Rodrigo Caetano é oficialmente o novo diretor-executivo do Inter. Ele foi apresentado ao final da manhã dessa quinta-feira (24), na sala de conferências do Estádio Beira-Rio, pelo presidente Marcelo Medeiros e pelo vice de futebol Roberto Melo. A partir de agora, Caetano dividirá com Melo as diretrizes do vestiário colorado. Mas, principalmente, passará a planejar o futuro do clube. A temporada 2019 já está começando nos gabinetes do novo departamento de futebol do Inter.
Antes da entrevista coletiva, Caetano chegou do Rio de Janeiro e, do aeroporto, foi conduzido ao Beira-Rio. Nesta sexta-feira, ele será formalmente apresentado ao elenco que gerenciará. O time de Odair Hellmann realizou um treino a portões fechados, em preparação para o clássico com o Corinthians, neste domingo, em Porto Alegre.
— Muito me honra chegar ao Inter neste momento da minha carreira. Quero agradecer a confiança. Com isto, eles me colocam na responsabilidade que eu sabia que teria aqui. Não é desafio, é uma grande responsabilidade. Temos aqui um potencial para desenvolver um grande trabalho, depois de 10 anos fora do Rio Grande do Sul – disse Caetano, ao se apresentar à imprensa.
Categorias de base
"Como sou daqui, conheço muito a história do Inter. O Inter sempre foi um clube formador. O meu início também foi na base (do Grêmio, em 2005). O primeiro passo para se conseguir a afirmação de um jovem é dar espaço a ele no grupo principal. O primeiro de tudo é fazer um diagnóstico dos processos. Estou chegando agora e com uma vontade enorme de conhecer tudo."
Recursos
"Não é o ideal chegar em meio de temporada. Me motivou muito ver o elenco que o Inter tem. Não deve nada a ninguém. Mas o primeiro passo é conhecer os processos. Venho suceder um grande profissional, o Jorge Macedo. Ainda não falamos em nomes de jogadores (foi perguntado sobre Willian Aarão, do Flamengo)."
Do trato com os jogadores
"Fui atleta. Deixo um pouco de lado a parte acadêmica nisso. Sempre procuro fazer o que gostaria que fizessem comigo: falar a verdade. Não preciso de palco. Qualquer tipo de ação vai ficar sempre no âmbito interno. Será com verdade e transparência. A Double Pass vai criar processos que fortaleçam a disciplina nas categorias de base. Futebol hoje virou ciência. Inter fez uma boa escolha ao trazê-los."
Situação financeira do clube
"A função de executivo de futebol, entre as que tanto aparecem, as pessoas pensam que é apenas a montagem de elenco. Recolocação de atletas e contratações passam por avaliação técnica. Temos o Capa aqui. Tem de passar pelo crivo da comissão técnica e da diretoria. Não venho com superpoderes, nunca trabalhei assim. Quem contrata é o Inter. Sobre a parte financeira, já me deram um panorama. Poucos clubes no Brasil podem dizer que têm uma situação confortável. O objetivo de um clube é o retorno técnico. Vamos tentar fazer tudo para atender ao torcedor, com títulos e vitórias. Mas obter receitas também."
O futebol ao lado de Roberto Melo
"Estamos restabelecendo nosso processo contínuo de revelar grandes atletas, de se relacionar com atletas e seus agentes, que saiba se comunicar, interna e externamente. Fizemos esse movimento para qualificar o clube neste processo de excelência, de trazer ao Inter o que há de melhor. Ele começa a trabalhar a partir de hoje. Hoje ele começa a colocar a mão na massa."
O futuro de D'Alessandro e a busca por um novo ídolo
"Cuidaremos do D'Alessandro como o ídolo que ele é no Inter. O clube precisa cuidar de seus ídolos. Deve dar o carinho e a importância que eles têm. Vamos conversar pessoalmente com ele e vamos ver como serão os próximos meses do contrato. Vamos conversar com ele primeiro. A intenção é contar com a técnica dele, com o que ele pode oferecer. O que mais se deseja hoje é isso: um jogador que consiga antever o jogo. Estando bem com ele mesmo, ele vai ficar motivado para estender a careira. Se isso se confirmar, vamos conversar sobre isso mais adiante. O clube precisa de ídolos. Trazendo de fora ou construindo um ídolo no clube. O Inter vai saber escolher os caminhos. Ambos ou o melhor deles. É fundamental ter o maior número de jogadores como referências, para impor respeito que um clube como o Inter necessita. O Inter pode ser melhorado sempre, mas não deve nada aos que hoje postulam o título."
Respeito ao torcedor
"É importante ter o maior número de jogadores com excelência, que consigam impor ao adversário o respeito que o Inter exige. Mesmo chegando no meio de temporada, vou procurar colaborar com a comissão técnica. O Inter, como disse, não deve a nível de elenco para essas equipes que postulam o título nacional. Você vê essa questão de oscilação é quase geral. Poucos clubes não oscilam. Requer tempo para consolidar elenco e time. Entendo que o Inter tem que voltar a ser protagonista como sempre foi em sua história. Colaborar, trabalhar na questão mental dos atletas. Todo o torcedor, eu tenho na família, muitos são colorados. Inclusive meu irmão, Luciano, de Santo Antônio da Patrulha, que é sócio, para que essa autoestima para que seja elevada, temos que passar essa mensagem para eles. E isso acontecem através das vitórias. Entender que é possível. Vai se transformar na contratação do Inter, que é ver o Beira-Rio lotado."
As cobranças ao cargo
"Recebo com muita tranquilidade. Como disse no início. Muitas vezes se coloca como desafio. Mas é como se tivesse inúmeras adversidades. Não vou comparar tamanho de clube, mas quando se está dentro do processo, você é cobrado igual. E tive nesses 10 anos praticamente dois acessos com o Vasco. Teve duas quedas muito próximas. Na minha primeira passagem, em menos de dois anos, dois anos e meio, foi conquistada uma Copa do Brasil inédita, vindo da Segunda Divisão em 2009. É possível, sim. Já faz parte do passado. Tenho absoluta certeza que todos tiraram aprendizado que ninguém queria ter tido. De alguma forma, tem que servir de lição. Não é esse fato que apaga o tamanho do Inter. Tem grandes conquistas. É obvio que chegando agora, vou procurar amplificar esse discurso, sim. Isso deve ficar no passado. Apesar das dificuldades financeiras, estruturais, vamos tentar atacar para controlar isso. Tem que mirar as primeiras colocações, ser protagonista. Não é o fato dessa queda que vai invalidar toda essa história. Eu fui adversário do Inter estando no Rio de Janeiro. Não foi por conta disso que se teve facilidade. No ano da queda do Inter, em 2016, o Flamengo veio jogar aqui, perdeu o título aqui. estava ganhando o jogo, o Inter virou. Estava ganhando a liderança, mas o Palmeiras ganhou o título. Não vai ter moleza. O Inter vai fazer um grande campeonato brasileiro com a segurança de um clube gigante que é."
O resgate do clube
"Algumas diferenças. Vou tentar ser breve. Desde a minha chegada ao Rio, eu fui em 2009, foi para reestrutura um clube que tinha recém caído e ainda foi numa Série B. Era urgente o fato de recuperar muito da autoestima dos seus torcedores. A minha primeira passagem durou três anos. Foi de reconstrução na parte de infraestrutura, de processos. Se atingiu o objetivo, o título nacional. O trabalho ainda se confunde o trabalho de executivo com conquista de título. A gente tem que fazer o certo, melhorar processos, colaborar na infraestrutura, de interagir com a comissão técnica. É o que é possível ser feito. Tem a disputa que você muitas vezes acaba não sendo o primeiro. Um clube da grandeza que passei, a obrigação é disputar lá em cima. Foi isso no Vasco, no Fluminense foi um pouco mais de agir mais do que exclusivamente. No flamengo foi atípico. Muito me honrou ter participado nesses três anos e quatro meses. É um trabalho que me deu orgulho. Os torcedores vão interpretar de forma errada. Em termos de título foi um estadual. Ter participado desse processo de reconstrução do clube é algo que me marcou demais. Todas as áreas do clube estavam interagindo. Se viu uma mudança de patamar não só de gerações de receitas. Vocês sabiam muitas das vezes como era a imagem e como é hoje. Cumprir compromissos, ter bom centro de treinamento. Essa relação é muito simplista. Pego um pouco de cada experiência para colaborar com o Inter. Em termos de resultado esportivo é fazer com que o Inter dispute tudo o que o Inter disputa em cima, como foi no Flamengo. Recuperar o protagonismo através do que pode fazer, com uma boa gestão."
A visão externa sobre o Inter
"O que aconteceu naquele ano foi uma surpresa (2016, a temporada da queda). O Flamengo enfrentou o Inter no primeiro turno, e o Inter era o líder. Eu não estaria aqui se eu não imaginasse o tamanho do clube. É obvio que o torcedor fica desconfiado (com o futuro do clube, devido ao descendo). Não resta a menor dúvida que o torcedor tem esse direito. Cabe a todos nós, aqui, todos engajados, recuperar essa autoestima, para que o torcedor perceba isso. Estamos num dos maiores clubes do futebol brasileiro e mundial. É impossível não pensar em coisas grandes. É inadmissível. Só vai perceber se passarmos isso para ele. Mesmo estando fora, a estrutura é de clube gigante. Não é demagogia. Se não, não teria feito a opção de aceitar essa responsabilidade. Não esse desafio. Tenho as melhores expectativas com o futuro do Inter."
Os quase 10 anos no Rio (trabalhando no Vasco e na dupla Fla-Flu)
"Aprendi muito nesses três anos e pouco lá. Te afirmo que muito provavelmente as dificuldades eram muito maiores do que as do Inter hoje. O Inter tem algumas vantagens de quando cheguei (ao Flamengo), no que diz respeito à infraestrutura. Tem estádio que dispensa comentários, um CT em muito boa condição. Chega em um estágio à frente. Geração de receitas e redução de despesas é obrigação de um gestor. Vim para colaborar nesse sentido nas demais áreas do Inter, com o que puder colaborar aqui."