No próximo sábado (28), o Grêmio viverá eleições para renovar 50% de seu Conselho Deliberativo. São apenas duas chapas inscritas e, em uma delas, um nome chama atenção: Celso Rigo. O empresário do ramo alimentício, que caiu nas graças da torcida por ajudar o Tricolor a contratar alguns atletas na última década, é o número seis da Chapa 2.
Em entrevista por telefone direto de São Borja, ele explicou ao GaúchaZH por que resolveu ingressar na vida política do clube, projetou a semifinal da Libertadores, o trabalho de Renato Portaluppi e, questionado sobre um possível desejo de presidir o time do coração, brincou: "Só se for na próxima encarnação".
Como foi o convite para o senhor compor uma das chapas?
O convite foi feito pelo presidente Romildo, mais para se aproximar, em reconhecimento pelo que a gente tem feito pelo clube ao longo dos anos, ajudando na contratação de jogadores como Giuliano, Bolaños, entre outros, e com aportes financeiros em momentos de dificuldade. Tem muita coisa que não vai para a mídia porque é de consumo interno. Então, o presidente achou por bem me fazer este convite, para ficar mais próximo, contribuindo cada vez mais.
O fato de o senhor virar conselheiro não impediria sua atuação como um investidor no clube?
Não exitem mais investidores no futebol. Esse termo foi excluído pela Fifa e, desde 2015, não existe mais participação em passes de atletas. Quanto ao aporte financeiro em momentos de dificuldades, é uma parceria. Sempre cobrei juros o menor possível, abaixo do valor de mercado. É isso o que venho fazendo nestes últimos anos. Não tenho participação em passes. Então, como conselheiro, não muda nada. Qualquer outro conselheiro pode fazer.
Nas últimas eleições para o Conselho Deliberativo, chegaram a ter sete chapas concorrendo. Agora, são apenas duas e ambas apoiam o presidente. A que se deve isso?
É habilidade política do presidente, que conseguiu fazer essa conciliação. Vai além da gestão financeira, que vejo com muito bons olhos. É também gestão política do clube. Isso só vem a agregar valor e evitar disputas desnecessárias.
O senhor se aproximou da direção do Grêmio na gestão do presidente Fábio Koff. Depois, continuou com Romildo. Como é a relação entre vocês?
Eu viajava com a delegação em jogos da Libertadores, para a Argentina e outros países, e conheci o Romildo nessas viagens. Sempre tivemos boa relação. Fomos conversando e senti muita firmeza quando ele assumiu o clube. Entre tantos outros nomes, o Koff indicou ele e deu certo. O trabalho do Romildo é fantástico. O clube estava em uma situação difícil lá atrás e, apesar das dificuldades, nunca deixamos de dar crédito e participar financeiramente. Isso se resume no que vemos hoje, com a gestão se aproximando da aquisição da Arena e conquistando títulos.
E dentro de campo, qual sua expectativa para o restante da temporada? Tem a semifinal da Libertadores contra o Flamengo.
A gente tem esperança. O Flamengo é badalado, considerado um time europeu pela qualidade técnica de seus jogadores, mas o Grêmio é copeiro. Temos bons jogadores, uma equipe bem montada. Existem os problemas de lesões do Geromel e do Jean Pyerre que prejudicam um pouco, mas de qualquer forma temos chance, sim. O plantel é muito bom. Eles (Flamengo) são favoritos, mas nem sempre o favorito ganha a disputa.
Como gremista, o senhor deve ter Renato Portaluppi como ídolo, por tudo que ele fez como atleta. E como treinador, qual sua opinião sobre ele?
Ele é bastante pragmático, para mudar custa um pouco. Mas é a convicção dele. Agrega no conjunto da obra. Não tem como contestar quem vem ganhando títulos. Ele tem gordura para queimar. A torcida sempre questiona alguma coisa em todos os treinadores, faz parte do futebol, mas tem que ver os resultados. Se olharmos e compararmos com outros técnicos cascudos, o Renato ainda é linha de frente, apesar de algum detalhe. Gosto dele. É o treinador e tem que continuar.
O senhor almeja ser presidente do Grêmio no futuro?
Como eu sou espírita, e tem bastante gente na minha frente (na política do clube), acho que posso ser presidente só na próxima encarnação. Nessa vida acho que vai ser difícil (risos).