Chegaram empolgados à Aliança Francesa, em Porto Alegre, os torcedores Les Bleus que, da capital gaúcha, empurraram a França para a vitória diante da Bélgica pela semifinal da Copa do Mundo na Rússia. Em minutos, porém, as expressões foram mudando. Do riso para o silêncio. Da alegria para a angústia.
O bom início dos belgas fez com que o único barulho na sala decorada com bandeiras tricolores viesse do telão ligado na Rede Globo. Veronique Buisson Masi, empresária de 52 anos nascida nos arredores de Paris, mas moradora de Porto Alegre desde 1990, se irritava com a pressão imposta sobre a França no início do jogo, mas permaneceu quieta, pelo menos durante a primeira meia hora de jogo.
Depois disso, Mbappé e companhia se agigantaram e empilharam gols perdidos, o que mudou a atmosfera no cantinho francês dentro de Porto Alegre.
A voz de Galvão Bueno passou a ser acompanhada por “uhhhh”. Em seguida, foi completamente abafada por berros de “goooooool” e por um ritmado “allez les bleus, allez les bleus”, cântico entoado aos 5min do segundo tempo, com o 1 a 0 para os azuis marcado de cabeça por Umtiti.
Veronique correu para abraçar o filho Victor, seu acompanhante. Em casa estavam o marido Flávio e a caçula do casal, Manon, que não sentia-se bem e por isso não foi à Aliança Francesa.
— É uma pena, ela gosta tanto — lamentou a mãe.
Dos quatro, apenas a matriarca nasceu na França, em Montmorency, mas foi na capital mais romântica da Europa que conheceu Flávio. O gaúcho estava em Paris fazendo curso de agronomia. Apaixonaram-se e um ano depois ela estava morando em Porto Alegre com ele.
— Eu vim para o Brasil atrás de um gaúcho e agora amo esse país. Fiz minha vida aqui — brinca.
No grupo, que saiu da Aliança Francesa ainda mais empolgado do que quando chegou, também estavam outros franceses e brasileiros estudantes da língua estrangeira, que se uniram para apoiar a seleção vestida de azul nesta terça-feira.