Fundado há mais de 13 anos, o Luverdense nasceu quase de um "Cidade contra cidade". Gaúcho de Santo Ângelo, o agrônomo Helmut Lawisch, 52 anos, fez fortuna plantando soja em Lucas do Rio Verde-MT. Certa vez, conversando com amigos, também fazendeiros e gaúchos como ele, mas, à época, dirigentes do União Rondonópolis-MT, foi trolado:
– Vocês, de Lucas, não têm nem time de futebol. Como querem comparar as cidades?
Depois da provocação, Lawisch se reuniu com alguns amigos e, em 24 de janeiro de 2004, nasceu o Luverdense Esporte clube. Nesta terça-feira, o Luverdense fará um jogo histórico: pela primeira vez, enfrentará o Inter. E no Beira-Rio.
– Eu disse: "Vamos mostrar pra esses gringos de Rondonópolis que eles não sabem de nada". Já passamos o União Rondonópolis há anos. Eles acabaram de ser eliminados da Série D. Nós, estamos há quatro anos na B e sonhando jogar a Série A em pouco tempo – responde Helmut Lawisch.
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Confira os principais trechos da entrevista:
O senhor é gremista ou colorado?
Eu fui gremista fanático. Estou há quase 14 anos no Luverdense e, hoje, torço pelos meus amigos. Fui para o Mato Grosso mil anos atrás, em 1984. Hoje, sou Luverdense. Contratei o Dinho o Cangaceiro uma vez. Perguntei a ele: "Para que time tu torce?". E ele disse: "Torço pelos meus amigos.". E é assim no futebol. Não existe mais isso de time do coração. O Grêmio nem sabe que a Luverdense existe. Torço é pelos meus guris.
O Luverdense está no Z-4 da Série B. Como pretende sair dessa?
Vamos trabalhar para sair logo. Com conversa, não se resolve nada. Ninguém quer ficar ali, na zona de rebaixamento. Mas temos de parar de empatar. Estou animado. Breve sairemos do Z-4. Quem sabe em 2020?
Em casa, o Inter já se atrapalhou com ABC, Juventude, Boa, Paraná e Criciúma. O Luverdense aposta nesse novo estigma do Beira-Rio ou entende que se dificilmente evitará a derrota?
Se fosse derrota certa nem viria. É óbvio que vamos tentar entornar o caldo do Inter. Sei o tamanho do Inter, mas, em campo, é quem joga mais. O Inter é favorito contra qualquer um da Série B, não apenas contra o Luverdense. Pela grana que tem, pela torcida que tem, pelo time que tem. Mas todos querem jogar mais contra o Inter. Nós também. Sei o tamanho do ferro quando o jogo começar. O Inter segue gigante, o Luverdense segue humilde.
O Luverdense já fretou ou fretará voo para jogar a Série B?
Se eu fretar um voo sequer, estouro o meu orçamento do mês. É impossível. Para jogar em Porto Alegre, a delegação foi de Cuiabá a São Paulo e de São Paulo a Porto Alegre. Cheguei antes porque estou em Santa Maria, visitando o meu sogro.
Qual o valor da folha do Luverdense?
Gira na casa dos R$ 400 mil. Trato de maneira empresarial. Não se gasta mais do que se tem. Tenho orçamento e fluxo de caixa. É fácil de fazer isso. Azar de quem faz errado. Quem não se prepara se assusta. Por isso, um time do interior do Mato Grosso joga de igual para igual com todo mundo. Nesse ano, já empatamos com o Corinthians na Arena (1 a 1, depois de perder por 2 a 0, pela Copa do Brasil), eliminamos o Avaí e fomos campões da Copa Verde. E a base vai bem. Vendemos o Luiz Otávio (zagueiro) para a Chapecoense e temos três, quatro guris bons de bola vindo aí.
Os jogadores do Luverdense estão preparados para jogar no Beira-Rio sob um frio abaixo dos 10° C?
Claro que não. Mas quando o jogo começar, tudo esquenta. Estávamos com 35° C em Lucas do Rio Verde.
No segundo turno, Luverdense e Inter será no Passo das Emas?
Nosso estádio comporta apenas 10 mil torcedores. Vamos avaliar. Seria um marco para a cidade, mas talvez tenhamos que jogar na Arena Pantanal, em Cuiabá.
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