A segunda etapa da Stock Car, neste domingo, no Velopark, será a primeira grande prova de automobilismo no Rio Grande do Sul após o acidente fatal sofrido por Rommel Toscan no último dia 20 de março. E apesar de o principal campeonato de automobilismo do Brasil não ter muitas semelhanças com o Gaúcho de Marcas e Pilotos – competição que era disputada por Toscan no Autódromo de Tarumã –, a segurança é sempre um assunto presente nos boxes.
Pilotos da Stock Car com experiência internacional já manifestaram diversas vezes sua preocupação com a situação dos circuitos pelo País. Se a situação no Velopark, em Nova Santa Rita, é considerada boa – o autódromo é o segundo mais novo do Brasil, atrás apenas da nova pista de Curvelo, em Minas Gerais –, há muitos locais que não contam com o mesmo padrão de cuidado. E Tarumã, considerada a pista mais veloz do País, é um destes.
– A situação de muitas pistas deixa a desejar. Como é o caso de Tarumã: as áreas de escape são pequenas, o gramado é desnivelado em algumas partes, e isso complica na questão de segurança – diz Max Wilson, piloto da Eurofarma RC, campeão da Stock em 2010 e com experiências como piloto de testes da Williams na Fórmula-1 e na extinta Champ Car, nos Estados Unidos.
– Além disso, muita gente tem tratado o automobilismo como hobby. Não estou dizendo que é o caso do piloto que se acidentou em Tarumã, mas o fato é que é muito simples tirar uma carteira de piloto no Brasil. Não são exigidos muitos testes. Aí você tem, nestas categorias menores, pilotos sem muita experiência, autódromos com pouca manutenção e também carros que não são tão seguros – complementou Wilson, que venceu uma das baterias no Velopark em 2015.
A própria Stock Car precisou passar por um processo focado na segurança há cinco anos. Em 2011, o paulista Gustavo Sondermann morreu após um acidente em Interlagos, na Copa Montana, antiga categoria inferior do campeonato. O episódio fez com que os carros ganhassem reforços nas laterais, para evitar problemas graves em batidas com outros carros – como foi o caso de Sondermann, atingido após bater na Curva do Café do autódromo paulista. Ainda assim, há sempre conversas entre os pilotos para falar da segurança.
– Nós tivemos mudanças na Stock, e hoje os carros são mais seguros. Mas automobilismo é sempre um esporte de risco, então temos de fazer o máximo para diminuir os riscos. É preciso cuidar dos autódromos e dar preparação aos pilotos, além de avaliar os carros, que muitas vezes não são fiscalizados. Tudo tem de ser cuidado: os cintos de segurança, os capacetes, as gaiolas internas, e muitas vezes ninguém vê se isso está em ordem – destaca Ricardo Maurício, dono de dois títulos na Stock Car (2008 e 2013) e com experiência na Europa.
Os dois pilotos falaram também sobre as expectativas dentro das pistas. E a competitividade da Stock Car, com corredores do quilate de Rubens Barrichelo, Cacá Bueno e Luciano Burti, é um dos pontos que torna a categoria tão disputada, na visão de Maurício e Wilson.
– Hoje os carros têm vários componentes iguais. São as mesmas molas, amortecedores, o câmbio atrás do volante também tornou tudo parecido. Isso faz com que todo mundo seja competitivo – disse Ricardo Maurício.
– A categoria é muito competitiva. A gente vê que a disputa é muito intensa. Mas nosso carro mostrou bom desempenho na primeira prova, e isso é algo bom para a temporada – ressaltou Wilson.
Depois da prova de duplas em Curitiba, que abriu o calendário da Stock Car, o Velopark recebe a primeira etapa "real" da temporada. O circuito gaúcho recebe a primeira prova com duas baterias deste ano, formato que aumentou a competitividade da categoria nos últimos campeonatos.
Neste domingo, os portões abrem às 7h, e a partir das 8h45min haverá carros na pista: primeiro com a F-3 Brasil, e depois com a Copa Petrobrás de Marcas, às 10h05min. A primeira bateria da Stock começa às 13h, e a segunda às 14h10min.
*ZHESPORTES