Lorena da Silva é uma das três goleiras que estão no elenco principal do Grêmio. As atuações de destaque não só garantiram a titularidade com a treinadora Patrícia Gusmão como chamaram a atenção da comissão técnica da Seleção Brasileira Feminina. Aos 25 anos, ela assumiu a titularidade nos últimos jogos com Pia Sundhage e vive a expectativa pela Copa América. Enquanto a convocação final não vem, o trabalho segue no clube em busca da classificação no Brasileirão Feminino.
Para quem já viu as defesas de Lorena, especialmente, de pênaltis, fica difícil de acreditar que a escolha da posição poderia ter sido diferente. Entre os 12 e 13 anos, jogava como zagueira em um time de bairro com os amigos em Ituverava, no interior de São Paulo. Foi nessa época que veio a descoberta para o futuro. Em um dos jogos decisivos pelo “título do refrigerante”, o goleiro da equipe foi desfalque de última hora. Lorena assumiu a responsabilidade e deixou bem claro:
— Eu não vou tomar nenhum gol aqui e vocês vão marcar lá na frente para tomarmos o refri depois – relembrou a goleira do Grêmio.
Algumas boas defesas naquele jogo fizeram com que o grupo a elegesse para ficar no gol. No começo, não era bem o que desejava, mas a sequência provocou mudanças. Quando defendeu o primeiro pênalti, veio a certeza da posição em que queria ficar.
— Quando eu peguei o primeiro pênalti, todo mundo me abraçou. Aquela emoção de todo mundo me parabenizando, vibrando comigo, sentindo aquela confiança em mim, me fez querer estar ali.
A construção da carreira veio com passagens pelo Bangu, Centro Olímpico-SP até a assinatura do primeiro contrato profissional com o Sport, em 2017. Já com passagens pelas categorias de base do Brasil, onde foi campeã Sul-Americana sub-20, Lorena desembarcou em Porto Alegre em 2019, e se tornou a primeira gremista a ser chamada para a seleção principal desde a retomada do projeto do clube.
— Pra mim, tem sito muito gratificante. Eu agradeço muito a Deus por estar me abençoando com esse momento. Eu vivo uma expectativa muito grande de estar jogando nas competições pela Seleção, mas sei que isso é fruto do meu trabalho dentro do clube. É seguir trabalhando cada dia mais, conseguir evoluir e chegar em um patamar ainda melhor.
Lorena é uma das novas caras da seleção feminina e aposta para o novo ciclo de reformulação de Pia Sundhage. Somente em 2022, ela foi titular em quatro dos cincos jogos preparatórios. Há expectativa que ela possa ser a titular na Copa América Feminina, que será disputada em julho, na Colômbia, valendo três vagas diretas para o Mundial de 2023.
— A gente muda a “chavinha” (risos). São duas coisas (clube e Seleção) diferentes. Jogando com a camisa do Brasil, pegamos adversários mais fortes, como Espanha, Suécia, Estados Unidos. É um outro jogo, outro nível de concentração, uma emoção diferente. Mas a titularidade ainda está em aberto. Independentemente de quem vai jogar, temos grandes goleiras fazendo belos trabalhos. Eu procuro trabalhar muito para chegar lá e ter oportunidade.
Exemplo de um caso de observação no futebol nacional, Lorena foi observada pelo trabalho de captação da técnica da Seleção Feminina. A construção deste novo ciclo tem passado por análises das mais diversas atletas.
— A Pia assiste a todos os jogos do feminino. Estão todas sendo olhadas a todo momento. Colocou a chuteira, está sendo observada. Ela está dando oportunidade para todo mundo. Foram várias convocações diferentes, está investindo nesse novo ciclo, mesclando a nova geração com a mais experiente. Isso agrega muito para quem tá chegando agora.
Especialista em pênaltis
Nome completo: Lorena da Silva Leite
Nascimento: 6/5/1997 (25 anos)
Altura: 1m83cm
Naturalidade: Ituverava - São Paulo
Entre os torcedores e adversárias, a goleira já ficou conhecida por uma especialidade: a defesa de pênaltis.
No vice-campeonato da Supercopa, foi peça fundamental na disputa dos mata-matas, e segue fazendo a diferença em partidas do Brasileirão. Recentemente, no jogo contra o Santos, houve um momento especial quando pegou a cobrança de Cristiane, na Vila Belmiro.
— Foi uma emoção muito grande. Ela é uma das melhores atacantes. Foi uma honra pegar um pênalti dela — revelou.
Para chegar ao êxito, Lorena se prepara de diversas formas. Desde as estatísticas até as orientações da comissão técnica, tudo é usado para uma melhor preparação antes das partidas.
— Tem todo um estudo por trás disso, como as adversárias cobram. Mas o mais importante é ter calma para tomar a melhor decisão. Nem sempre a estatística se comprova. Eu procuro analisar a corrida, o lado que a jogadora olha. É uma leitura muito rápida, e tento executar a melhor defesa.
Em se tratando de orientações, preparo e treinamentos, uma profissional tem feito a diferença na vida de Lorena: Sol Farias. Ela e a preparadora de goleiras do clube trabalham juntas desde a sua chegada ao RS, em 2019.
— Ela tem sido uma peça fundamental na minha vida profissional. Ela me acompanha desde que eu cheguei aqui, e eu tive um crescimento muito grande. Na decisão da Supercopa, que eu falhei no lance do gol, ela chegou ali e me incentivou. O trabalho dela interfere diretamente na minha performance.