho esquerdo
Dourado convive com a lesão desde o primeiro semestre de 2019, quando sofreu uma entorse no joelho esquerdo. Após ser submetido a uma artroscopia, em maio daquele ano, o jogador retornou aos gramados no dia 10 de julho, na derrota por 1 a 0 para o Palmeiras, pela Copa do Brasil. Foi a última vez que o volante entrou em campo.
Nas semanas seguintes à partida, o jogador voltou a sentir dores e retornou ao departamento médico. Como os exames de imagem constataram a presença de edema ósseo no joelho esquerdo, o meio-campista foi submetido a uma segunda artroscopia, em setembro do ano passado, e seguiu realizando tratamento médico.
Em 2020, após o procedimento de terapia celular, Rodrigo Dourado seguiu realizando tratamento intensivo com os médicos e fisioterapeutas do clube. Em 29 de maio, o Inter anunciou a renovação de contrato do meio-campista até dezembro de 2022.
— Estou muito feliz com a renovação, com a confiança da diretoria e do clube. Espero voltar o mais rápido possível para jogar com a camisa do Inter, que foi o que eu sempre fiz desde pequeno. Estou me sentindo bem e espero voltar a fazer o que mais amo que é jogar futebol — disse o volante ao site oficial do clube.
O Inter não comenta oficialmente o tratamento realizado por Rodrigo Dourado e informa que o atleta está em retreinamento físico, ainda sem data prevista para voltar jogar. O volante faz trabalhos individuais no CT do Parque Gigante e, ocasionalmente, participa de atividades com o restante do grupo. Nos bastidores, há a expectativa de que, em breve, ele estará à disposição do técnico Eduardo Coudet.