São mais de 100 dias de trabalho de Eduardo Coudet no Inter. A comissão técnica, com cinco argentinos cercados de profissionais que conhecem cada canto do Beira-Rio e do CT, ainda se adapta ao futebol brasileiro e busca implementar aos poucos os seus pensamentos. O primeiro grande objetivo foi alcançado com êxito: classificar o time à fase de grupos da Libertadores, mesmo sem todos os conceitos aplicados.
— Poderemos jogar de forma mais solta — projetou Coudet após conseguir o feito.
Por conta da pandemia de coronavírus, o trabalho do treinador foi interrompido, mas demonstrações, daquilo que é sonhado como o rendimento ideal, foram realizadas nos confrontos seguintes, principalmente contra Universidad Católica, em casa, e no empate, na Arena, contra o Grêmio.
Internamente, a avaliação é que o conhecimento de "Chacho", assim como é chamado pelos dirigentes e jogadores, é amplo e ainda o melhor não foi alcançado. Por isso, se aguarda para a retomada da temporada os pequenos ajustes sejam corrigidos e os acertos continuem fomentados pelo comandante da casamata.
Segundo o ex-atleta e técnico colorado, Cláudio Duarte, e do narrador da Rádio Gaúcha, Pedro Ernesto Denardin, Coudet tem mais sucessos que equívocos em Porto Alegre. Destacam, principalmente, o rápido entrosamento dos conceitos repassados pelo argentino ao grupo no dia a dia. Tudo que foi comprovado nos 15 embates do “novo Inter” — 9 vitórias, 5 empates e uma derrota com 23 gols marcados e 7 sofridos. O aproveitamento é 71,1%.
Do lado oposto, alguns pontos são salientados pelos especialistas. Insistências do treinador com jogadores que não renderam em determinadas posições. O exemplo mais nítido a dobradinha Musto e Lindoso, que foi muito criticada em alguns jogos, como diante Universidad de Chile e Tolima, ambos fora de casa.
Confira os principais acertos e "erros" do técnico:
Acertos
1) Modelo de jogo
Conseguiu conscientizar os jogadores da intensidade que busca. Assim, a aplicação dos métodos ficaram facilitados.
2) Edenilson, o curinga
Tanto como meia pelo lado direito, quanto na função centralizada, o camisa 8 voltou a ser uma peça fundamental para o time. Desta forma, o rendimento cresceu e o os resultados apareceram.
3) Time mais veloz
Com pequenos ajustes, se enquadrando ao modelo que quer, promoveu trocas para ter a velocidade desejada. Trocou Patrick e Lindoso, respectivamente, por Boschilia e Marcos Guilherme.
"Erros"
1) D’Alessandro atacante
O novo posicionamento, ao lado de Guerrero, não deixa o argentino à vontade em campo. Poderia atuar centralizado na linha de meias.
2) Atletas fora de posição
A intenção pode ser boa, mas as peças não corresponderam. Exemplos: Lindoso mais adiantado, D’Ale como atacante e equipe com meias mais defensivos.
3) Guerrero isolado
Não ter um atacante afirmado para formar dupla com o centroavante peruano gera improvisações (e solidão ao camisa 9, como se viu em parte de 2019). Das opções, Thiago Galhardo foi a que mais rendeu, tendo marcado quatro gols.