O que poderia ser visto como um movimento importante de retomada tem, em vez de trazer alívio, levado preocupação a muitos pais, alunos e professores pelo mundo. Com o início do segundo semestre, a dúvida que vem acompanhando todos os envolvidos na educação presencial desde a suspensão da ida às creches, escolas e universidades voltou com força: afinal, é hora ou não de retomar o ensino nas salas de aula?
Longe de um simples sim ou não, a resposta – se ao menos for possível apontar alguma – passa por mais do que decisões unilaterais, sejam elas do governo ou de instituições de ensino. A retomada depende, também, da situação do contágio por coronavírus, das considerações de profissionais da saúde e da própria vontade das famílias e dos estudantes.
Unânime, mesmo, só a indicação de que serão necessários muitos cuidados para que seja possível ter aulas presenciais em um futuro próximo. Mesas e cadeiras distantes umas das outras, cantinas fechadas, turmas reduzidas e nada de compartilhar material serão algumas orientações a serem seguidas em um esquema inicialmente híbrido, com uma parte do ensino continuando remotamente, em casa.
Mesmo em países que já autorizaram a volta das aulas presenciais, o retorno não tem sido fácil. França e Coreia do Sul reabriram escolas, mas logo depois tiveram de fechar algumas delas por conta de novos focos de covid-19. Em Senegal, o início das aulas, previsto para junho, foi cancelado poucas horas depois do anunciado regresso às aulas para centenas de milhares de estudantes, sendo posteriormente remarcado.
No Reino Unido, menos da metade dos alunos esperados apareceu na primeira semana de volta às aulas. Em Cingapura, estudantes precisam higienizar os próprios lugares e fazer um caminho pré-determinado até suas salas de aula.
O que é jornalismo de soluções, presente nesta reportagem?
É uma prática jornalística que abre espaço para o debate de saídas para problemas relevantes, com diferentes visões e aprofundamento dos temas. A ideia é, mais do que apresentar o assunto, focar na resolução das questões, visando ao desenvolvimento da sociedade.
O ministro da Educação francês, Jean-Michel Blanquer, disse que se tratava de uma "emergência social" colocar os jovens de volta nas escolas, pelo medo de que uma parcela dos alunos não conseguisse concluir os estudos ou evadisse, criando "uma geração perdida de crianças que foram impedidas por meses de frequentar a escola".
No relatório "Estratégias para a Reabertura de Escolas", Unicef, Unesco, Banco Mundial e o Programa da ONU para Alimentação afirmam que "quanto mais tempo as crianças marginalizadas ficarem fora da escola, menor é a probabilidade de que retornem. Crianças de lares mais pobres já têm cinco vezes mais probabilidade de não estar na escola primária, em comparação com lares mais ricos. Ficar fora da escola também aumenta o risco de gravidez na adolescência, exploração sexual, casamento infantil, violência e outras ameaças".
Duas pesquisas publicadas no início do mês na revista científica "The Lancet Child & Adolescent Health" apontam que uma das formas de garantir que não haja uma "segunda onda" de contaminação pelo coronavírus após a reabertura das escolas é fazer testes diagnósticos e, depois, rastreamento de contatos para isolar e tratar quem estiver infectado – quanto maior o rastreamento, menor a necessidade de testagem.
* Com informações da Agência Brasil