O Grêmio conta com o espírito de Luan para o jogo da noite desta terça-feira (23), contra o River Plate, em um Monumental de Núñez abarrotado, pela semifinal da Libertadores. E tanto faz se seu nome estará na lista que Renato Portaluppi divulgará por volta de 20h45min, uma hora antes da partida. É que, mais uma vez, o camisa 7, melhor jogador da América no ano passado, deixou claro que, mais até do que a qualidade que todos conhecem, é sua atitude que tem feito a diferença. Mesmo sem estar 100%, ainda em recuperação de uma fascite plantar que o acompanha há tanto tempo, pediu para viajar, falou que não tem dores, treinou e se colocou à disposição para o primeiro dos dois jogões que vão sacudir Buenos Aires nos dois próximos dias.
É até curioso que um jogador com essas características tenha ouvido vaias e contestações em alguns momentos, sendo chamado de sonolento ou insolente. Porque Luan já mostrou várias vezes que não tem nada disso. Ano passado, por exemplo, fez questão de jogar contra o Botafogo, visivelmente descontado, nas quartas de final da Libertadores. Depois, pediu para Renato escalá-lo, também em jogo contra o Botafogo, pelo Brasileirão, porque ainda sonhava com vaga na Seleção. E em campo, provou com gols e assistências sua importância.
— Acima de tudo, tem de dar os parabéns para o Luan porque ele sempre quer jogar. Claro que nem sempre consegue, mas está sempre à disposição. E estamos falando de um jogador de nível de Seleção e traz preocupações também para os adversários — comentou Renato Portaluppi, em entrevista exclusiva ao Sala de Redação de segunda-feira (22).
O treinador explicou a reviravolta que mudou tudo o que havia dito após o empate dos reservas com o América-MG, pelo Campeonato Brasileiro. Naquele sábado (20), depois do jogo, o técnico informou na entrevista coletiva que não contaria nem com Luan nem com Everton na viagem para Buenos Aires. Pois na noite de domingo (21), Luan estava no avião.
— Fui pelo relatório médico, que dizia que ele tinha dores. E jogador com dor e sem treinar não tinha como colocar na viagem. Ontem (domingo) ele me procurou, falou que estava com muita vontade de jogar e estava sem dores. Falei para treinar e depois conversamos. Ele ficou bem e veio — disse.
Apesar da recuperação, Renato não garantiu a presença do jogador. Despistou o quanto pôde, citou planos A, B e C, com ele e sem ele. Vai fazer o mistério que acompanha as grandes decisões. Por Luan, vai ao campo.
— Se não pudesse jogar, não teria nem vindo — declarou secamente no aeroporto, relatando que havia feito mais um trabalho especial com o preparador físico Rogerinho.
Foi com Rogerinho que Luan ficou conversando depois de deixar a atividade na metade do rachão. Bateu um papo com Renato, ouviu que segurasse um pouco o ritmo. Sentou-se sobre a bola, ao lado da trave e passou a ser torcedor e corneteiro dos companheiros — viveu um momento de arquibancada. Deixou o campo caminhando normalmente, chuteiras ainda calçadas.
Pela desenvoltura no treino, é possível deduzir que estará em campo. Pela saída mais cedo, a conclusão é de que ainda preocupa.
— Vamos ver como se comporta, como vai acordar amanhã. Só quem sente as dores é o jogador — argumentou Renato.
E a expectativa pela presença de Luan não mexe só com os gremistas. Nos noticiários esportivos, o jogador é o assunto mais comentado. Para os analistas argentinos, o Grêmio muda de status com ele em campo. Trata-se do nome mais badalado do time gaúcho, segundo os hermanos. Tem mais moral do que Everton e Kannemann, recém convocados para suas seleções nacionais. Especula-se que sua presença possa mudar até o jeito de o River jogar (apesar da promessa de Marcelo Gallardo de sufocar desde o início).
No Grêmio, a presença de Luan abre duas possibilidades para Renato escalar a equipe. Ele pode ser "centroavante", ou pelo menos jogar mais avançado, ao lado de Alisson, por exemplo, formando um meio mais recheado, com Maicon, Cícero, Ramiro e Thaciano. Ou pode manter sua formação mais tradicional, com Maicon e Cícero como volantes, Ramiro, Luan e Alisson mais adiantados e Jael na frente.
De fato, tudo muda com Luan.
— Todo mundo sabe, ele já foi melhor jogador da América, é muito importante para nós. Esperamos poder contar com ele, mas ainda nem sabemos o time que vai a campo. Tomara que ele possa atuar — finalizou Kannemann.