Diante do impasse sobre o retorno do futebol em território gaúcho, é comum recorrer ao que acontece na Europa para ter um parâmetro do que pode ser feito por aqui. A tendência é que os olhos se voltem para os principais campeonatos do continente, como Bundesliga, Premier League e La Liga. No entanto, Alemanha, Inglaterra e Espanha, até mesmo por apresentarem uma população maior, contabilizaram muito mais mortes ao longo da pandemia de coronavírus — o que dificulta a comparação com o Rio Grande do Sul.
Para aproximar as realidades, GaúchaZH observou a relação de países com um número de habitantes semelhante ao do Estado, estimado em pouco mais de 11,3 milhões pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desta forma, é possível traçar um paralelo mais fiel sobre a forma como a covid-19 afetou cada uma das realidades esportivas e tirar perspectivas para o futebol gaúcho.
Rio Grande do Sul
Até o último domingo (5), foram contabilizadas 727 mortes, sendo que o recorde de óbitos ocorreu há apenas sete dias, em 29 de junho, quando 27 pessoas perderam a vida em função da covid-19.
Na última atualização das bandeiras do programa de distanciamento controlado, o governo do Estado sinalizou com a possibilidade de retomar o Gauchão entre o final de julho e início de agosto. No cronograma apresentado pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF), a ideia é voltar à disputa no dia 26 de julho — ou seja, 27 dias depois do recorde de mortes, caso não sejam computados números superiores a este a partir de agora.
Localizada entre França e Alemanha, a Bélgica é o país europeu que possui a população mais próxima do Rio Grande do Sul: 11,5 milhões de habitantes. Apesar disso, os belgas superam 9 mil mortes ocasionadas pela doença, o que os coloca como a segunda maior média de mortes por 100 mil habitantes (85,54 segundo o Instituto Johns Hopkins). A explicação se dá pela forma como as autoridades locais encaram a pandemia, colocando na conta da covid-19 até mesmo casos suspeitos — ou seja, que não tiveram sua comprovação por meio de testes. O recorde de mortes se deu no dia 10 de abril, quando foram computados 496 óbitos.
Por conta destes números, a Federação Belga declarou o Brugge como campeão nacional ainda em maio e deu por encerrada a Jupiler Pro League. As equipes voltaram a treinar há apenas duas semanas e já realizaram amistosos. Entretanto, o torneio oficial só recomeçará depois do dia 31 de julho.
Com uma população de cerca de 10,8 milhões de pessoas, os gregos são citados como um dos melhores exemplos de enfrentamento à pandemia. As medidas rígidas de isolamento adotadas pelo governo fizeram com que o país não chegasse a 200 mortes no total. Esta situação permitiu que o campeonato nacional voltasse a ser disputado no dia 6 de junho — 64 dias depois depois de registrar o maior número de mortes (10 óbitos), no início de abril.
De todos os países citados na reportagem, a República Tcheca foi quem levou menos tempo para retomar seu torneio local — 39 dias depois do recorde de óbitos, quando foram registradas 18 mortes. Com aproximadamente 10,7 milhões de habitantes, o país localizado na região central da Europa não chegou aos 400 mortos desde o início da pandemia.
O auge da pandemia chegou para os lusitanos ainda em abril, quando foram registrados 37 óbitos. O futebol só foi retomado no país 61 dias depois da redução desta curva. No mesmo dia em que Braga e Boavista marcaram o retorno das partidas no país, o governo registrou 20 mortes. Portugal já superou os 1,5 mil mortos durante a pandemia.