Argel Fucks é uma figura interessante. O astro da equipe de futsal do Grêmio Estudantil Gustavo Adolfo (Gega), a única da categoria de oito a 10 anos de Santa Rosa que contava com patrocinador - no caso, as camisas eram compradas pela Refrigeração Pingüim (na época, ainda com o trema), cujo proprietário tinha um dos filhos jogando no time - realizou o sonho de sua vida: treinar o clube do coração. Batizado Argélico, o zagueiro raçudo do Inter da primeira metade dos anos 90 - talvez o período moderno mais duro para o clube, devido à pressão pelo sucesso do arquirrival - sabia que voltaria ao Beira-Rio.
Argel, aos oito anos (o primeiro em pé, desde a esquerda), no time de Santa Rosa Foto: João Augusto Knuppe/Arquivo Pessoal
Pois o treinador, que completará 41 anos no dia 4 de setembro, encara o Inter pós-Aguirre como um desafio. Mas não se assusta. Encarar um vestiário parece fácil para quem já "dançou com o diabo", conforme palavras de Argel, depois de perder a irmã, em um acidente de carro, e o pai, assassinado. Lembra de ingressar na igreja para o velório do pai, após viajar de madrugada os mais de 500 quilômetros entre Porto Alegre e Santa Rosa. Havia operado o joelho e, de muletas, precisou se sentar para poder amparar a mãe e o irmão, que choravam ao lado do caixão. Argel cresceu na dor e com raiva. Tem convicção que terá sucesso no Inter. Se espelha em Diego Simeone, o argentino treinador do aguerrido Atlético de Madrid.
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Nesta conversa com Zero Hora, no Hotel Millenium, a concentração do Inter, Argel fala sobre futebol e sobre a vida. Só abaixa os olhos ao relembrar o drama familiar pelo qual passou. Neste momento, mexe na taça de vinho e na de água, as únicas bebidas que consome, além de roçar com o dedo o jogo americano de courino, que orna uma das mesas do restaurante do hotel. A seguir, as principais respostas de Argel Fucks, o treinador do Inter.
20 anos depois
Argel realiza sonho no retorno ao Inter e lembra tragédia familiar: "Passei no inferno"
Treinador de 41 anos assume o Inter pós-Aguirre como um desafio. Encarar um vestiário parece fácil para quem superou a perda da irmã, em um acidente de carro, e do pai, assassinado, ainda na infância
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