Pela primeira vez desde que o Campeonato Gaúcho adotou a fórmula atual, haverá uma decisão de turno sem a presença de Grêmio ou Inter. Mesmo sem o poderio financeiro da Dupla, Caxias e Novo Hamburgo têm as melhores campanhas da competição e disputam, nesta quarta-feira, o título da Taça Piratini. Saiba quais são as receitas desses clubes para chegar à final:
Caxias
Surpresa, só mesmo para quem acompanha de fora. Comissão técnica e jogadores do Caxias não classificam como acaso a campanha no Gauchão. O fato é que a chegada do clube à decisão da Taça Piratini, amanhã, às 22h, contra o Novo Hamburgo, com apenas uma derrota e a eliminação do Grêmio, quebrou todas as bancas de apostas feitas antes do Estadual.
Trabalho. Eis a explicação para o sucesso. A própria direção não esperava uma resposta tão boa do grupo, reformulado neste ano.
- Não achamos que o grupo fosse maturar em tão pouco tempo. Foram trazidos reforços e um time precisa de tempo para adquirir entrosamento - afirma o diretor de futebol Marcus Vinícius Caberlon.
Um dos principais responsáveis por conseguir azeitar o time e fazer com que a filosofia de trabalho fosse assimilada em tempo escasso foi o técnico Paulo Porto.
- Não tinha dúvida, pela dedicação e entrega dos jogadores - salienta o treinador, no melhor momento da carreira de 13 anos.
O treinador afirmou ontem que não conseguiu dormir na noite seguinte ao duelo contra o Grêmio. Na lembrança, outro momento marcante. Em 2007, quando o Veranópolis, então dirigido por ele, eliminou o Inter campeão mundial do ano anterior, do Gauchão.
- Foi a confirmação da campanha. Eu tinha a convicção de que não seríamos eliminados. Nós tínhamos uma equipe melhor e o Grêmio jogadores mais caros e um time em formação.
O presidente Osvaldo Voges é outro que não cabe em si de felicidade. Desde que entrou no futebol, em 2007, ainda como investidor do Caxias, ele não vivia um momento tão bom.
- Nos outros anos, a bola batia na trave e saía. Agora, ela bate e entra - ressalta.
Novo Hamburgo
A geografia foi responsável por transformar o Vale do Sinos em um caldeirão. No calor dele, o Novo Hamburgo se preparou para ir à final da Taça Piratini. Desde 2010, o clube é um dos poucos do Interior que consegue manter o departamento de futebol funcionando o ano inteiro. Investindo nas categorias de base, montou um grupo que mescla experiência e juventude.
Salários em dia e uma administração forte levaram o clube a manter investimentos expressivos nos últimos dois anos. Além disso, desde as goteiras nas cabines de imprensa até problemas pessoais dos jogadores passam por um homem: Maurício Andrade, o diretor executivo.
- Acabamos com a cultura da passividade. Aqui todas as tarefas são executadas na hora, nada fica para depois - afirma o diretor.
Mas o fluxo de recursos no clube não é suficiente para todas as contas do Estádio do Vale. Para o dinheiro render é preciso criatividade.
- Procuramos um empresário para colocar uma placa publicitária no estádio. Ele disse que não tinha dinheiro para investir, mas poderia nos dar um colchão que valia R$ 3 mil. Fizemos um contrato de um ano, sorteamos o colchão e arrecadamos R$ 5 mil - lembra Andrade.
Enquanto muitos dos clubes montaram seus elencos para a disputa do Gauchão, o Novo Hamburgo formou sua base na Copa Laci Ughini, desde a chegada do técnico Itamar Schulle, há nove meses. Dos 33 atletas do grupo profissional, nove chegaram neste ano.
- Fizemos contratações para agregar, não para formar um time completamente novo. Esse é um diferencial importante - afirma o treinador.
*alisson.coelho@zerohora.com.br e daniel.angeli@pioneiro.com