Um projeto da prefeitura de Camaquã, no sul do Estado, que prevê o fechamento de três escolas municipais vem mobilizando pais de alunos de áreas rurais da região. O município ainda estuda quais instituições deixarão de funcionar, mas o objetivo do executivo é separar o ensino em "escolas polo" já a partir do início do ano letivo de 2023. Segundo a prefeitura, a modalidade ofereceria atividades extracurriculares e maior infraestrutura, dividindo as escolas por núcleos.
Cinco instituições estão entre as três que correm risco de fechar: as escolas de Ensino Fundamental João Beckel — na localidade da Querência, com 94 alunos —, Rui Barbosa — na localidade da Chácara Velha, com 102 alunos —, Sylvio Luiz — na localidade da Vila Aurora, com 112 alunos, que integram o chamado núcleo 1 —, além das escolas Otto Laufer e Vicente Garcia — ambas na localidade do Bonito com 151 e 136 alunos, respectivamente, que integram o núcleo 2.
O projeto vem recebendo críticas dos pais dos estudantes. Uma das escolas com maior mobilização, a EMEF Sylvio Luiz, fica em uma área central da Vila Aurora, mais próxima do centro da cidade. Na última quinta-feira (21), houve um protesto em frente ao local pedindo que o funcionamento fosse garantido.
A agricultora Suelen Batista é uma das mães que luta para o não fechamento da escola da sua filha, de 4 anos. Um dos principais problemas, segundo ela, será a questão logística, já que grande parte dos alunos vivem próximo das atuais escolas.
— As estradas do interior são péssimas. Os alunos muitas vezes, em dias de chuva, não conseguem chegar até a escola pois o ônibus atola. Como é que a gente vai botar nossos filhos para estudar ainda mais longe? — reclama Suelen, que ainda argumenta que hoje cerca de um terço das crianças consegue ir às aulas a pé. Entretanto, a prefeitura garante que haverá transporte escolar para todos.
Um dos principais argumentos contrários ao novo modelo é a possibilidade de superlotação das instituições que forem acolher os estudantes. O município afirma que não será necessário realizar obras de ampliação em nenhum local.
A também agricultora Sônia Mara Tessmann, que tem dois filhos matriculados na Sylvio Luiz, considera que haverá uma falta de espaço nas salas com a nova organização.
— Vai ser uma escola superlotada. Aqui na nossa região são 3 escolas e tudo vai para uma, isso dá mais ou menos 300 alunos e um local que comporta três vezes menos hoje. A gente tá muito preocupado — salienta.
Através da assessoria de imprensa, a prefeitura de Camaquã declarou que o estudo feito já considera os locais aptos para comportar a nova estrutura. A decisão ainda está tramitando na secretaria municipal e deve ser oficializada nas próximas semanas.
Entre os motivos que justificam o fechamento está o declínio no número de alunos de escolas em regiões rurais. Conforme dados do executivo da cidade, a quantidade de estudantes em áreas afastadas da cidade caiu de 2.300 para 1.700 entre 2010 e 2022.
Após fechar as portas, as escolas não deverão ser demolidas. A promessa da prefeitura é utilizá-las no oferecimento de outros serviços, como nas áreas da saúde e assistência social.