
Leocir Dall'Astra é um recordista. Nenhum técnico do futebol gaúcho está há tanto tempo no comando de um time como ele no Ypiranga. Já são quatro temporadas. Abraçou o clube de Erechim em 2012, quando o descenso já se tornava uma realidade.
Caiu e subiu com a turma do Colosso da Lagoa, conquistando a segunda divisão. Agora, está classificado para as quartas de final do Gauchão e próximo de ficar entre os quatro colocados, assegurando a decisão em casa na próxima fase. Para isto, precisa somar no máximo três pontos em seis.
O primeiro desafio será na noite dessa quarta-feira, contra o Inter, no Beira-Rio - em jogo atrasado da 6ª rodada. Mas o técnico de 51 anos terá uma baixa séria na equipe: Paulo Baier, lesionado, está fora. É como se Diego Aguirre não tivesse D'Alessandro. Baier é o camisa 10 do Ypiranga. Em todos os aspectos. Nada que desanime o mais longevo técnico do Gauchão 2015. Zero Hora conversou com Dall'Astra. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Além da vaga nas quartas, o Ypiranga projeta uma vaga à Série D?
Sim. Nosso grande adversário será o Cruzeiro, pois Lajeandense e Brasil-Pel já têm vagas nas competições nacionais. Um ponto contra o Inter será fundamental para ficarmos entre os quatro primeiros no Gauchão. Jogar a D seria espetacular. Ainda mais porque temos o sonho de em breve ascender à Série C.
E há dinheiro para investir no time do segundo semestre?
Estamos com uma estrutura boa, mas a verdade é que não temos o apoio da comunidade. Sou gringo, sei como os gringos são: não se comprometem tanto com o lado financeiro que o clube tanto necessita. O poder público também não nos ajuda muito.
Quanto custa a folha mensal do Ypiranga?
Está em R$ 158 mil, apenas para os atletas. O Paulo Baier não entra nesta conta, pois tem uma situação diferente. Baier se paga. Ele trouxe para o clube maior visibilidade, um aumento das vendas de camisetas e até de associados. Antes dele chegar, contávamos com 270 sócios. Hoje, são quase mil. Além de parcerias com algumas empresas, que se interessaram pelo clube por causa do Baier.
Mas a imagem do Paulo Baier não foi lá muito explorada pelo clube. Foi?
Baier puxou o Ypiranga no Gauchão, mas o clube demorou a investir forte na marca Baier. Quando ele chegou, não tínhamos departamento de marketing. Uma pessoa foi contratada 15 dias de pois de o Gauchão ter iniciado. Pelo nome que o Baier tem, poderíamos ter explorado muito mais o nome dele, uma pena que houve esta demora. E que isto tenha ocorrido somente agora, ao final do Gauchão.
Paulo Baier não enfrentará o Inter?
Infelizmente, não. Sentiu um desconforto muscular ao cobrar uma falta contra o Novo Hamburgo e precisou sair. Não terá condições de jogo. Perdemos três peças fundamentais para jogar no Beira-Rio: Baier, Preto (meia) e Betão (zagueiro). Mas não gosto de chorar desfalques.
Qual o segredo para se manter tanto tempo em um clube gaúcho? Nem a dupla Gre-Nal consegue isto.
Assumi com o clube já com um forte apontamento de rebaixamento, em 2012. Tive convites para sair, mas resolvi ficar. Gosto de trabalhos a longo prazo. Vencemos a Divisão de Acesso e, agora, estamos bem de novo. Mas tudo isto foi graças à direção, que acreditou no trabalho.
O Inter ainda é um time instável, apesar dos recentes bons resultados. É possível vencer no Beira-Rio?
Se tivéssemos enfrentado o Inter em meio à Libertadores e, nós, com o time completo, ganharíamos. Agora, espero beliscar um empate. Ou até vencer. Nada é impossível. Já estamos classificados às oitavas e nada temos a perder. Vamos a campo mais leves, o que pode nos ajudar.
Você já esteve no novo Beira-Rio?
Será a minha primeira vez. Como a de muitos de meus jogadores, que são jovens. Eles até podem tirar fotos, achar o estádio bonito, mas, em campo, serão 11 contra 11. Também nem quero que eles olhem para a folha do Inter (cerca de R$ 12 milhões). Se fosse assim, comparar uma folha com a outra, nem poderíamos ir a campo. Mas digo para eles: se vocês querem estar no lugar destes caras do Inter, então, essa é a hora de aparecer.
*ZHESPORTES