O Inter já teve uma experiência de como derrotar o Grêmio em 2018: é bem verdade que foi um jogo daqueles extraordinários, vale lembrar que precisava ganhar e tirar três gols — venceu por dois e acabou eliminado do Gauchão —, mas a lição foi tirada. Precisa fazer uma partida de alta concentração, extrema dedicação e bom aproveitamento de oportunidades. Mas com a pressão dos quatro pontos conquistados em 12 disputados no Brasileirão e o encontro com o rival no melhor momento, como deve ser o comportamento colorado no Gre-Nal 416, marcado para as 16h de sábado, na Arena?
São várias respostas, para as diversas questões de um clássico. Animicamente, o desafio é recuperar a confiança. Há jogadores qualificados no grupo. Danilo Fernandes, Victor Cuesta, Nico López, D'Alessandro, Leandro Damião, Zeca, Rodrigo Moledo, Edenilson e Rodrigo Dourado são exemplos de atletas com passagens por seleção nacional, ou experiência, ou títulos importantes, ou experiência internacional. Mas que, tomados pela onda de pressão vivida pelo Inter desde 2016, acabam sucumbindo após um revés. Foi assim no Gre-Nal do Gauchão, em que o time amarrou o Grêmio no primeiro tempo, mas o gol sofrido nos acréscimos desencadeou o abatimento que se transformou em 3 a 0 no segundo. E também no jogo passado, contra o Flamengo. Enquanto a partida estava 0 a 0, havia equilíbrio e disposição, mas depois de levar o primeiro, perdeu o controle e teve até Pottker expulso por agressão em Vinícius Júnior.
— A falta de autoconfiança é tão prejudicial quanto o excesso — atestou a psicóloga Suzy Fleury, mestre em Psicologia do Esporte, ao site Vagas.
Essa observação está sendo trabalhada no Inter. Prova disso é a resposta de Lucca na entrevista coletiva desta terça-feira (8):
— A equipe deles está em um momento muito bom, mas do nosso lado também tem qualidade. Não podemos nos rebaixar, porque futebol é momento. O momento pode ser melhor, mas se a gente entrar em campo cabisbaixo ou de qualquer outra forma, as coisas não vão acontecer. É um jogo difícil, mas eu confio em mim, nos meus companheiros. Depois dos 90 minutos, a gente vai ver quem vence.
Em campo, Odair deverá promover a estreia de Zeca. E, ao contrário do que vem anunciando em entrevistas, usará o reforço no meio-campo, posição em que começou a carreira na categoria de base. A ideia é montar um tripé com Rodrigo Dourado e Patrick, soltando D'Alessandro, Lucca e Damião.
Nomes à parte, quando não estiver com a bola, o Inter precisará pressionar a dupla de volantes do Grêmio, Maicon e Arthur, na visão do jornalista Vinícius Fernandes, integrante do projeto Footure, portal especializado em análises táticas e técnicas do futebol:
— O Grêmio provavelmente irá a campo com dois extremas de velocidade e bom drible. Alisson é bom, Everton dispensa comentários, mas são jogadores que carecem de alimentação, que normalmente vem desses volantes, os criadores e protagonistas do jogo de toques associativo praticado pelo Grêmio. Para freá-los o Inter precisa tentar ao máximo reprisar seu comportamento no último Gre-Nal.
Na fase ofensiva, Fernandes apostaria em um estilo mais direto.
— A alternativa é explorar bolas longas em Leandro Damião. Ele pode escorar para alguém que vem de trás ou, caso perca no jogo aéreo, disputar a segunda bola pelo alto. Só a prevalência física pode dar algum êxito ao Inter.
A visão é compartilhada pelo analista do Uol André Nunes Rocha. Segundo ele, os jogadores colorados são moldados para usar a força e a velocidade, com mais intensidade e menos posse. Para isso, precisa que o treinador entenda o elenco que tem:
— O maior problema do Odair Hellmann não é a inexperiência, mas tentar adequar o elenco às suas convicções e não o contrário. É um equívoco comum entre os treinadores da nova geração. O Inter é um elenco que pede um jogo mais direto e intenso, não de posse. Contra o Fla aqui não fez uma coisa nem outra, quando vimos Pottker lá atrás acompanhando o Rodinei, e a saída pro contragolpe era com D'Alessandro e Damião.