A Copa do Mundo de 2027 promete ser histórica. A Fifa quer usar o primeiro mundial feminino no Brasil para transformar o patamar do torneio à nível global. Para entender os processos deste desafio até 2027, a reportagem de GZH entrevistou Sarai Bareman, diretora de Futebol Feminino da Fifa.
Neste momento, está ocorrendo no Brasil um das etapas de organização. Membros da entidade estão percorrendo cidades e estádios que estão indicados para receber a Copa.
Porto Alegre e o Beira-Rio, estádio do Inter, já receberam a primeira inspeção. A cidade está na concorrência com outras 11 candidatas. O resultado final será conhecido em 2025.
Como a Fifa acredita que a Copa do Mundo terá impacto sobre o futebol feminino no Brasil?
Para nós, é muito mais do que um simples torneio. É realmente uma oportunidade de acelerar o desenvolvimento do futebol feminino em escala global. E sabemos que não há lugar melhor hoje para acelerar o crescimento do que o Brasil e a América do Sul. Portanto, esta é uma oportunidade de desenvolver o esporte, mas também de causar um impacto duradouro no país. No período que antecede e sucede o torneio, uma nova onda de meninas vai querer jogar futebol - e o Brasil precisa estar pronto para recebê-las de braços abertos. Portanto, é muito importante entendermos que, trabalhando juntos, podemos construir algo que é muito mais do que um torneio ou um evento - trata-se do que acontece depois e do impacto que deixamos para todas que querem fazer parte desse esporte incrível.
É realmente uma oportunidade de acelerar o desenvolvimento do futebol feminino em escala global.
As cidades candidatas a sediar a Copa do Mundo estão sendo visitadas pelos membros da Fifa. Seria possível fornecer mais detalhes sobre as questões que serão fundamentais na escolha dos locais?
A Copa do Mundo Feminina é o topo do nosso esporte e as jogadoras devem receber todas as oportunidades para maximizar o seu potencial. Isso significa que as instalações, os gramados, as acomodações, o transporte, cada elemento desse torneio deve ser de altíssimo nível. O processo de seleção também leva em conta o custo de sediar o torneio em cada uma das possíveis cidades-sede e a receita que poderia ser gerada. Mas, como eu disse, isso é muito mais do que um torneio. Precisamos entender como as cidades usariam essa oportunidade para causar um impacto positivo em suas comunidades e incentivar meninas e mulheres a se envolverem com o futebol.
Muitos brasileiros acompanharam o processo de preparação do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014. Desta vez, porém, será a primeira vez que uma Copa do Mundo Feminina será realizada no Brasil. Quais são as semelhanças e diferenças em termos de preparação do Brasil para sediar este Mundial?
No início deste ano, estivemos no Brasil para uma inspeção como parte do processo de candidatura. Vimos alguns dos grandes estádios oferecidos e a infraestrutura que foi bem utilizada para a Copa do Mundo de 2014. Mas este torneio também tem a sua própria identidade e é importante reconhecermos que muita coisa mudou desde lá. Por isso, estamos ansiosos para trabalhar com o Brasil para fazer história e entregar o melhor possível para o torneio, os anfitriões, as equipes e os torcedores, ao mesmo tempo em que conduzimos o futebol feminino a um novo patamar. Nos últimos dez anos, os padrões operacionais da Copa do Mundo Feminina aumentaram exponencialmente. Estou muito feliz por termos as melhores e maiores arenas do país indicadas a sedes para o torneio, porque esse é o nível de palco que queremos oferecer para o maior evento esportivo feminino do mundo. É o que as nossas jogadoras e os torcedores merecem.
As últimas edições da Copa do Mundo foram marcadas por algum tipo de novidade na organização. Os brasileiros também podem esperar algo novo em relação à última Copa do Mundo?
O que vivenciamos nas duas últimas edições desse evento realmente surpreendeu o mundo. Em poucos anos, batemos recordes de público nos estádios e na audiência global e chegamos ao nível de serviço que nossas atletas merecem. Também demos um passo ambicioso ao expandir o torneio para 32 equipes em 2023, uma decisão que provou ser bem-sucedida. Agora, veremos um número recorde de equipes competindo nas eliminatórias e mal podemos esperar para ver mais e mais associações (seleções) competindo por uma vaga para representar seu país no palco mundial. Em 2027, os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil. O nosso desafio é levar esse torneio a um novo patamar e tornar o futebol feminino, da base ao nível mais alto, verdadeiramente global.
O Brasil é apaixonado pelo futebol feminino e que está pronto para receber o mundo
SARAI BAREMAN
Diretora de Futebol Feminino da Fifa
Que expectativas a Fifa espera que sejam atendidas com a realização da Copa do Mundo Feminina no Brasil pela primeira vez?
Estamos entusiasmados em trazer o torneio para a América do Sul e para o Brasil pela primeira vez. O torneio é uma oportunidade única para desenvolver o nosso esporte em todo o continente sul-americano, em todos os níveis, dentro e fora do campo. Fiquei muito feliz em saber que, no ano passado, durante a Copa do Mundo Feminina 2023, apesar da grande diferença de fuso horário, 69 milhões de brasileiros assistiram aos jogos. E desses 69 milhões, 24 milhões tinham entre 13 e 34 anos de idade, o que mostra que o Brasil é apaixonado pelo futebol feminino e está pronto para receber o mundo. Tivemos ótimos números em 2023, mas recordes são sempre feitos para serem quebrados, e estamos ansiosos para fazer isso novamente no Brasil em 2027.