Setor aquecido da economia brasileira, a construção civil é uma das áreas que intensificam a demanda por engenheiros civis no Brasil. A série Por Dentro da Carreira visitou, na companhia dos vestibulandos Lucas de Souza Franco, 19 anos, Taíse Dalmás, 19 anos, e Felipe Gonzatti, 17 anos, um empreendimento imobiliário que está sendo erguido na área onde ficava o antigo estádio dos Eucaliptos, do Internacional.
No campo de obras, os estudantes conversaram com os engenheiros civis Leonardo Conti, 28 anos, um dos responsáveis pela obra, e Fernando Schnaid, 56 anos, professor do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Entre as dúvidas, questões sobre a rotina profissional, a inserção das mulheres na área e aptidões recomendáveis aos acadêmicos.
As dúvidas dos estudantes
Perfil do aluno
De acordo com o engenheiro Leonardo Conti, é fundamental que o aluno tenha vontade de estudar e aprender. O professor Fernando Schnaid lembra que é necessário dominar conhecimentos de matemática, física e computação. Por se tratar de uma área interdisciplinar, é importante saber trabalhar em equipe e ter capacidade de liderá-la, para conduzir um projeto corretamente. Schnaid ainda reforça a necessidade de o aluno estar aberto a seguir estudando depois de formado:
- Como as tecnologias mudam constantemente, a formação continuada é uma necessidade.
Saber desenhar
Ser bom de traço não é um requisito fundamental para o engenheiro civil. Mais do que desenhar, o profissional precisa compreender os projetos. Hoje, também se usa muito recurso gráfico produzido em computador.
- Eu praticamente não desenho, já pego o projeto pronto - diz Conti.
Mulheres na Engenharia
Tradicionalmente um campo de trabalho masculino, a Engenharia Civil forma mais mulheres a cada ano, de acordo com o professor da UFRGS Fernando Schnaid. Segundo Conti, esse aumento da presença feminina no meio acadêmico já se reflete no mercado, e as engenheiras recebem o mesmo respeito dos profissionais do gênero masculino:
- Em um ambiente de obra, a maioria é de homens. Mas já há muitas mulheres trabalhando em projetos e como responsáveis por empreendimentos.
Engenheiros e arquitetos
Engenharia e Arquitetura são áreas irmãs, por isso, têm pontos em comum. Porém, há questões em que os profissionais dessas duas áreas se separam:
- A Arquitetura está mais voltada ao desenho, com o objetivo de harmonizar espaços internos, integrando-os ao ambiente construído.
A Engenharia se preocupa mais com a estrutura, em fazer um conceito virar produto construído. As duas áreas, ressalta Schnaid, exigem um forte domínio de sistemas construtivos e de elaboração de projetos.
Evasão
Formar-se em Engenharia Civil não é tarefa das mais simples. Segundo o professor Schnaid, a maior parte das desistências entre os alunos ocorre nos primeiros anos da graduação, quando o curso é bastante focado em matemática, física e computação.
- É uma carreira difícil, que envolve uma série de conhecimentos de diversas áreas, como Design, para a elaboração de um produto, legislação, para seguir normas na elaboração e construção, mercado e economia, para saber como vender esse produto - diz Schnaid. Apesar das dificuldades, ele ressalta que se trata de um campo instigante.
Onde trabalha
O engenheiro pode ser empregado ou ter seu próprio negócio. Em geral, são funcionários de empreiteiras, construtoras, empresas de projetos ou de instituições que financiam obras.
- Passo os dias na obra, mas 70% do tempo estou no escritório, resolvendo problemas administrativos. Nos outros 30%, estou na própria construção, supervisionando. Não sei levantar uma parede, mas sei como ela tem de ser feita para ficar boa - explica Conti.
Pergunta à distância
A estudante de 15 anos Andressa Fernanda Deppner mora em Santa Rosa e não pôde acompanhar a visita em Porto Alegre, mas enviou uma pergunta: "Depois de formada, como posso trabalhar para o Governo Federal?".
- É necessário ser aprovado em um concurso público. Há diversos órgãos públicos nas áreas de infraestrutura e de planejamento que têm vagas para engenheiros civis - explica Schnaid.