Se o Inter for rebaixado, o clube não apenas trocará de turma – deixando de disputar os grandes clássicos para enfrentar equipes como CRB, Luverdense e Londrina –, como perderá também prestígio, poderá ver os patrocinadores se afastando e desvalorizar a marca Inter (hoje a sexta mais importante do futebol brasileiro segundo a BDO consultoria) imediatamente.
Apesar do quadro nebuloso, nem tudo seria prejuízo. Segundo o diretor da Controladoria e Transparência do Inter, Sandro Farias, os novos contratos de TV já renderão ao clube pelo menos R$ 110 milhões na próxima temporada.
Leia mais:
Exame aponta lesão leve, e Ceará é dúvida do Inter contra a Ponte Preta
Inter volta ao trabalho visando recuperar lesionados para decisões
Alex destaca a importância do jogo com a Ponte Preta: "É final de Mundial"
– Conforme tem sido apresentado aos conselheiros e em nosso portal da transparência, o Inter tem condição de fazer um ano de 2017 em patamares financeiros muito próximos ao do atual exercício, independente de como será o nosso calendário em no ano que vem – diz Farias.
– Temos estabilidade de contrato com a TV e a Primeira Liga pode melhorar um pouco os seus valores. O contrato com a Nike é que tem uma diferença entre estar na primeira divisão e cair para a segunda, mas não chega a ser um valor relevante – acrescenta o dirigente, lembrando que o Inter fatura R$ 33 milhões ao ano com os patrocinadores, incluindo a fornecedora de material esportivo.
A previsão orçamentária do Inter para 2016 é de R$ 311,9 milhões. Atualmente, o faturamento bruto do clube na temporada está na casa dos R$ 250 milhões. Esse número poderá se aproximar da previsão inicial, caso o Inter faça alguma venda relevante após o Brasileirão.
– É um bom desafio para o próximo presidente pensar que terá um exercício financeiro parecido com o de 2016, com salários em dia e uma folha do futebol profissional na casa dos R$ 6 milhões, que é praticamente mantida com o faturamento mensal do Quadro Social (um total de 108.024 torcedores, com 19.388 inadimplentes). Essa folha ainda pode ser reduzida, se o novo presidente desejar – afirma Sandro Farias.
Se o caixa não será afetado imediatamente, a imagem do clube sofrerá efeitos que ainda não poderão ser mensurados.
– A marca Inter será afetada negativamente. A imagem é construída pela história. Se cair, o Inter perderá um de seus grandes orgulhos e ainda verá o torcedor adversário tirando proveito disso. Como imagem, a perda é muito grande – analisa Fernando Fleury, professor de Gestão do Esporte, na Uninove, de São Paulo.
– A marca Inter vale hoje R$ 609.2 milhões, e é a sexta mais valiosa do futebol brasileiro. Se for rebaixado, porém, ela sofrerá um impacto imediato e direto. Perderá esse posto, pois terá o seu potencial comercial reduzido – explica Pedro Daniel, consultor esportivo da BDO Brazil, auditoria que inglesa que analisa mercados de futebol. – Também será mais difícil para o Inter atrair atletas de ponta. Quem vai querer jogar a Série B? O atleta não quer se expor, o patrocinador também não. Além disso, será um clube com gastos de Série A, com receitas de Série B – justifica Daniel.
O professor Fleury também ressalta que o Inter será pouco visto pelo "mercado" do futebol. E que somente a participação na Florida Cup, voltada basicamente ao público norte-americano, como única aparição internacional, seria insuficiente para compensar a ausência na primeira divisão.
– Jogar a Série B, em vez de Libertadores, da Copa Sul-Americana e da Série A, resultará em menor visibilidade para o mercado, afetando diretamente o interesse de novos patrocinadores no clube – relata ele. – A segunda divisão é ruim, mas recuperável. Pode fazer com que até o quadro social cresça, pois, no primeiro ano da queda, a torcida tem um sentimento de família, de resgate. Porém, se não subir logo no primeiro ano, clube grande entra em colapso e a torcida passa a mão acreditar mais – conclui.
Prova de que a torcida tenta recuperar o clube amado no "Ano 1" do descenso e se cansa com reiterados fracassos é o Vasco. O torcedor vascaíno entrou em uma espécie de depressão, com o terceiro rebaixamento em oito temporadas, e sumiu de São Januário nesse segundo semestre.
– A média de público do Vasco caiu muito. Pudera, em oito anos foram três rebaixamentos. É o exemplo de clube que caiu e que não aprendeu nada com isso – pondera Gustavo Loio, repórter do jornal O Globo. – Em 2009, quando o clube jogou a Série B pela primeira vez, a média de público foi de quase 26 mil torcedores por jogo, hoje, ela é de apenas 8 mil torcedores – emenda Loio.
Já em Salvador, a empolgação dos torcedores mantém a média de público do Bahia na casa dos 13,8 mil torcedores por jogo – média superior à do Santos, na Série A, que é de 10,5 mil.
– Aqui, há um componente diferente: as torcidas estão acostumadas a subir e descer no Brasileirão. O Inter, não. E talvez isso seja mais impactante para time e torcida – diz Daniel Dórea, repórter do jornal A Tarde, de Salvador. – Ainda assim, a folha do Bahia é a mais alta da Série B: mais R$ 3 milhões. Renato Cajá recebe R$ 300, Hernane Brocado, R$ 250 mil, e a comissão técnica, com Guto Ferreira, R$ 450 mil. Tudo isso para que 2016 seja o último ano de Série B – acrescenta Dórea.
De volta ao Z-4, um ponto atrás do Vitória, o Inter começará a definir qual caminho trilhará no ano que vem a partir do dia 17, quando receberá a Ponte Preta, em casa.
Acompanhe o Inter no Colorado ZH. Baixe o aplicativo:
*ZHESPORTES