O América-MG, time que insiste em acabar com a paz do Inter na liderança da Série B, começou a ser montado ainda na Primeira Divisão. A partir de outubro do ano passado, quando o rebaixamento mineiro já era uma realidade, a direção tratou de encaminhar uma remodelação para jogar a Série A em 2018 uma vez mais.
Para auxiliar o técnico Enderson Moreira na reconstrução do elenco, o clube contratou como diretor de futebol Ricardo Drubscky. Treinador do América-MG campeão da Copa São Paulo de Juniores de 1996 e da Copa Sul-Minas de 2000, Ricardo foi contratado para ajudar a comandar a mudança no América-MG. Objetivo: voltar à elite nacional e lá se manter por um bom tempo. Nesta quarta-feira, os mineiros estarão no Beira-Rio para disputar contra o time de Guto Ferreira a liderança da Série B.
- Daremos ao jogo contra o Inter a importância que ele merece. É claro que há grande expectativa pelo que essa partida pode desembocar lá adiante no campeonato. Sabemos o nosso tamanho. O nosso objetivo é subir. Subir e não cair no ano que vem, o que não tira o nosso desejo de ganhar do Inter, de sermos campeões da Série B, como fomos em 1997 - comenta Ricardo Drubscky. - O Inter tem obrigação de ser campeão, por tudo, pela história. Quando um gigante cai, cai com responsabilidades e o peso de voltar no ano seguinte - completa.
Apenas 14 jogadores permaneceram no América-MG que foi rebaixado em 2016. A maioria, jovens. Nomes como o meia-atacante Matheusinho, o zagueiro Messias e o volante Zé Ricardo são o futuro do clube. Técnico e financeiro. Nas últimas temporadas, o América-MG vem colhendo os frutos das negociações de suas pratas da casa, o atacante Richarlison (lucrou R$ 20 milhões, entre as vendas para o Fluminense e do Fluminense para o Watford) e o lateral Danilo (cerca de R$ 3 milhões, do América-MG para o Real Madrid e do Real Madrid para o Manchester City).
- Temos 40% do atual elenco formado por jogadores da base. O grande mérito do Enderson foi montar um conjunto forte. Enderson é um treinador de altíssimo nível e que está maduro. As passagens por Grêmio, Santos, Atlético-PR e Fluminense fizeram com que ele crescesse muito, além de trabalhar muito bem com atletas jovens - elogia Drubscky.
Com um orçamento enxuto, a folha do futebol do América-MG é de R$ 1,5 milhão - a do Inter custa R$ 7 milhões ao mês. Além dos jogadores da base, atletas rodados como o campeão mundial com o Inter Ceará, o atacante Edno (ex-Corinthians) e o meia Ruy (ex-Coritiba) reforçam um grupo que se mantém desde as primeiras rodadas na ponta da Série B.
- Ceará vem contribuindo demais com o nosso time. Buscamos ele porque tem forte ligação com Minas Gerais, foi bicampeão nacional com o Cruzeiro, mora em Belo Horizonte, e tem sido uma grande força em nosso vestiário - conta o diretor de futebol do América-MG. - Sobre o nosso orçamento ser baixo, se comparado ao do Inter, é a realidade do futebol brasileiro, onde se faz mais com menos. O Brasil nunca chegará ao nível europeu. Aqui, você começa a temporada sonhando ser campeão, mas preocupado em não cair. É só ver o que ocorreu com os grandes e o que está acontecendo com o São Paulo e com o Atlético-MG agora - entende Ricardo Drubscky.
A delegação do América-MG embarcará para Porto Alegre nesta terça-feira à tarde. A provável escalação para enfrentar o Inter: João Ricardo; Norberto, Rafael Lima, Messias e Ernandes (Pará); Zé Ricardo, Juninho, Matheusinho e Renan Oliveira; Hugo Almeida e Luan.