Ser cabeça de chave em sorteios de Copa do Mundo não é novidade para o Brasil. Figurar aos olhos do mundo como favorito natural também faz parte de uma normalidade. O que fugiu do comum antes do Mundial do Catar foi o fato da campanha impecável nas Eliminatórias, com direito a recorde de pontos, devolver aos brasileiros o primeiro lugar no ranking da Fifa exatamente um dia antes da definição dos grupos para a competição.
O assunto esteve intensamente nas rodas e resenhas sobre a Copa desde o início até o final do 46º Congresso da Entidade, rivalizando em intensidade com a colocação de Alemanha e Holanda entre os times do chamado Pote 2.
Mesmo não havendo um grande valor prático para isto, jogadores e o técnico Tite já tinham valorizado o desempenho inédito nas Eliminatórias e agora transferem este orgulho para a posição de número um do mundo através do ranqueamento da Fifa. Em Doha para o sorteio, o ex-atacante Bebeto mostra empolgação, mas sabe o quanto é necessário se acautelar.
— Copa do Mundo é parada dura. Jogo que parece fácil termina dificultando. Quem vier a gente tem que passar mesmo. Eu acredito demais na minha seleção. A equipe amadureceu demais e depende da força do grupo. Ninguém ganha nada sozinho — destacou.
É com este otimismo que ele não vê desvantagem se, por ventura, os brasileiros tiverem pela frente seleções como Alemanha e Holanda:
— Não adianta escolher adversário.
O companheiro de Romário no ataque de 1994 apenas faz coro ao que já disse o ex-capitão e pentacampeão do mundo Cafu sobre o Brasil estar bem, ter adquirido moral com a campanha das Eliminatórias e ter retornado ao topo do ranking da Fifa.
— O que está acontecendo prova maturidade do time de Tite. Aprecio muito o trabalho dele e quem vier contra o nosso time vai ter de ser batido, seja na primeira fase ou na sequência. Amadurecido, vejo o Brasil como um legítimo número um — afirmou.
Embora a fase discutida no PSG, Neymar, seja para consumo interno ou externo, está com sua imagem valorizada em Doha, rivalizando com Messi, Cristiano Ronaldo e Mbappé nos outdoors e cartazes promovendo o sorteio. Ele é o número um em importância da seleção que voltou a ser número um entre todas. O pensamento no Catar, seja por pessoas locais ou entre os estrangeiros, é que o Brasil passou a ser favorito a tudo antes até de se conhecer os companheiros de grupo.