Uma das corridas com maior número de troca de posição dos últimos anos marcou neste domingo (13) a vitória de Régis Boessio na oitava etapa do Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck. Único representante do Rio Grande do Sul na categoria, o piloto da ABF Desenvolvimento Team foi saudado com uma grande festa pelos mais de 40 mil torcedores gaúchos que acompanharam o Grande Prêmio Aurélio Batista Félix em Guaporé (RS).
Foi a segunda vitória de Boessio na categoria e na carreira - a primeira aconteceu na terceira etapa da atual temporada, em Caruaru (PE). O resultado permitiu-lhe saltar do sexto lugar para a vice-liderança do campeonato com 98 pontos, a 28 do líder pernambucano Beto Monteiro, da Scuderia Iveco, terceiro colocado na corrida deste domingo no Autódromo Internacional Dr. Nelson Luiz Barro - as duas etapas finais terão 64 pontos em disputa.
"Estou sem palavras, ganhar uma corrida da Truck em Guaporé, com a minha família e os meus amigos todos aqui, me apoiando, é algo indescritível. Só tenho a agradecer a todos os patrocinadores, a todos os que me apoiam", declarou o gaúcho, emocionado. "A minha meta desde o início do ano é de ser um dos três primeiros no campeonato, eu precisava disso. Estava batendo na trave há tempo. Dedico a vitória à minha família", acrescentou.
Quatro pilotos lideraram a corrida deste domingo em Guaporé. O pole-position Paulo Salustiano, até abandonar na sétima volta; Monteiro, da oitava à 11ª; o paulista Djalma Fogaça, da Ford Racing Trucks/72 Sports, da 11ª à 25ª; e Boessio, que assumiu a liderança com uma manobra diante dos milhares de espectadores acampados no trecho da curva do Radiador e levando a torcida a comemorar com o canto de guerra "ah!, eu sou gaúcho".
O paulista Felipe Giaffone, da RM Competições/MAN Latin America, foi o segundo colocado. Monteiro terminou em terceiro e valeu-se dos problemas mecânicos do paranaense Leandro Totti, companheiro de equipe de Giaffone e vice-líder da temporada até então, para ampliar sua vantagem na pontuação. Fogaça, quarto colocado, e o também paulista André Marques, outro piloto da RM/MAN Latin America, quinto, completaram a formação do pódio.
Sete competidores mantêm chances matemáticas de conquista do título. Monteiro, que chegou a Guaporé com 14 pontos de vantagem, passa a ter 28 - chegou aos 126 pontos, contra 98 de Boessio. O brasiliense Geraldo Piquet, da ABF Santos Desenvolvimento, terminou a corrida em sétimo e foi a 98. A lista inclui ainda Totti, com 90, Giaffone, com 85, o paranaense Wellington Cirino, companheiro de equipe com Piquet, com 82, e Salustiano, com 78.
A CORRIDA
Na largada, o pole Paulo Salustiano manteve-se à frente, assumindo a linha interna da pista. Felipe Giaffone, terceiro no grid, emparelhou com Beto Monteiro - os dois contornaram quatro curvas lado a lado e, na curva do Túnel, chegaram a tocar seus caminhões. Na curva do Radiador, Leandro Totti, tentou superar Giaffone pelo lado externo da pista e escapou para a grama, voltando ao quinto lugar que ocupava no grid.
Valmir Benavides também saiu da pista e bateu na mureta de proteção. O incidente com Benavides, motivado por um toque na traseira de seu Iveco e que tirou-o da prova, determinou a primeira intervenção do Pace Truck no GP Aurélio Batista Félix. A relargada foi dada depois de três voltas, com Salustiano abrindo vantagem. O gaúcho Régis Boessio, quarto, tentou superar Giaffone, mas acabou perdendo posição para Totti.
Na mesma volta, Totti, precisando de reação no campeonato, assumiu a terceira posição, superando o companheiro de equipe Giaffone e aumentando sua pressão sobre Monteiro, seu adversário direto na luta pelo título. O piloto pernambucano da Scuderia Iveco, ao mesmo tempo em que diminuía a sua desvantagem em relação a Salustiano, via pelos retrovisores a aproximação de Totti, até então autor da volta mais rápida da etapa.
A quarta volta marcou a ultrapassagem de Djalma Fogaça sobre Boessio no duelo que, àquela altura, valia o quinto lugar - passou a ser o terceiro na sexta volta, já tendo estabelecido a volta mais rápida, quando Totti e Salustiano tiveram problemas e tomaram o caminho dos boxes. Totti enfrentou problemas com a mangueira do turbo e voltou, duas voltas depois; Salustiano teve de abandonar com a quebra do cardã de seu caminhão Mercedes-Benz.
Fogaça, na abertura da oitava, assumiu o segundo lugar após contornar a primeira sequência de curvas pelo lado de fora, lado a lado com Giaffone. A tentativa de tomar a liderança de Monteiro esbarrou na presença de Totti, que voltou dos boxes logo à sua frente. A intervenção programada do Pace Truck a um terço de prova permitiu a Totti, que também já havia superado Monteiro, reduzir sua desvantagem para uma volta.
Logo após a nova relargada, o goiano Rogério Castro abandonou com problemas no caminhão número 30 da ABF/Volvo. A abertura da 11ª volta foi marcada pela ultrapassagem sobre Monteiro que valeu a liderança a Fogaça. Boessio, também na 11ª volta, ultrapassou Giaffone e assumiu o terceiro lugar. O caminhão de André Marques, então em quinto lugar, trazia junto à grade de refrigeração um pedaço de carenagem de outro caminhão.
Com problemas mecânicos, Edu Piano abandonou a corrida na 13ª volta. A essa altura, Marques recebia forte pressão do italiano Alex Caffi, que buscava seu segundo pódio na temporada de estreia. Caffi e o goiano Leandro Reis abandonaram a etapa na 16ª volta. O Iveco de Caffi apresentou pane no sistema de turbina; o Scania de Reis apresentou falha na bomba de óleo e o piloto preferiu se retirar da disputa para evitar uma quebra.
Na abertura da 20ª volta, Boessio recebeu aplausos da torcida gaúcha ao se aproveitar da momentânea perda de trajetória de Monteiro, na entrada da reta dos boxes, para assumir a segunda posição. Giaffone, o quarto, também superou o piloto pernambucano. Fogaça liderava a corrida com vantagem de dois segundos e seis décimos, que caiu a menos de um segundo na 23ª volta - do primeiro ao quarto, a diferença era de três segundos.
Fogaça e Boessio completaram a 24ª volta a menos de dez minutos da bandeirada final com seus caminhões praticamente lado a lado, separados por menos de dois décimos de segundo. A ultrapassagem aconteceu na tomada da curva do Radiador. Fogaça voltou a perder posições na abertura da 27ª volta, quando saiu da pista na entrada da reta dos boxes e foi superado por Giaffone e Monteiro, estabelecendo-se na quarta posição.
A menos de cinco minutos do fim da corrida, Giaffone tentou emparelhar seu caminhão com o do líder Boessio, que abriu a última volta um segundo e meio à frente de Giaffone. Monteiro, Fogaça e Marques completaram a festa no pódio. Marques recebeu a bandeirada final menos de dois décimos de segundo à frente do paranaense Diogo Pachenki, o sexto. Depois de 31 voltas válidas, o resultado final do GP Aurélio Batista Félix em Guaporé foi o seguinte:
1º) Régis Boessio (RS/Mercedes-Benz), ABF Desenvolvimento Team, 1h00min07s459
2º) Felipe Giaffone (SP/MAN), RM Competições-MAN Latin America, a 1s369
3º) Beto Monteiro (PE/Iveco), Scuderia Iveco, a 2s622
4º) Djalma Fogaça (SP/Ford), 72 Sports/Ford Racing Trucks, a 3s149
5º) André Marques (SP/MAN), RM Competições-MAN Latin America, a 19s667
6º) Diogo Pachenki (PR/Mercedes-Benz), ABF Racing Team, a 19s852
7º) Geraldo Piquet (DF/Mercedes-Benz), ABF Santos, a 20s199
8º) Wellington Cirino (PR/Mercedes-Benz), ABF Santos, a 20s845
9º) Alberto Cattucci (SP/Volvo), ABF/Volvo, a 25s656
10º) João Marcos Maistro (PR/Volvo), Clay Truck Racing, a 34s351
11º) Débora Rodrigues (SP/MAN), RM Competições-MAN Latin America, a 42s655
12º) Jansen Bueno (PR/Volvo), DB Motorsport, a 1 volta
13º) Ronaldo Kastropil (SP/Scania), Ticket Car Corinthians Motorsport, a 1 volta
14º) Raijan Mascarello (MT/Ford), 72 Sports/Ford Racing Trucks, a 1 volta
15º) Roberval Andrade (SP/Scania), Ticket Car Corinthians Motorsport, a 1 volta
16º) Leandro Totti (PR/MAN), RM Competições-MAN Latin America, a 4 voltas
17º) Luiz Lopes (SP/Iveco), Lucar Motorsports, a 7 voltas