Sou gremista de ir de trem para o estádio. Brinco sempre no Bola nas Costas, programa que integro na Rádio Atlântida, que o meu negócio é girar a catraca. Isso, inclusive, virou um apelido por parte da audiência: o CatracAdams. Eu me divirto e compro a ideia.
Aqui no Catar, resolvi girar a catraca. Ando de trem, vou aos estádios e caminho pelas ruas. Acredito numa frase que tenho tatuada no meu braço direto, que diz "tênis sujo, histórias limpas".
Tenho caminhado, em média, de 28 a 30 mil passos diariamente. Uma verdadeira loucura, principalmente no arrancar do dia. A temperatura às 11h pode chegar a 35ºC. Mas não é aquele calor insuportável ao qual nos acostumamos em Porto Alegre. É muito pior. Doha foi erguida em cima de um deserto. A boca seca, a garganta pesa. Em 15 minutos de caminhada sinto a mesma sensação de sair da praia no final do dia.
Porém, entretanto, todavia. Isso só me motiva mais a ir em busca do inusitado. Nesta terça-feira (22), resolvi viver os quatro jogos da Copa. Mas por qual motivo "viver"? Ao contrário do que a organização blefou, é impossível assistir a quatro partidas no mesmo dia. O metrô é ultramoderno, as estações gigantescas, mas os acessos à elas foram pessimamente planejados.
Fui logrado
Fico pasmo em imaginar que uma cidade que sonha em ser a meca dos eventos no mundo, não se preparou com coisas básicas. Bastava uma visita à Nova York. No Sala de Redação, o Potter falou sobre a Penn Station, em frente ao Madison Square Garden. Ela deveria ser modelo para as estações da capital do Catar. Cheguei aos estádios, mas não assisti todas as partidas. Fui logrado.
Existe uma boa vontade no Catar. Mas de boa vontade o mundo está cheio. O que falta é mais tênis sujo e histórias limpas.