A novela Arena teve mais um capítulo na última terça-feira (22). E, desta vez, foi o Grêmio que terminou o dia como protagonista. O Tricolor acertou a compra, junto ao Banrisul, de parte da dívida da construção do estádio. Um movimento que, na avaliação de fontes ouvidas por Zero Hora, tem como objetivo garantir mais proteção aos interesses gremistas em relação à Arena Porto-Alegrense, empresa gestora da casa do clube.
Segundo o Tricolor informou em nota, o negócio "evita que a fatia da dívida caia no controle de investidores não comprometidos com o Grêmio e fortalece o clube na busca de soluções a questões de gestão que se acumulam desde a inauguração do estádio".
A operação foi revelada na manhã de terça-feira pelo colunista de GZH Jocimar Farina. Segundo o jornalista, o clube pagou R$ 20 milhões ao Banrisul para adquirir a dívida contraída pela OAS, agora chamada de Metha, junto ao banco gaúcho para a construção da Arena. O empréstimo feito para a construtora iniciar as obras foi de cerca R$ 75 milhões, valor que atualmente teve acréscimos de juros e correção monetária, e que deveria ser pago pela Arena Porto-Alegrense. Esse é o nome da empresa criada para tocar a operação do estádio. A estimativa de pessoas ouvidas por ZH é de que o valor atualizado da dívida comprada pelo Tricolor renderá um crédito superior a R$ 100 milhões.
A transação era tratada como fundamental em razão de um movimento que aconteceu neste ano. Investidores compraram parte da dívida que a OAS tinha com Santander e Banco do Brasil. Foram pagos em torno de R$ 40 milhões pela SDG II Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados. O grupo fez a aquisição com objetivo de também adquirir a gestão do estádio até 2033, quando a Arena Porto-Alegrense encerrará o direito de explorar o complexo. A SDG II também tentou comprar a parte do Banrisul da dívida, sem sucesso.
A parceria entre o Grêmio e o Banrisul é avaliada por pessoas com conhecimento da negociação como fundamental para o desfecho noticiado. Agora, com o Tricolor como credor da Arena Porto-Alegrense, o clube ganha um trunfo importante para evitar ter outra empresa ditando como deve ser feita a operação do estádio. Mas que também será utilizado como elemento de barganha para eventuais futuras conversas sobre o direito de explorar a Arena pelos próximos nove anos. Pelo contrato firmado antes do início das obras, a partir de 2033 o clube seria o único responsável pela gestão do estádio. Isso desde que se cumpra a previsão de troca de chaves da Arena e do Olímpico. Outro entrave muito difícil de ser resolvido.
— O fato é que se trata de uma parte relevante da dívida da gestora da Arena e que, agora sob controle do clube, amplia o poder do Grêmio nas negociações sobre a operação da Arena — disse o vice do Conselho de Administração, Eduardo Magrisso.
Depois de o ex-presidente Romildo Bolzan ter ficado, em mais de uma oportunidade, muito próximo de fechar a compra da operação da Arena, a atual gestão também chegou perto em dois momentos de ter o clube como responsável pelas decisões do estádio. A primeira aconteceu em 2023, mas não avançou na reta final das tratativas. A segunda, e ainda mais próxima do desfecho desejado pelos gremistas, foi em março. Mas uma das condições para o negócio caiu antes da assinatura do acordo. O Tricolor precisaria comprar a dívida total da Arena Porto-Alegrense com os bancos envolvidos, mas a SDG II fechou a transação junto ao Santander e ao Banco do Brasil e barrou o acerto.
No momento, é dito por fontes consultadas por ZH que uma nova negociação entre o clube e a empresa gestora do estádio é improvável de ocorrer a curto prazo. Mas esse débito em aberto poderá ser uma carta na manga do Grêmio para eventuais novas conversas.
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