Inegavelmente a crise financeira causada pelo coronavírus atingiu em cheio o futebol. Logo que os campeonatos foram suspensos, os dirigentes do Inter trataram de realizar estudos e teleconferências para analisar o cenário e traçar objetivos de redução dos impactos no dia a dia do clube. Estima-se que 30% do orçamento será reduzido até o final da temporada, já que receitas deixarão de ingressar nos cofres. Porém, há uma outra preocupação: a desvalorização dos jogadores.
De acordo com o site Transfermarkt, especializado em cotações de negociações do esporte, a variação na queda do preço dos atletas será entre 10% e 20% entre os principais ativos no futebol brasileiro. Uma série de fatores influencia os dados: desde idade ao rendimento.
No Inter, os cálculos são sobre 37 jogadores. Após a pandemia, o grupo vale 51,6 milhões de euros. Antes, a cotação somada era de 62,5 milhões de euros, uma diferença de 17,5% ou 10,9 milhões de euros (cerca de R$ 60 milhões).
Mesmo longe dos gramados desde julho de 2019, Rodrigo Dourado, segundo o levantamento, segue na liderança dos mais valiosos do grupo do Inter. Antes da pandemia, a avaliação do mercado pelo volante era de 5 milhões de euros. Agora, o jovem de 25 anos tem cotação de 4 milhões de euros.
Heitor é o segundo atleta mais caro do plantel colorado. Com apenas 19 anos, o lateral sofreu baixa de 10%: de 4 milhões de euros para 3,6 milhões de euros. O empresário Jorge Machado, que é um dos representantes mais conhecidos do futebol gaúcho, com mais de 100 atletas agenciados, considera que o momento é de adaptação:
— No ano passado, antes disso acontecer, vários clubes estavam com pires na mão. Vários clubes grandes estavam com dificuldades para manter os salários. As coisas devem piorar mais ainda. Tenho muita pena dos times pequenos. Já era uma dificuldade, imagina agora? Não é só o futebol, temos de olhar para o ser humano.
Outro que teve uma redução na avaliação de mercado no seu valor é Cuesta. O zagueiro estava cotado em 4 milhões de euros. Atualmente, o preço está em 3,2 milhões de euros assim como Dourado, uma desvalorização de 20%.
Apontado como provável receita numa eventual negociação, Bruno Fuchs aparece apenas mais distante no estudo. O Transfermarkt aponta 10% de diferença no valor do camisa 3: de 2 milhões de euros para 1,8 milhão de euros.
Desconfiança
A desvalorização dos jogadores mundial ainda não é confirmada no Beira-Rio. O levantamento não representa, segundo o presidente do Inter, Marcelo Medeiros, o real valor de mercado dos jogadores:
— O fato da bola estar parada, eu não acredito em desvalorização. No momento que for retomado (o calendário), vai voltar à normalidade. Acho muito prematuro qualquer tipo de análise nesse sentido.
Para o dirigente, o mercado será aquecido dependendo das composições das janelas de transferências, que também serão reajustadas por conta do coronavírus. O formato ainda não foi oficializado, mas deve ser estendido e não apenas por um mês, assim, gerando mais negociações e não desesperando a expectativa de venda de atletas.