Há um mês, Anderson deixava o Beira-Rio e era apresentado como o grande reforço do Coritiba para o primeiro semestre. Trinta dias se passaram e o jogador cedido pelo Inter até o final da temporada disputou apenas duas partidas. A terceira, será nesta quinta-feira, em casa, contra o PSTC. Eliminado pelo ASA, logo na segunda fase da Copa do Brasil, um dia depois da chegada do meia ao clube, o Coritiba disputa apenas o Campeonato Paranaense – onde ocupa a quarta colocação.
– Anderson ainda sente a falta de ritmo de jogo. O período em que ficou afastado no Inter parece pesar ainda. Mas ele foi bem nas duas partidas em que disputou pelo Coritiba. É titular do meio-campo, atua como segundo ou terceiro homem, deu qualidade ao setor e a simpatia da torcida – comenta Daniel Malucelli, setorista do Coritiba no jornal Gazeta do Povo. – Ele só não é "a cara" do time porque esse posto pertence ao Kleber (Gladiador) – emenda.
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Na transferência de Anderson, o Inter passou a bancar R$ 250 mil mensais ao seu ex-camisa 8 (atual número 18 no Couto Pereira). O clube paranaense, por sua vez, desembolsa outros R$ 250 mil (de uma folha mensal em verde e branco que não ultrapassa os R$ 4 milhões mensais), a fim de inteirar o salário total de Anderson, que é de R$ 500 mil – entre salários e luvas. Anderson não pretendia trocar o Beira-Rio pelo Couto Pereira antes de receber os atrasados.
Como estava fora dos planos do clube, ele ficou fora do esforço que a nova direção fez para pagar as dívidas dos vencimentos com o elenco do ano passado. Além disso, Anderson teria exigiu uma cláusula em seu contrato de empréstimo, obrigando o Inter a pagar em dia a sua parte do salário. Somente assim aceitou tocar o seu futuro longe do Beira-Rio.
– Me parece que Anderson caiu muito bem para o Coritiba. Mas, para azar dele, o momento do clube é ruim. Há uma grande divisão interna, com brigas entre os dirigentes, e com gente inexperiente no futebol. Isso está atrapalhando o time, de uma maneira geral – opina Edson Militão, comentarista do canal Sportv.
Pelo Coritiba, Anderson jogou 157 minutos. Foi até os 22 minutos do segundo tempo, em sua estreia contra o Prudentópolis, em 4 de março, na goleada por 3 a 0 (gols dos ex-gremistas Kleber e Henrique Almeida), e conseguiu disputar os 90 minutos do 0 a 0 com o J. Malucelli, no dia 11. É titular e vem atuando ao lado de Edinho (ex-dupla Gre-Nal) e de Alan Santos.
– Anderson jogou pouco ainda e é preciso dar um desconto, pois que o nível do Campeonato Paranaense é baixo, mas ele é titular e, ao que tudo indica, seguirá como uma das principais figuras da equipe daqui para a frente. Além disso, a sua adaptação foi prejudicada pela demissão do Paulo César Carpegiani, com quem sequer conseguiu jogar – analisa Carneiro Neto, colunista da Gazeta do Povo.
Neto lembra que as circunstâncias que levaram Anderon ao Couto Pereira não foram das mais favoráveis. Alceni Guerra, ministro da Saúde no governo Collor, e vice-presidente do Coritiba, tentou contratar Ronaldinho Gaúcho. Não para jogar, mas para ser uma espécie de embaixador do clube... no mundo. Trabalharia com o Diretor Executivo Internacional do Coritiba, o ex-Barcelona Juliano Belletti – em um ousado plano de expansão planetária do clube.
– É claro que esse plano de contratar Ronaldinho não deu certo. A proposta nem chegou a ele. Aí, o clube se dividiu e os torcedores chegaram a imaginar que Ronaldinho viria para jogar. Anderson chegou em meio a tudo isso, para acalmar a torcida – lembra Carneiro Neto.
Anderson tem contrato com o Inter até janeiro de 2019.
* ZHESPORTES